Quando a estatueta foi entregue a primeira vez, ainda não tinha nome e a festa de entrega não tinha a dimensão da entrega atual. Era o ano de 1929 e apenas um prêmio dado pela
Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, fundada dois anos antes da primeira premiação, por 36 personalidades do ramo.
A sugestão de que houvesse um prêmio, foi dada pelo produtor Louis B. Mayer, durante o jantar que reuniu 300 pessoas, para comemorar a fundação da Academia, com a intenção de estimular e melhorar a criatividade cinematográfica.
Jantar de inauguração da Academia no Biltmore Hotel - clique na imagem para ampliarCedric Gibbons, cenógrafo e diretor de arte da Metro, desenhou numa toalha de mesa a figura de um homem segurando firmemente uma espada. Aprovado o desenho, a estatueta foi esculpida por George Stanley. Tinha 25cm de altura, era feita de estanho e bronze, folheada a ouro e pesava 3,5 quilos.
Quanto à origem do nome da estatueta, batizada somente em 1931, a versão mais conhecida conta que a bibliotecária da academia, Margaret Herrick, teria comentado junto à um repórter, que a estatueta era igual ao seu Tio Oscar. Anos mais tarde, a academia desmentiu a secretária e de acordo com outra versão, foi a atriz Bette Davis que teria feito alusão a um ex-companheiro.
Apenas 250 pessoas compareceram à primeira cerimônia de premiação, apresentada por Douglas Fairbanks e Willian C. De Mille, respectivamente presidente e vice-presidente da academia, que premiou os melhores de 1927 e 1928.
"Asas", aventura ambientada na Primeira Guerra, recebeu o primeiro prêmio de melhor filme. Foi o único filme mudo a ganhar a distinção. Franz Borzage foi o melhor diretor. O Oscar para melhor diretor de comédia, atribuído naquele ano, foi para Lewis Milestone, que derrotou Ted Wilde e... acredite, Charles Chaplin.
O alemão Emil Jannings foi escolhido melhor ator, porém desiludido com Hollywood, já havia regressado à sua terra natal. A melhor atriz foi Janet Gaynor, que atuou no filme "Aurora", também Oscar de melhor fotografia e um especial, de qualidade artística, para a Fox.
Janet Gaynor primeira Melhor Atriz premiada com OscarDentre os filmes premiados desde 1929, "O poderoso Chefão" chega a ser unanimidade pelo público e crítica, como obra-prima cinematográfica - o que não podemos dizer de alguns premiados, que arrebanharam prêmios não merecidos.
Este ano, a sorte está lançada e a Academia recupera a tradição dos anos 40 de indicar 10 concorrentes ao Oscar para melhor filme. O meu palpite é que "Avatar" será a grande zebra, espero! Assisti e achei pretensioso o merecimento para tantas indicações. Enfim!
A
Vanessa convidou seus leitores a falar sobre qualquer filme, que já tenha sido premiado pela academia e me deu, particularmente a oportunidade de falar de um ator/cantor, mas daí pensei melhor e vi que apesar da especialidade, do meu outrora escolhido, retrocedi, refleti e concluí: Vilão meigo só existiu um!
Só deu Brando no ano de 1972. O ator que vinha de uma fase de ostracismo, brilhou nas telas em dois filmes que dariam o que falar por anos a fio: "O Poderoso Chefão" e "O Último Tango em Paris" - o primeiro, por sua interpretação brilhante de um chefão da máfia e o segundo, pela polêmica em torno do jogo de sedução e sexo que protagonizou em parceria com Maria Schneider.
Baseado no livro do escritor Mário Puzo e dirigido por Francis Ford Coppola, "O Poderoso Chefão" bateu em apenas nove meses o recorde de bilheteria de "...E o vento levou", que já durava mais de 30 anos. Em dois anos e meio, arrecadou US$330 milhões. Deste total, o vantajoso contrato de Marlon Brando lhe rendeu mais de US$20 milhões. Merecidos.
Parte do sucesso do filme se deve à sua atuação, vencedora de um Oscar, o segundo de sua carreira - que ele, aliás, não foi receber. Em protesto contra a situação dos índios americanos, mandou em seu lugar uma jovem índia apache. Das dez categorias a que foi indicado, "O Poderoso Chefão", levou mais duas estatuetas: de filme e de roteiro adaptado, este de Copolla e Puzo.
O filme de Copolla mergulha na estrutura familiar dos imigrantes italianos que formaram uma poderosa rede de crime organizado nos Estados Unidos - praticamente a metáfora de uma grande empresa na economia de livre mercado, com suas estratégias de guerra e competição acirrada.
Por mais de três horas, nada cansativas, a saga da família Corleone é narrada de forma violenta, tensa, com ótimos desempenhos de Brando, Al Pacino, James Caan e Robert Duvall. Para interpretar Don Vito Corleone, Brando fez implantes na boca para aumentar seu queixo e criou um voz rouca e baixa para caracterizar o personagem. Pacino é o protagonista das continuações - a primeira de 1974, ótima! A segunda, de 1990, bem inferior aos outros dois filmes.
"O Último Tango em Paris" provocou uma repercussão pelo roteiro ousado do que por outros méritos. No filme de Bernardo Bertolucci, Brando é um americano frustrado e solitário que se encontra casualmente com uma jovem francesa, sem preconceito, num apartamento à venda em Paris. Ela, às vésperas de se casar e ele, recém-viúvo. Dois polos que em três dias se encontram e fazem as maiores estripulias sexuais no imóvel vazio - numa cena célebre da maratona sexual, chegam a usar manteiga de modo pouco ortodoxo.
A paixão clandestina provocou reações explosivas em todo o mundo e fez com que, durante anos, a obra permanecesse na fronteira da arte com a pornografia. Bertolucci, então com 31 anos, foi processado por atentado à moral, mas acabou absolvido pela justiça francesa.
No Brasil, o filme foi proibido por sete anos, até ser liberado sem os cortes da censura militar. A cena da manteiga já não chocava ninguém.
Aos interessados em compreender o filme - a cena da manteiga é fundamental - mas não se prenda as coisas impensáveis que Marlon Brando, fez com o tablete de manteiga, pense no que o personagem fala durante a cena, entre elas:
"Vou falar-lhe de segredos de famíla, essa sagrada instituição que pretende incutir virtude em selvagens. Repita o que vou dizer: sagrada família, teto de bons cidadãos. Diga! As crianças são torturadas até mentirem. A vontade é esmagada pela repressão. A liberdade é assassinada pelo egoísmo. Família, porra de família!"O que fica para nós espectadores, são os clamores, sussurros solitários ou não, diante de uma grande cena e a viagem destino que a verdadeira matéria-prima da arte cinematográfica nos tira do corpo.
Saber também que George Lucas foi um dos assistentes de Coppola, não tem preço e é animador!
Boas escolhas!
[update]
Veja a lista completa de vencedores do Oscar 2010;
A grande zebra da noite;