Pipoca com Pimenta
O Márcio Pimenta lançou o seu próprio "meme" - Pipoca com Pimenta, que consiste em escolher um tema de filme, com sugestões de titulos para os leitores, quantos quiser, mas não menos que dois e que fizeram você pensar sobre o assunto;
"filmes que fizeram você perceber o quanto o tema é importante para você e que de alguma forma lhe acrescentou algum valor. Pode ser sobre amor, viagens, trabalho, casamento, poesia, política, etc. O tema é livre! Atenção, não basta indicar, tem que comentar sobre os filmes, lembre-se que seus leitores poderão estar interessados em suas opiniões".
"filmes que fizeram você perceber o quanto o tema é importante para você e que de alguma forma lhe acrescentou algum valor. Pode ser sobre amor, viagens, trabalho, casamento, poesia, política, etc. O tema é livre! Atenção, não basta indicar, tem que comentar sobre os filmes, lembre-se que seus leitores poderão estar interessados em suas opiniões".
Qual é mesmo o caminho de Swann?
"E Swann, que com uma duquesa era descuidado e simples, dava-se ares e tinha medo de se ver desprezado quando tinha diante de si uma criada" Marcel Proust in Um Amor de Swann, 1913
Nenhum cineasta francês teve peito para encarar Marcel Proust. O monumento nacional deixado pelo escritor asmático - sete parrudos volumes de "Em busca do tempo perdido", publicados entre 1913 e 1927 - havia sido rondado apenas por estrangeiros: Luchino Visconti, italiano - Joseph Losey, americano - Peter Brooks e Harold Pinter, ingleses.
Por uma razão ou por outra, todos desistiram. E a primazia de adaptar Proust para o cinema ficou logo com um alemão: Volker Schloendeorff, diretor de "O tambor" (1979), palma de ouro em Cannes e Oscar de melhor filme estrangeiro.
"Um amor de Swan" condensação de um capítulo do primeiro volume de "A procura" - Estrelado por Jeremy Irons (como Charles Swann), pela italiana Ornella Mutti (Odette de Crécy) e, apenas em papéis coadjuvantes, por dois franceses, Alain Delon (Barão de Charlus) e Fanny Ardant (Duquesa de Guermantes).
Claro que "Um amor de Swann" foi discutido na França como se fosse o quinto evangelho!
A polêmica, contudo, não conseguiu apagar o brilho do filme, cujo roteiro (de Peter Brooks e Jean-Claude Carrière) e fotografia (de Sven Nykvist, colaborador habitual de Bergman), possibilitaram a Schloendorff respeitar Proust no que ele tem de mais essencial: o Clima. Se pouco acontece, muito é dito.
Vocês podem escolher entre ler Proust ou assistir o filme. Para constar: "Um Amor de Swann" é a segunda e autônoma parte de "No Caminho de Swann", primeiro dos sete volumes do monumental romance.
"A imobilidade das coisas que nos cercam talvez lhes seja imposta por nossa certeza de que essas coisas são elas mesmas e não outras, pela imobilidade de nosso pensamento perante elas" Marcel Proust in Um Amor de Swann, 1913
Talvez o sonho estivesse na América
"Era uma vez na América", último filme do mestre italiano Sergio Leone, é uma obra-prima. De verdade mesmo. É um daqueles filmes que pode ser lido de várias maneiras, cada uma delas garantindo uma leitura inesquecível: Uma história de amor, um drama sobre amizade e traição, uma saga de gângsteres com conteúdo social, um violento pesadelo sobre o sonho americano. E também, no meio de tudo isso, um grande filme sobre imigrantes.
O bom é justamente Sérgio Leone não falar do fenômeno de imigração européia para os EUA, que atingiu o auge na primeira década do século XX. Não há nada de chato ou sociológico no filme, que não traz longos planos de navio despejando gente nos portos.
Em a ajuda de uma excelênte reconstituição de época, Leone só acompanha alguns filhos de famílias judias européias que no início do século se viram num admirável mundo novo, ou seja, o Lower East Side, Nova York.
Seus personagens são garotos pobres que, na nova terra de oportunidades, agarram a deles: Acabam por se tornarem poderosos criminosos nos anos 30, aproveitando-se da lei seca para distribuir bebidas ilegalmente. E, passada a euforia do seu período de glória criminosa, seguem diferentes rumos até os anos 60.
Na obra mais pessoal e ambiciosa de sua carreira, o diretor-roteirista Sergio Leone conta a história de dois melhores amigos e parceiros no crime (interpretados por Robert de Niro e James Woods), sem esquecer que eles são gente como a gente. Tudo muito diferente do clima que cerca a besta-fera italiana interpretada por Paul Muni no "Scarface" de 1932, ou o cubano viciado em poder e cocaína que Al Pacino viveu no "Scarface" refilmado por Brian de Palma, em 1983 - para citar só dois exemplos famosos de imigrantes criminosos.
Leone se limita a mostrar na tela os sonhos, ambições, esperanças e realizações de um grupo que tenta ganhar a vida numa terra nova e diferente. Por acaso, ao invés de se tornarem joalheiros ou donos de loja de penhores, os imigrantes de "Era uma vez na América" viraram bandidos - o que faz um filme ficar muito mais interessantes. Na vida real, isso não procede.
A trilha sonora é maravilhosa, vale comprar a trilha à parte ou download via Bittorrent.
E quando encontramos o sonho, não sabemos lidar com ele e o destruímos?
Na década de 20 e 30, o Harlem abrigava mistura de artistas extra-classe e bandidos de elite. O Cotton Club sintetizava esse estranho amálgama: no palco, a nata da música e da dança, como Duke Ellington, Louis Armstrong e Lena Horne e o sapateador Bill Robinson. Todos negros. Na platéia, alguns dos mais violentos mafiosos americanos, com Lucky Luciano e Dutch Schultz, e astros consagrados de Hollywood como Charles Chaplin e Glória Swanson. Só brancos.
Cotton Club, filme de Francis Ford Coppola que consumiu US$50 milhões, reproduz com extrema fidelidade cenográfica o sofisticado Night club e a fauna humana que desfilava por suas mesas. A excelência, no entanto, limitou-se à plástica. Coppola perdeu-se na montagem, ao optar por conduzir duas narrativas que correm paralelas - só se entrecortando uma única vez - exatamente como os mundos de brancos e negros. Resultado: conta mal e inconclusiva as duas histórias. Por isso, aconselho saber um pouco mais daquela época. Mesmo assim eu gostei muito!
Na platéia, estão o pistonista Dixie Dwyer (Richard Gere - que pode mostrar também os seus dons musicais), o próprio gângster Dutch Schultz (James Remar) e a amante deste, Vera Cícero (Diane Lane). Dixie salva Dutch de um atentado e passa a vassalo do gângster e partner de fachada de Vera. A situação lança o músico e a bela num perigoso romance.
No outro trilho, Coppola percorre palco e coxias do Night Club e capta, magnificamente a magia do Showbizz e o apartheid vigente na época. O Condutor da trama negra da história é "Sandman" Williams (Gregory Hines), um sapateador e dançarino de talento que se apaixona pela mulata Lila Oliver (Lonette Mckee). Mas namoro entre artistas era terminantemente proibido. Um sonho adiado?
Veja Uma viagem musical a era do jazz em "Cotton Club"
Quero agradecer a todos que torceram por mim e votaram no Weblog 2007. Eu não tinha pretensão de ganhar, justo porque os dois blogues que estavam à frente na votação, são blogues que lutam por causas político-sociais dentro de seus países, exemplos de formação de opinião. Os outros eu não conheço.
Nenhum cineasta francês teve peito para encarar Marcel Proust. O monumento nacional deixado pelo escritor asmático - sete parrudos volumes de "Em busca do tempo perdido", publicados entre 1913 e 1927 - havia sido rondado apenas por estrangeiros: Luchino Visconti, italiano - Joseph Losey, americano - Peter Brooks e Harold Pinter, ingleses.
Por uma razão ou por outra, todos desistiram. E a primazia de adaptar Proust para o cinema ficou logo com um alemão: Volker Schloendeorff, diretor de "O tambor" (1979), palma de ouro em Cannes e Oscar de melhor filme estrangeiro.
"Um amor de Swan" condensação de um capítulo do primeiro volume de "A procura" - Estrelado por Jeremy Irons (como Charles Swann), pela italiana Ornella Mutti (Odette de Crécy) e, apenas em papéis coadjuvantes, por dois franceses, Alain Delon (Barão de Charlus) e Fanny Ardant (Duquesa de Guermantes).
Claro que "Um amor de Swann" foi discutido na França como se fosse o quinto evangelho!
A polêmica, contudo, não conseguiu apagar o brilho do filme, cujo roteiro (de Peter Brooks e Jean-Claude Carrière) e fotografia (de Sven Nykvist, colaborador habitual de Bergman), possibilitaram a Schloendorff respeitar Proust no que ele tem de mais essencial: o Clima. Se pouco acontece, muito é dito.
Vocês podem escolher entre ler Proust ou assistir o filme. Para constar: "Um Amor de Swann" é a segunda e autônoma parte de "No Caminho de Swann", primeiro dos sete volumes do monumental romance.
"A imobilidade das coisas que nos cercam talvez lhes seja imposta por nossa certeza de que essas coisas são elas mesmas e não outras, pela imobilidade de nosso pensamento perante elas" Marcel Proust in Um Amor de Swann, 1913
Talvez o sonho estivesse na América
"Era uma vez na América", último filme do mestre italiano Sergio Leone, é uma obra-prima. De verdade mesmo. É um daqueles filmes que pode ser lido de várias maneiras, cada uma delas garantindo uma leitura inesquecível: Uma história de amor, um drama sobre amizade e traição, uma saga de gângsteres com conteúdo social, um violento pesadelo sobre o sonho americano. E também, no meio de tudo isso, um grande filme sobre imigrantes.
O bom é justamente Sérgio Leone não falar do fenômeno de imigração européia para os EUA, que atingiu o auge na primeira década do século XX. Não há nada de chato ou sociológico no filme, que não traz longos planos de navio despejando gente nos portos.
Em a ajuda de uma excelênte reconstituição de época, Leone só acompanha alguns filhos de famílias judias européias que no início do século se viram num admirável mundo novo, ou seja, o Lower East Side, Nova York.
Seus personagens são garotos pobres que, na nova terra de oportunidades, agarram a deles: Acabam por se tornarem poderosos criminosos nos anos 30, aproveitando-se da lei seca para distribuir bebidas ilegalmente. E, passada a euforia do seu período de glória criminosa, seguem diferentes rumos até os anos 60.
Na obra mais pessoal e ambiciosa de sua carreira, o diretor-roteirista Sergio Leone conta a história de dois melhores amigos e parceiros no crime (interpretados por Robert de Niro e James Woods), sem esquecer que eles são gente como a gente. Tudo muito diferente do clima que cerca a besta-fera italiana interpretada por Paul Muni no "Scarface" de 1932, ou o cubano viciado em poder e cocaína que Al Pacino viveu no "Scarface" refilmado por Brian de Palma, em 1983 - para citar só dois exemplos famosos de imigrantes criminosos.
Leone se limita a mostrar na tela os sonhos, ambições, esperanças e realizações de um grupo que tenta ganhar a vida numa terra nova e diferente. Por acaso, ao invés de se tornarem joalheiros ou donos de loja de penhores, os imigrantes de "Era uma vez na América" viraram bandidos - o que faz um filme ficar muito mais interessantes. Na vida real, isso não procede.
A trilha sonora é maravilhosa, vale comprar a trilha à parte ou download via Bittorrent.
E quando encontramos o sonho, não sabemos lidar com ele e o destruímos?
Na década de 20 e 30, o Harlem abrigava mistura de artistas extra-classe e bandidos de elite. O Cotton Club sintetizava esse estranho amálgama: no palco, a nata da música e da dança, como Duke Ellington, Louis Armstrong e Lena Horne e o sapateador Bill Robinson. Todos negros. Na platéia, alguns dos mais violentos mafiosos americanos, com Lucky Luciano e Dutch Schultz, e astros consagrados de Hollywood como Charles Chaplin e Glória Swanson. Só brancos.
Cotton Club, filme de Francis Ford Coppola que consumiu US$50 milhões, reproduz com extrema fidelidade cenográfica o sofisticado Night club e a fauna humana que desfilava por suas mesas. A excelência, no entanto, limitou-se à plástica. Coppola perdeu-se na montagem, ao optar por conduzir duas narrativas que correm paralelas - só se entrecortando uma única vez - exatamente como os mundos de brancos e negros. Resultado: conta mal e inconclusiva as duas histórias. Por isso, aconselho saber um pouco mais daquela época. Mesmo assim eu gostei muito!
Na platéia, estão o pistonista Dixie Dwyer (Richard Gere - que pode mostrar também os seus dons musicais), o próprio gângster Dutch Schultz (James Remar) e a amante deste, Vera Cícero (Diane Lane). Dixie salva Dutch de um atentado e passa a vassalo do gângster e partner de fachada de Vera. A situação lança o músico e a bela num perigoso romance.
No outro trilho, Coppola percorre palco e coxias do Night Club e capta, magnificamente a magia do Showbizz e o apartheid vigente na época. O Condutor da trama negra da história é "Sandman" Williams (Gregory Hines), um sapateador e dançarino de talento que se apaixona pela mulata Lila Oliver (Lonette Mckee). Mas namoro entre artistas era terminantemente proibido. Um sonho adiado?
Veja Uma viagem musical a era do jazz em "Cotton Club"
Quero agradecer a todos que torceram por mim e votaram no Weblog 2007. Eu não tinha pretensão de ganhar, justo porque os dois blogues que estavam à frente na votação, são blogues que lutam por causas político-sociais dentro de seus países, exemplos de formação de opinião. Os outros eu não conheço.
Muito bom este blog, depois de uma olhadinha no meu.
ResponderExcluirE uma dica, divulgue o seu blog no Brigg 1.
www.brigg1.com
Continuo encantado com este teu blog, por isso estou visitando diariamente. Beijos
ResponderExcluirContinuo encantado com este teu blog, por isso estou visitando diariamente. Beijos. O outro comentário (assinado Carlos) foi um equivoco. Esse é o verdadeiro. Beijos Caulus
ResponderExcluirO post está enorme, mas muito bom. Beijos.
ResponderExcluirSeu post de hoje é uma raridade nesse mundo de clausura virtual.
ResponderExcluirObrigado pela indicação, esta feito!
Abraços
Luma. Estou chegando a teu blog e já me identifiquei com uma coisa: a loucura por escrever! Eu também me espicho toda escrevendo. Coisa bem boa. Blog iluminado! bj
ResponderExcluirOi, minha amiga: fico muito grato pela lembrança e indicação de meu blogue, mas não posso aceitar o seu convite. Explico: só atualizo uma postagem de 7 em 7 dias. Se mudasse de assunto todo dia ou em dias alternados, ainda bem. Porém,desculpe-me... não é soberba de minha parte. Gostaria, contudo, de indicar três grandes filmes: 'Hiroshima meu amor', de Resnais, assim como tb 'Cidadão Kane', do Welles e 'Persona', do Bergman.
ResponderExcluirApenas uma indicação. Se fosse pra comentar teria de assisti-los novamente. Fica, portanto, o registro destas obras-primas do Cinema.
Repito: muito grato pela lembrança.
Um beijo de gratidão...
Ah até que enfim encontro um local para falaaaar!kkk...
ResponderExcluirLuma pq é que normalm/aparece (a mim)uma cx a dizer que internet explorer nao pode ler este site???
Queria estar a ler nas calmas todo o teu post mas isto desaparece.podes mandar-me por e-mail?Procurei onde me inscrever e nao vou a tempo...:(
Legal a idéia do márcio... Espero que saiam muitas idéias....
ResponderExcluirmemes........me lembrei que tenho que responder um!rsrs Este é bacana, diferente! Adorei os filmes...já vi são muito bons! Amei a foto do caminho de Swann...sensual e delicada!
ResponderExcluirbeijússs e bom final de semana!!
Ah, Luma! Feriado é bom demais! :-)
ResponderExcluirAqui eu sinto falta de tantos feriados... :-)))
Ps.: Otimas dicas de filme. Não os conheço e vou tentar vê-los.
Gostei das suas abordagens. O primeiro filme eu não conheço e parece ser bem interessante.
ResponderExcluirPassei pra deixar um beijo, o desejo de um bom final de semana, e te dar mais um voto. Mas hoje eu não consegui votar. Não sei porque. Amanhã tento de novo. Beijo!
Oi Luma, estou entrando devagarinho no mundo virtual; como dica de filme: Minha Vida Na Outra Vida (independente de qualquer religião)um filme emocionante!
ResponderExcluirAtravés da Grace conheci o seu Blog, e claro, votei em você.
Um abraço.
Cida Moraes
Gostei do post, que não é enorme, mas ótimo, e divulga obras que não podem ser esquecidas. Menina boa taí! :o)
ResponderExcluirÓtimo fim de semana e felizes visitas!
Pois, eu adooooro copolla, mas isso n tem nada de pseudo intelectalismo n, é que cresci assistindo mesmo!
ResponderExcluirbjusss luma!
Luma, tem um prêmio para você lá no meu cantinho.
ResponderExcluirBeijao
Passa lá no Otherside, tem um presentinho pra você!!!
ResponderExcluirBeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeijos!!!
Olá Luz,
ResponderExcluirmuito bonito suas palavras sobre a felicidade.Gostei.Quanto a foto "Swan" é muito louca, a toalha preta se fundo com o fundo, e fica um filete de luz, dando a impressão que ela está fazendo xixi sobre ele.
Imeno! Confesso que não li tudo hoje, perdão... Mas lembrei de vc lá no blog!!! Bjo!
ResponderExcluirSempre legal voltar aquí!Bj
ResponderExcluirLuma, vc. viu que o Luz tá entre os 100 melhores blogs em português. O meu tb. tá lá (nem sabia!). Sobre o AVG, desinstala e instala outro ou ele mesmo, ele é grátis. Bjs.
ResponderExcluirNunca assisti nenhum desses filmes, mesmo pq não sou muito chegada aos filmes europeus, são muito cabeça para mim kkkk
ResponderExcluirMas a fotografia desse primeiro que vc colocou está ótima
bjs
E aí menina, como estás? Voando muito? Aproveito esse teu lado radical e te convido pra participar de um meme de viagem, meu primeiro meme, na verdade, não criado pro mim mas me foi repassado pelo Thiago Velloso:http://blog.riotemporada.net/2007/sanarj-um-pequeno-arraial-no-interior-do-rio-de-janeiro/.
ResponderExcluirUm beijo e tudo de bom.