No teu poema
existe um verso em branco e sem medida,
um corpo que respira, um céu aberto,
janela debruçada para a vida.
No teu poema
existe a dor calada lá no fundo,
o passo da coragem em casa escura
e, aberta,
uma varanda para o mundo.
Existe a noite,
o riso e a voz refeita à luz do dia,
a festa da Senhora da Agonia
e o cansaço
do corpo que adormece em cama fria.
Existe um rio,
a sina de quem nasce fraco ou forte,
o risco, a raiva e a luta
de quem cai
ou que resiste,
que vence ou adormece antes da morte.
No teu poema
existe o grito e o eco da metralha,
a dor que sei de cor mas não recito
e os sonhos inquietos de quem falha.
No teu poema
existe um canto
chão alentejano,
a rua e o pregão de uma varina
e um barco assoprado a todo o pano.
Existe um rio
a sina de quem nasce fraco ou forte,
o risco, a raiva e a luta de quem cai
ou que resiste,
que vence ou adormece antes da morte.
No teu poema
existe a esperança acesa atrás do muro,
existe tudo o mais que ainda escapa
e um verso em branco à espera de futuro.
(No teu poema - José Luis Tinoco)
Todo dia quando acordamos, nos fazemos inúmeras perguntas. Perguntas que insistem em ficar durante o dia inteiro. Umas são fáceis de responder, outras fáceis de esquecer, algumas de resposta quase impossível. Será que consigo ser mais forte? Será que vou ver meus filhos crescerem? Será que um dia ele vai me amar? Será que o gás dá até amanhã?
De algumas perguntas temos verdadeiro pavor, saímos correndo, nos escondendo. Outras esperamos serem feitas, logo, com urgência. O que de melhor acontece é quando as perguntas que fazemos, têm as respostas que esperamos. Aí, talvez comece um momento de felicidade, sem muitas dúvidas, sem muitos senãos. Talvez, começem os sorrisos de um dia novo