Uma tristeza sem fim. Essa é uma das facetas mais evidentes da melancolia. Um sentimento que Freud chamava de "A ausência que dói". Na melancolia – um surto de ordem psicótica - um inexplicável sentimento de auto-acusação que resulta da apatia e negativismo constantes. Perde-se a vontade de viver.
É comum confundir os melancólicos com os deprimidos. Mas ao contrário da depressão – que é reação a uma perda – o melancólico perde o desejo de viver. Nada é muito interessante, a vida perde o encanto e o brilho.
A princípio pode parecer que a melancolia não passa de um grande baixo-astral. A característica básica desse processo é que o indivíduo se recrimina, sente-se como o causador de todos os seus problemas. É um processo dramático. A pessoa sofre, se torna dilaceradamente triste, passa a falar menos, chega a pensar que não merece viver porque arruinou a vida da família. Quando sai do surto, nem entende bem porque via as coisas daquela maneira.
O medo de perder tudo e arruinar-se, o olhar distante, a vontade de ficar só e a sensação de impotência podem ser alguns dos sintomas do surto. Em quadros mais graves, chega-se ao completo imobilismo, precisando então, de acompanhamento psicoterápico.
A melancolia pode levar ao suicídio mais rapidamente que a depressão. Quando o paciente sai da fase de estupor, não é raro a tentativa de suicídio.
Sentados ou deitados por longo tempo, sem sair da cama mesmo para fazer as próprias necessidades, a sensação que se tem é a de alguém está negando a própria existência.
A Melancolia, na Grécia antiga era sinônimo de humor negro. A Filosofia tinha uma outra definição; para Aristóteles era o mal dos homens de gênio.
Há quem diga que manchas roxas no corpo tem um único sintoma: melancolia.No meio psiquiátrico e psicanalítico há controvérsias em relação à causa da doença. Algumas teses atribuem o surto a uma disfunção dos neuro-hormônios, ou seja, uma alteração química do organismo. Para a psicanálise, ela está ligada à problemas nas estruturas psíquicas do paciente, que surgem ainda na primeira infância.
Há uma falha estrutural na constituição do desejo, naquele desejo que move, faz seguir em frente, no referencial transmitido pelos pais, que muitas vezes, é apreendido pelo filho de forma negativa.
Na França, a psicanalista Marie-Claude Lambotte causou polêmica com seu livro "O discurso Melancólico", em que descreve o fenômeno como uma falha na formação da identidade da criança, na primeira infância, devido à falta da figura simbólica da mãe.
Alguns melancólicos saem do surto e entram numa fase de euforia, a exemplo da psicose maníaco-depressiva. Alguns saem do surto melancólico e entram numa fase de mania e são medicados com anestésicos para romper uma vigília de vários dias insones.
Não existem quadros de mania sem fases de melancolia. O mais importante de tudo isso é que a pessoa não pode perder o "desejo". O mesmo desejo que os pais passam para os filhos com relação à vida. O desejo dos pais pelos filhos. O desejo por um ideal positivo.