O Príncipe Estudante (The Student Prince in Old Heidelberg)Não faz muito tempo, participei de um meme -
Pipoca com Pimenta; onde deveria listar filmes que me fizeram perceber o quanto o tema era importante e que de alguma forma tivesse me acrescentado algum valor. O tema era livre e eu busquei por algo como "O sonho nunca acaba" - os filmes foram:
Um amor de Swann,
Era uma vez na América e
Cotton Club [
leia, vale a pena! :=)))]
Existem filmes maravilhosos que nos influenciam e acertadamente muitas pessoas citam filmes que se tornaram clássicos, justo por causa da permanência em nosso imaginário. Tenho uma boa coleção deles, para um
revival de vez em quando.
Se eu pudesse escolher uma época da História para viver, escolheria a
década de 20 com todos os seus balangandãs e folgo em saber que muita gente tem a mesma vontade.
Indo mais além, há quem diga que este século só começou mesmo na década de 20, depois que a
Primeira Guerra Mundial transformou em poeira e fumaça alguns conceitos, instituições e ideologias herdadas do século anterior.
Os novos tempos vieram com estardalhaço - basta recordar a indústria lançando a produção de bens em série,
Coco Chanel simplificando e revolucionando a moda e um modernismo iconoclasta sacudindo as artes, em geral, e as artes plásticas em particular.
"Os Modernos" ("
The Moderns") é um divertido retrato de Paris, a capital desses
roaring twenties em 1926, povoada por uma "
geração perdida", bem no meio da muvuca.
O diretor americano,
Alan Rodolph - ex-assistente de
Robert Altman que já fizera oito filmes sozinho - ralou 12 anos pra que o roteiro de "The moderns", que se apelidara de "o mais rejeitado de Hollywood", fosse aceito, finalmente, por uma produtora e distribuidora independente, a Alive.
Keith Carradine,
Linda Fiorentino,
John Lone (ótimo em "
O último imperador"),
Geraldine Chaplin,
Geneviève Bujold,
Wallace Shawn e mais alguns passeiam pelo filme na pele de personagens fictícios e reais, entre estes os escritores
Gertrudes Stein,
Alice B. Toklas e um pândego e quase sempre de porre
Ernest Hemingway, vivido por
Kevin J. O'Connor.
No imaginativo e às vezes até surrealista roteiro de Rudolph e
Jon Bradshaw, que morreu durante as filmagens, discute-se com fina ironia e leve amoralidade o valor da arte e analisa-se a eterna batalha entre o dinheiro e bom gosto, enquanto na Paris recriada em Montreal circulam falsificações, aliás preciosíssimas, de
Modigliani,
Cezànne e
Matisse, e um complicado triangulo amoroso envolve um novo rico, sua bela melindrosa e um pintor-cartunista que não vende.
Tudo isto consturado pelo jazz de
Mark Isham e pelo
chansonnier Charlélie Couture. A crítica foi unânime nos elogios, porém, apontarei um erro no filme: se a história se passa no ano de 1926, como pode a música “
Parlez-moi d’amour” cantada por
Lucienne Boyer tocar e ser integrada à
trilha sonora, se foi gravada somente quatro anos mais tarde em 1930?
O filme é muito divertido, questionador e o modo de falar das pessoas, principalmente ao se dirigirem uma às outras, é muito engraçado para nós, mas comum na época, como por exemplo, mesmo se referindo a quem amamos ou somos íntimos "
Amo-o Manuel José!" - "
Também amo-o Maria Antônia!"
Lembrei de um causo, acontecido em Minas: Um Senhor, já com uma certa idade, casou-se com uma mocinha, novinha! Já na lua de mel, perdeu a graça! A moça teimava em lhe lembrar a idade, pois dizia "
Eu amo o Senhor" [
in nonsense]
Voltando ao post! Pasmem, o filme até hoje não foi exibido nas salas de cinema, talvez por estar fora do esquema comercial e tradicional de produção e distribuição. Sendo assim, procurem na locadoras ou tenha o seu, assim como fiz, vale a pena! O filme foi finalizado em 1988.
Este post é parte integrante da blogagem coletiva: "
O filme da minha vida", organizada pela Vanessa do Blogue
Fio de Ariadne.
Este foi um dos filmes da minha vida.
Participe você também da Blogagem coletiva, postando ou visitando os blogues listados e de quebra terá sugestões de filmes para o fim de semana prolongado.
Me conte, qual o filme da sua vida?