...Porque é possível ocasionalmente, por breves instantes, encontrar as palavras que abram as portas de todas as inúmeras divisões no interior da nossa cabeça e exprimir alguma coisa – talvez não muita coisa, mas alguma – a partir da enorme quantidade de informação que está contida em nós, da forma como um corvo voa à maneira como um homem se desloca, da observação de uma rua ao que fizemos num certo dias há doze anos. Palavras que exprimem alguma coisa da complexidade profunda que faz de nós precisamente aquilo que somos, do significado momentâneo do barômetro à força que criou os homens diferentes das árvores. Alguma coisa dessa música inaudível que vai correndo, instante após instante, no nosso corpo, como a água de um rio. Alguma coisa da essência de um floco de neve ao pousar sobre as águas de um rio. Alguma coisa da duplicidade, da relatividade e da qualidade meramente fugaz de tudo isso. Alguma coisa da sua importância omnipotente e da sua profunda ausência de significação. Quando as palavras, num instante de tempo único e preciso, conseguem fazer isso e nesse instante torná-lo parte da assinatura vital de um ser humano – não de um átomo, de um diagrama geométrico ou de um monte de lentes sobrepostas – mas de um ser humano, a isso chamamos poesia.
Esta é a 5ª
frase paragráfo complet
ao da página 161 (
Não escolher a melhor frase e nem o melhor livro, aquele que estiver mais próximo e finalmente repassar o desafio para outros cincos blogs) do livro "
O Fazer da Poesia", de
Ted Hughes.
Eu mudei esse meme que o
Lord Fênix me passou;
coisas pela metade não valem e enquanto fui copiando a frase, vi que não poderia deixar de copiar o parágrafo todo!
E também sintam-se à vontade para adotarem o sentido correto de um
meme!