Sim, porque dependem dos outros.
Os outros conduzem mal.
Os outros têm falta de civismo.
Os outros são uns inconscientes.
Os outros são uns nabos.
Nós somos os outros para os outros.
Os outros somos todos nós.
Meu amigo
José Torres (Xistosa) em ocasião da postagem para
arrecadar assinaturas para a criação do Santuário de Baleias aqui no Atlântico Sul, questionou-me se eu sabia o que se passava lá no hemisfério norte, em um país pertencente à união européia.
Como gosto de histórias, vou-lhes contar uma.
Era uma vez as ilhas chamadas Faroe, um território disputadíssimo nos tempos dos Vikings. Naquele tempo Noruega, Islândia e Dinamarca faziam parte de um só reino até ser dissolvido em 1814. As Ilhas de Faroe ficaram com a Dinamarca até 1948, quando passou a ser um território autônomo dentro da própria Dinamarca. Ela possue atualmente duas línguas oficiais e dois representantes dentro do parlamento Dinamarques. Chique, não?
O mar sempre esteve presente na vida dos faroenses, mas nem sempre eles foram ricos, anteriormente eram empregados por ingleses e alemães. As garotas das ilhas, se casavam às pencas com ingleses em verdadeiros tratados de mercantilização. Os ingleses 'pescavam' tanto em águas faroenses que chegou uma época que pensavam que a Grã-Bretanha estava sendo invadida por faroensas (sic).
Faroenses solteiros andavam por todos os cantos; Groenlândia, Islândia e Canadá atrás de grandes aventuras para provar o sangue viking e chamar a atenção das moçoilas. Depois com a autonomia das ilhas e com o subsídio do governo dinamarquês, investiram em barcos e atualmente possuem a maior, a mais moderna e mais bem equipada frota pesqueira do mundo. Suas traineiras são verdadeiras fábricas ambulantes que selecionam, empacotam, congelam e exportam pescados para EUA, Europa e *Brasil*
Os habitantes da ilha possuem padrão de vida altíssimo e mesmo dependendo de tudo que vem do mar, eles não abandonaram um costume antigo, a sangrenta pesca das baleias-piloto.
Trata-se de uma festa anual, onde os rapazes manifestam a sua passagem para a vida adulta, por conta de manter a tradição e a história dos seus antepassados, assim é feito este cruel ritual:
Avistado um cardume de baleias, uma mensagem é enviada por rádio para a comunidade mais próxima para que a caçada seja organizada rapidamente. Os barcos cercam o cardume, que é guiado a uma baía fechada. As baleias são pressionadas a nadar em direção à praia, com remos batidos na água e grandes pedras jogadas que reproduzem sons assustando os animais. Elas encalham na areia e aí inicia-se a tragédia: um longo facão é espetado atrás do seu pescoço que cortam as veias que irrigam o cérebro. Em um minuto a baleia está morta.
No passado, ao avistarem um cardume, a notícia era passada de boca em boca ou por sinais de fumaça ou bandeiras. Quando a matança terminava, comemoravam a coragem dos homens com músicas e danças. Mas no passado, a carne da baleia era o único complemento alimentar de uma economia dependente do continente. Não podiam contar com a agricultura que era limitada ao cultivo de ruibarbo e batata.
Apesar dos seis séculos de ligação com a Dinamarca, os faroenses se mantêm fiéis a seus ancestrais, como os vikings continuam leões no mar e como lá dizem
"um homem sem barco é um homem acorrentado. O mar está em nosso sangue"As imagens acima foram capturadas de cameras de cinegrafistas que em maio de 1984, mostraram através da televisão para muitos países, essa longa pesca em Társhavn, capital das Ilhas Faroe. As imagens mostravam praias repletas de baleias agonizantes em um mar de sangue. Esta cena chocou o mundo e as autoridades introduziram novas regras para que o abate fosse menos doloroso para as baleias. Um comitê foi organizado, criou-se nove distritos para a pesca, em cada distrito eleito um "xerife" e as 21 baías foram regulamentadas. Foi decidido que, se uma vila ou cidade tivessem carne estocada o suficiente, seria proibido caçá-las, ficando as baías regulamentadas para o abate fechadas.
Alguns anos depois, governo faroense fez um estudo mais profundo sobre os hábitos, a reprodução e a estrutura social das baleias-piloto que habitavam o Atlântico Norte, com o objetivo de mostrar ao mundo que não havia risco de extinção.
Deste estudo mais profundo, participaram biólogos franceses, escandinavos, espanhóis e ingleses, durante dois anos. Foram estudados 3488 baleias de quarenta diferentes grupos e as pesquisas indicaram que 100 mil baleias-piloto habitam as águas faroenses. A população pesca entre mil e 2 mil baleias por ano, o que representa até 2% do total. Nos últimos dez anos esse número baixou para a média anual de 1400 animais.
O governo defende-se, argumentando que os estragos são mínimos comparados à matança de animais, poluição e acidentes ecológicos em outros países e que o solo pobre e rochoso das ilhas, não deixa alternativa, sendo a carne e a gordura das baleias as únicas fontes de vitamina A e D.
Como diz a
Jaqueline Amorim, a gente passeia entre os blogues e encontramos muitas informações. Ela encontrou informações sobre essa
matança das baleias nas ilhas Faroe, mas veja bem, a foto da postagem já indica que a notícia é antiga, datada de maio de 1984, e que à época ecologistas do mundo todo se manifestaram contrários.
A imagem não reporta notícia atual, e daí? Daí que matar baleias, mesmo em número reduzido não é legal, sabem porque? Baleia não é peixe, é mamífero.
"...as baleias são mais parecidas com o homem e demais mamíferos. Ou seja, têm sangue quente, respiram ar pelos pulmões, e dão à luz filhotes bem desenvolvidos, que crescem sendo amamentados por suas mães. O período de gestação é bastante longo e, normalmente, um filhote nasce a cada um ou dois anos, requerendo mais de um ano de cuidados maternais, antes de poder sobreviver sozinho. Esse filhote pode levar muitos anos para atingir a maturidade. Por essas razões, as baleias se recuperam muito lentamente das perdas provocadas durante sua exploração comercial"(
Greenpeace)
Como tudo vem em ondas, em ciclos, a União Européia resolveu manifestar-se contra a pesca das baleias, ameaçando não enviar fundos. E as empresas, principalmente as alemãs, deixaram de comprar qualquer outro produto da ilha (Salmão, Haddock...) e de lá do hemisferio norte tem chegado via e-mail uma
petição para ser assinada. Eu já assinei!!
Assine também!
Baleias não dizem adeus!
Beijus,
Luma