Emmeline Pankhurst, que figura na imagem acima, e suas filhas
Christabel e Sylvia, foram levadas a criar um movimento independente, na Inglaterra, em 1903, como resposta de quem a anos tentava inscrever na plataforma dos partidos políticos o direito do voto feminino.
Era o fim de um século e no engatinhar do novo século que nascia, ainda sem personalidade, inseguro, arrastando consigo as sequelas de esgotamento do espírito da época passada, que a criação da "
Associação Política e social das mulheres da Inglaterra" respondeu ao desprezo dos políticos.
O clima de indignação era tão grande que se transformou em atos violentos que buscavam chamar a atenção dos políticos. Começava a quebra-quebra de seções eleitorais e urnas, deixando Londres estupefata. Afinal, eram moças bem nascidas!
Os confrontos levaram à cadeia mais de cem mulheres, que ao se verem atrás das grades, não desanimaram e fizeram greve de fome. Estava claro para os políticos que aquela luta tinha vindo para ficar. Um exemplo, que incentivou todo o continente europeu e os Estados Unidos. Estava lançada a semente de toda uma revolução do século XX, o movimento feminista, que sem pretensões épicas, sem bandeiras ou soldados, lutava contra os danos do ridículo com que as mulheres eram sistematicamente atacadas.
Hoje em dia acho graça nas mulheres que dizem, não sou feminista, sou feminina. Mas ao contrário de conceitos retrógrados, é somente por causa do feminismo que essas mulheres conseguem exercer hoje a sua feminilidade com plenitude. O natural é ser feminina, assim como é natural o homem não ser mais machista. A beleza de ser mulher, está em ser diferente do homem e ser complementar à ele.
E
Maria Augusta, Marie Curie, foco da sua postagem, foi a principal culpada disso tudo acontecer. Explico:
Veja que tudo aconteceu no ano que Marie Curie, arrancara o Nobel de Física à Academia Sueca. Neste ano as universidades do Reino Unido passaram a acolher jovens desejosas de reeditar as glórias de
Marie Curie.
A ciência abria suas portas, como já fizera com a arte, mesmo que
Camille Claudel quebrasse pedra por pedra e pinçasse a imagem de sua loucura, para escapar do esmagador
Rodin, mestre e amante.
E foi assim, abrindo portas que quarenta anos depois,
Simone de Beauvoir conseguiu convencer com o discurso "
Ninguém nasce mulher", nos tornamos por invenção dos homens, o feminino
in absentia.
Ainda havia o ranço do século XIX, a privação da liberdade, do silêncio de opinião, da prisão no lar, enfim, presas a um corpo que tinha nascido para a submissão, vítima da natureza que lhe dera maternidade ao preço da cidadania, que
Freud creditou o feminino, castrado e invejoso do potente e masculino, fazendo
Coco Chanel nos presentear com o
Tailleur, terninho para as mulheres que trabalhavam fora de casa.
Virgínia Wolf, foi a única no seu tempo a formular o que seria o legado do século XX, tema revitalizado nos anos 70 -
A descoberta que a humanidade é feita de sexos diferentes e não apenas de um para se modelar.
Virgínia pedia a todos os escritores que levassem uma flor ao túmulo de
Jane Austen, porque só ela, ousara escrever como mulher, a primeira a falar dessa diferença com orgulho, que antes era sufocado, pisoteado por um mito de inferioridade.
A maternidade, graças a contracepção, saiu do campo da natureza para o campo da cultura, uma pílula transformando o destino em escolha humana. Uma brecha que abalou todo o edifício da relação entre os sexos. Pois com a contracepção foi introduzido no espírito feminino a mais subversiva convicção -
nosso corpo nos pertence!
A liberação do prazer e do desejo rompe aquilo que se preparava desde as heresias medievais, que acusavam as "bruxas" ora de libertinagem e ora de excessiva curiosidade pelos mistérios do corpo.
A diferença sem hierarquia questionava a liberdade entre os sexos, desorganizava a mais permanente das regras humanas, quebrava um paradigma milenar e as mulheres emergiam para a humanidade visível.
Mas foi somente no ano de 1994 que refunda-se uma nova civilização, a mulher sai definitivamente do claustro da idade média e diante de protestos fundamentalistas, que na Conferência de Viena sobre os direitos humanos, que a comunidade internacional declara:
Os direitos das mulheres são direitos humanos.
Portanto, faz pouquíssimo tempo que conquistamos direitos plenos ou seja, nada acontece do dia para a noite. Há de ter persistência e respeitos aos ideais.
Concluindo, o século XXI é o resultado, aquele em que homens e mulheres, pela primeira vez na história, se olharão nos olhos de igual para igual. Olhando nos olhos, perceberão o quanto são diferentes e verdadeiramente iguais. Serão próximos, leais e mais felizes.
Você homem que chegou até aqui, não está mais tão perdido e entende um pouquinho mais o espírito feminino.
Você mulher, use essa liberdade conquistada com parcimônia.
Obrigada, Maria Augusta!
Boa semana!
Beijus,
Luma
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