De certa forma, tornamo-nos políticos quando não podemos ser poéticos
A frase que encabeça o post, foi dita por Cildo Meireles, artista brasileiro em retrospectiva no Tate Modern em Londres. No mesmo andar retrospectiva de Rothko.
Fica a dica para os bloggers brazucas que moram na Inglaterra. E aproveitando a deixa; vocês conhecem o Mundo pequeno? Vejam lá quantos bloggers brasileiros estão espalhados pelo mundo. Se você mora fora do Brasil e seu blogue não consta na lista, acesse o site e cadastre-se.
Voltando a frase título - vocês sabiam que Barack Obama, no passado se dedicava à poesia? Duas poesias dele foram publicadas no jornal Feast em 1981, quando ele ainda era estudante. Os poemas "Pop" e "Underground" foram divulgados recentemente pelo jornal The New Yorker.
Tiago Nené nos fez o favor de traduzir para o português e se tiverem curiosidade acessem a Casa dos Poetas.
o Gabriel Dread do blogue Irradiando Luz me fez as perguntas:
Qual é a sua opinião em relação a vitória de Barack Obama? Será que agora os Estados Unidos serão melhor vistos pelos seus vizinhos?
"Vou ficar com minha liberdade, minhas armas, e meu dinheiro. Fique você com a mudança" a frase nas camisetas estampam o pensamento de adversários americanos de Obama.
Obama tem um caminho duro pela frente. Terá que mostrar competência para governar para americanos e não americanos.
No primeiro discurso após ser eleito, frases estudadas, simples e de efeito. Um trecho que pede união ao povo americano na nova empreitada:
"...vamos convocar um novo espírito de patriotismo; de serviço e responsabilidade em que cada um de nós passe a colaborar e trabalhar mais e cuidar não apenas de nós mesmos, mas um do outro (...) nós nos levantamos e caímos como uma só nação, como um só povo..."
E a pergunta: o que vocês querem deixar para seus filhos se eles viverem 106 anos?
Respondam também brasileirinhos.
O mundo se voltou para esta eleição, afinal, tudo que acontece lá nos EUA, influencia o resto do mundo. Barack se mostra aberto a mudanças - pelo menos ele não ligou o *Foda-se* como fez Bush, em relação ao aquecimento global - Ele demonstrou que sabe o que é isso e entende que isto está acontecendo. Ao contrário do Bushinho que pensa ser aquecimento global mero discurso. Midiático Barack Obama já recebeu apoio de Al Gore para salvar o legado 'incompetente' de Bush.
Sim, ele não somente quer mudar a imagem dos EUA, mas primeiro defenderá os interesses americanos.
Já recebeu elogios da Anistia Internacional por reafirmar compromissos de campanha, como fechar a prisão americana de Guantánamo, em Cuba e retirar as tropas do Iraque, em sua primeira entrevista na televisão.
Porém, penso que irá manter a política belicista. Não tem como acontecer o contrário. Serão retirados norte-americanos do Iraque e recolocados no Afeganistão para lutarem contra os militares islâmicos. Alguém duvida? Obama, prometeu "matar Bin Laden".
O Taleban está cada vez mais violento; o Paquistão, mesmo sendo aliado da guerra ao terror, sofre atentados do Taleban e da Al-Qaeda, na região de fronteira com o Afeganistão. O temor maior é que Al-Qaeda consiga acesso a armas nucleares.
Aproveitando a maré otimista e não deixando que esta abaixe, o novo presidente terá que resolver algumas questões perante a comunidade mundial. É 'necessário' um EUA para:
- Geórgia (reconstrução da sua economia e na conservação da sua independência);
- Irã (deve estabelecer um canal de negociações, quer 'dialogar' diretamente com o Irã a respeito do programa nuclear);
- Israel (mesmo sendo o principal provocador de instabilidade no Oriente Médio, Obama é pró-Israel e defende a criação de um Estado palestino ao lado de Israel);
- Rússia (assuntos que interessam as duas nações: energia, mudança climática e Irã);
- Europa (aliança transatlântica com maior alinhamento militar - Tomará medidas mais cautelosas para resolução de pequenas discórdias e para não expor diferenças em relação à política para o Oriente Médio);
- América latina (distante, Obama somente se referiu à cubanos exilados na Flórida. Se não houver aproximação, o Brasil se fortalecerá liderando a integração latino-americana. Isto de certa forma explica a atitude de Lullinha de se manter distante dos 'problemas dos países ricos' ou melhor 'criados pelos Estados Unidos')
Super Obama World - Neste joguinho clássico tipo anos 90, Obama luta contra porcos e pitbulls, soldados russos, executivos do petróleo e muitos outros 'inimigos'. Lógico que não faltou Sarah Palin.
Este blogue evita falar de assuntos políticos e como eu ainda não tinha dado nenhum pitaco sobre a campanha eleitoral nos EUA, vou terminar dizendo de outros aspectos que devem tomar tempo de Barack Obama e medidas que já foram pré anunciadas por ele:
- Crise! (reformas para proteger cidadãos e empresas, estrutura fiscal modificada, ricos pagarão mais - interessante texto sobre o assunto: Uma campanha desconectada da vida real);
- Imigração (aumento do controle de fronteiras e implementação de sistema que permite a empregadores verificar a legalidade de seus empregados - Existe na América 12 milhões de pessoas sem documentos);
- Educação (seu projeto de campanha foi mudado depois da crise, antes haveria o ampliamento de atendimento médico gratuito e daria aos cidadãos americanos o mesmo tipo de cobertura que os parlamentares recebem. Diz que vai aumentar os investimentos em educação);
- Células tronco (suspensão de leis federais que limitam investimentos para pesquisa e abertura de financiamentos públicos)
Manoel Carlos me enviou um texto de Mia Couto, publicado no Jornal moçambicano "Savana", no dia 14 de Novembro: "E se Obama fosse africano?". Leiam o texto e tirem conclusões. As respostas estão todas no texto. Não vou me estender, apenas para situar que um presidente não deve ser eleito pela cor ou qualquer outra característica, a não ser a competência. Em África, Obama não é negro. Mas é certo que muitos farão referência à sua cor. E se Obama fosse brasileiro?
E como não haveria de ser, aqui faço alusão; Obama foi o primeiro presidente multiétnico dos EUA, quebrando paradigmas por não ser caucasiano e também por não advogar por alguma etnia.
No futuro, a inundação de Nova Orleans após o furacão Katrina, será marco na história dos EUA. Foi nesta época que o povo americano relevou a questão racial em favorecendo da competência e propostas dos candidatos para melhor distribuição da riqueza norte-americana. Barack Obama foi eleito como o quinto senador afrodescendente em toda a história da república norte-americana e o primeiro negro na presidencia que desenvolveu uma linguagem pop das falas. Mas isso irá se esgotar facilmente.
As críticas serão mais duras. Boa sorte!
Gabriel, espero ter atendido o seu pedido. Sobre a visibilidade/imagem americana no mundo, continuará a mesma. Obama governará para os EUA.
Beijus,
Fica a dica para os bloggers brazucas que moram na Inglaterra. E aproveitando a deixa; vocês conhecem o Mundo pequeno? Vejam lá quantos bloggers brasileiros estão espalhados pelo mundo. Se você mora fora do Brasil e seu blogue não consta na lista, acesse o site e cadastre-se.
Voltando a frase título - vocês sabiam que Barack Obama, no passado se dedicava à poesia? Duas poesias dele foram publicadas no jornal Feast em 1981, quando ele ainda era estudante. Os poemas "Pop" e "Underground" foram divulgados recentemente pelo jornal The New Yorker.
Tiago Nené nos fez o favor de traduzir para o português e se tiverem curiosidade acessem a Casa dos Poetas.
o Gabriel Dread do blogue Irradiando Luz me fez as perguntas:
Qual é a sua opinião em relação a vitória de Barack Obama? Será que agora os Estados Unidos serão melhor vistos pelos seus vizinhos?
"Vou ficar com minha liberdade, minhas armas, e meu dinheiro. Fique você com a mudança" a frase nas camisetas estampam o pensamento de adversários americanos de Obama.
Obama tem um caminho duro pela frente. Terá que mostrar competência para governar para americanos e não americanos.
No primeiro discurso após ser eleito, frases estudadas, simples e de efeito. Um trecho que pede união ao povo americano na nova empreitada:
"...vamos convocar um novo espírito de patriotismo; de serviço e responsabilidade em que cada um de nós passe a colaborar e trabalhar mais e cuidar não apenas de nós mesmos, mas um do outro (...) nós nos levantamos e caímos como uma só nação, como um só povo..."
E a pergunta: o que vocês querem deixar para seus filhos se eles viverem 106 anos?
Respondam também brasileirinhos.
O mundo se voltou para esta eleição, afinal, tudo que acontece lá nos EUA, influencia o resto do mundo. Barack se mostra aberto a mudanças - pelo menos ele não ligou o *Foda-se* como fez Bush, em relação ao aquecimento global - Ele demonstrou que sabe o que é isso e entende que isto está acontecendo. Ao contrário do Bushinho que pensa ser aquecimento global mero discurso. Midiático Barack Obama já recebeu apoio de Al Gore para salvar o legado 'incompetente' de Bush.
Sim, ele não somente quer mudar a imagem dos EUA, mas primeiro defenderá os interesses americanos.
Já recebeu elogios da Anistia Internacional por reafirmar compromissos de campanha, como fechar a prisão americana de Guantánamo, em Cuba e retirar as tropas do Iraque, em sua primeira entrevista na televisão.
Porém, penso que irá manter a política belicista. Não tem como acontecer o contrário. Serão retirados norte-americanos do Iraque e recolocados no Afeganistão para lutarem contra os militares islâmicos. Alguém duvida? Obama, prometeu "matar Bin Laden".
O Taleban está cada vez mais violento; o Paquistão, mesmo sendo aliado da guerra ao terror, sofre atentados do Taleban e da Al-Qaeda, na região de fronteira com o Afeganistão. O temor maior é que Al-Qaeda consiga acesso a armas nucleares.
Aproveitando a maré otimista e não deixando que esta abaixe, o novo presidente terá que resolver algumas questões perante a comunidade mundial. É 'necessário' um EUA para:
- Geórgia (reconstrução da sua economia e na conservação da sua independência);
- Irã (deve estabelecer um canal de negociações, quer 'dialogar' diretamente com o Irã a respeito do programa nuclear);
- Israel (mesmo sendo o principal provocador de instabilidade no Oriente Médio, Obama é pró-Israel e defende a criação de um Estado palestino ao lado de Israel);
- Rússia (assuntos que interessam as duas nações: energia, mudança climática e Irã);
- Europa (aliança transatlântica com maior alinhamento militar - Tomará medidas mais cautelosas para resolução de pequenas discórdias e para não expor diferenças em relação à política para o Oriente Médio);
- América latina (distante, Obama somente se referiu à cubanos exilados na Flórida. Se não houver aproximação, o Brasil se fortalecerá liderando a integração latino-americana. Isto de certa forma explica a atitude de Lullinha de se manter distante dos 'problemas dos países ricos' ou melhor 'criados pelos Estados Unidos')
Super Obama World - Neste joguinho clássico tipo anos 90, Obama luta contra porcos e pitbulls, soldados russos, executivos do petróleo e muitos outros 'inimigos'. Lógico que não faltou Sarah Palin.
Este blogue evita falar de assuntos políticos e como eu ainda não tinha dado nenhum pitaco sobre a campanha eleitoral nos EUA, vou terminar dizendo de outros aspectos que devem tomar tempo de Barack Obama e medidas que já foram pré anunciadas por ele:
- Crise! (reformas para proteger cidadãos e empresas, estrutura fiscal modificada, ricos pagarão mais - interessante texto sobre o assunto: Uma campanha desconectada da vida real);
- Imigração (aumento do controle de fronteiras e implementação de sistema que permite a empregadores verificar a legalidade de seus empregados - Existe na América 12 milhões de pessoas sem documentos);
- Educação (seu projeto de campanha foi mudado depois da crise, antes haveria o ampliamento de atendimento médico gratuito e daria aos cidadãos americanos o mesmo tipo de cobertura que os parlamentares recebem. Diz que vai aumentar os investimentos em educação);
- Células tronco (suspensão de leis federais que limitam investimentos para pesquisa e abertura de financiamentos públicos)
Manoel Carlos me enviou um texto de Mia Couto, publicado no Jornal moçambicano "Savana", no dia 14 de Novembro: "E se Obama fosse africano?". Leiam o texto e tirem conclusões. As respostas estão todas no texto. Não vou me estender, apenas para situar que um presidente não deve ser eleito pela cor ou qualquer outra característica, a não ser a competência. Em África, Obama não é negro. Mas é certo que muitos farão referência à sua cor. E se Obama fosse brasileiro?
E como não haveria de ser, aqui faço alusão; Obama foi o primeiro presidente multiétnico dos EUA, quebrando paradigmas por não ser caucasiano e também por não advogar por alguma etnia.
No futuro, a inundação de Nova Orleans após o furacão Katrina, será marco na história dos EUA. Foi nesta época que o povo americano relevou a questão racial em favorecendo da competência e propostas dos candidatos para melhor distribuição da riqueza norte-americana. Barack Obama foi eleito como o quinto senador afrodescendente em toda a história da república norte-americana e o primeiro negro na presidencia que desenvolveu uma linguagem pop das falas. Mas isso irá se esgotar facilmente.
As críticas serão mais duras. Boa sorte!
Gabriel, espero ter atendido o seu pedido. Sobre a visibilidade/imagem americana no mundo, continuará a mesma. Obama governará para os EUA.
Beijus,
Ufa!
ResponderExcluirCaprichou hein Luma!
Lindo, amei! Deixou minha resposta no chinelo, rsrsrsr
Gostei muito, análise profunda, foi muito além do "chover no molhado" do 1o presidente negro que eu ironizei na minha postagem.
Valeu Vizinha!!
Abração
Gabriel Dread
Luma
ResponderExcluirEu já tinha dito isso em outras palavras. Ele vai ser o presidente dos Estados Unidos da América, o american way of life não será abalado.
Mas por ser democrata, com ele o diálogo existirá, com certeza.
E o nosso Lulinha está no caminho certo. Deixe a América para os americanos, o negócio é nos fortalecer como um grande país que um dia o Brasil poderá vir a ser.
Sendo morador dos EUA e tendo acompanhado bem de pertinho as eleicoes, Luma, fico muito feliz que Obama governara para os EUA.
ResponderExcluirbjx
RF
Oi, moça sumida,
ResponderExcluirQuanto ao Obama, as pessoas precisam entender que ele não é Deus, por isso, não pode todas as coisas...
Segundo, ele está pegando uma bomba nas mãos, será um herói se controlá-la , mas condenado se não o fizer, sem lembrarem que ele não é Deus!
Terceiro, que as pessoas entendam que ele é um homem com vontade e sem poderes especiais e que o que ele conseguir de bom, será lucro.
Que ele consiga resolver as coisas por lá e não resolva mexer nas daqui!
Isso já me deixaria muito feliz!!!
Beijão.
Antes de comentar, surpreso, agradeço a citação pelo envio do bom texto de Mia Couto.
ResponderExcluirÉ claro que a diferença entre Osama e Obama é mais que uma letra, um é fundamentalista e outro é moderno. Contudo, eles se parecem mais do que eu gostaria de admitir, em campos opostos, é claro.
Você disse o fundamental, Obama manterá a essência da política estadunidense.
Desde 1840, o interesse pela democracia passou a ter pouca importância nos EUA, O Robusto Individualismo, uma das bases do Isoolacionismo dos EUA, considera a pobreza um atributo da inépcia e a riqueza um sinal de virtude. Até hoje vigora a Doutrina Monroe, que expressou como nenhuma outra o ideário isolacionista, conhecida como pan-americanismo, formulada por James Monroe, ela demarcou áreas de influência e considerou ameaça à paz a à segurança dos EUA, qualquer tentativa de países europeus de influenciarem os países latino-americanos. Cairia muito bem em Obama as declarações de Theodore Roosevelt, o "Homem do Porrete Grande", segundo as quais "a delinqüência ou impotência crônica", de qualquer estados independentes do Hemisfério Ocidental, poderia forçar os EUA a exercerem, "ainda que com relutância", os poderes de polícia internacional.
Qual será a mudança?
Grato e um beijo. E sua mãe? Espero que esteja bem.
Manoel Carlos