Quando você sonha com o medo
Este figura sempre de violência e perversão vem sempre na figura de um homem e para os psicanalistas, o homem mau é o "animus", nome masculino que define o nosso lado masculino, definido a primeira vez por Carl Gustav Jung, o pai da psicologia analítica. Esse "vilão" sempre ostenta características que faltam a quem sonha.
O animus mostra-nos a necessidade de desenvolver um lado mais agressivo, exigência dos dias atuais.
É importante saber como esses sonhos acabam, dando pistas de onde moram os problemas. Vendo assim, a figura ameaçadora pode ser na verdade um grande amigo que orienta e aponta caminhos.
As mulheres sonham mais que os homens, ou pelo menos, lembram-se mais. Freud se baseou nos sonhos que ouviu em longas conversas com mulheres ao escrever a mais de cem anos atrás o livro "A interpretação dos sonhos" - onde mostrou a sua primeira teoria sobre o inconsciente, rompendo os parâmetros de segurança e racionalidade do ser humano. Por isso os sonhos são usados também como auxiliares em terapias.
Os mesmos enredos de sonhos se repetem com pessoas diferentes. Isso é comprovado até com crianças; as meninas sonham com atos de coragem, como realizar tarefas sozinhas sem a ajuda dos pais e para os meninos a coragem aparece durante uma briga onde têm que enfrentar monstros ou ladrões. O inconsciente da menina a prepara para a futura independência, que hoje é grande desafio para as mulheres. Já os meninos que já têm esse ambiente que propicia a independência, o subconsciente apresenta outros desafios.
Muitas grávidas relatam que sonham com água. A gravidez por si não é somente um ambiente físico, traz a sensação de renovação. A água aparece porque simboliza a fonte da vida. Outro motivo, menos simbólico, é o fato das mulheres grávidas beberem muita água, vão mais ao banheiro e carregam um bebê envolto em grande quantidade de líquido amniótico, que as deixam muito próxima desse elemento.
O inconsciente quer dizer que é hora de cumprir um outro papel. A repetição de temas, além de traduzir uma renovação psiquíca, aponta para as necessidades de outros projetos, arriscar-se em atividades que até então não foi vivenciado, uma readaptação à vida.
Alguns temas são tão frequentes que, quase sempre, têm o mesmo significado. Muitas vezes uma representação psiquica do que está acontecendo com o próprio corpo. A cada mudança de idade, tende-se a ter uma avalanche de sonhos.
Sonhos, é claro, não são mensagens que dever ser interpretadas literalmente. As ações são cheias de simbologias. Sonhos com riquezas de detalhes, cores que trazem situações reais da vida da pessoa, surgem somente quando ela está indefesa, desarmada do consciente.
Por isso, para exorcizar os meus demônios, eu sempre tomo café da manhã com eles. Na claridade do dia, os sonhos perdem relevância e nos anima a combatê-los.
«Conheço apenas o medo, é verdade, tanto medo que me sufoca, que me deixa a boca aberta mas sem fôlego, como alguém a quem falta o ar; ou noutras alturas, deixo de ouvir e fico subitamente surda para o mundo. Bato os pés e não ouço nada. Grito e não percebo nem um pouco do meu grito. E também às vezes, quando estou deitada o medo volta a assaltar-me, o terror profundo do silêncio e do que poderá sair desse silêncio para me atingir e bata nas paredes das minhas têmporas, um grande sufocante pavor. Eu então bato nas parede, no chão, para acabar com o silêncio. Bato, canto, assobio com persistência até mandar o medo embora.» Anais Nin
Boa semana com bons sonhos!
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