TinTin à nossa infância
No dia 20 de Dezembro de 2006 foi oficialmente inaugurado o “Ano Hergé” em Paris com a abertura no Centro Pompidou de exposição, com desenhos originais do repórter Tintin, em comemoração ao centenário de seu nascimento.
Georges Remi (Hergé) foi um dos maiores criadores do século 20, nascido em 22 de maio de 1907, perto de Bruxelas, e falecido em 1983. Foi o responsável por despertar a paixão pela pintura contemporânea em Andy Warhol em meados dos anos 70.
O personagem Tintin é o próprio Hergé, um aventureiro que inicia os leitores na história contemporânea, entre conflitos do Oriente Médio ("Tintin no país do ouro negro") e revoluções latino-americanas ("Tintin na América").
O mundo real de Hergé era sacudido por guerras, crises diplomáticas e que ele vacilava, abandonando e retornando em diferentes projetos, e sendo acusado de preconceito, algumas vezes.
Na Bégica, foi lançada uma moeda comemorativa de 20 (R$ 56) com o rosto de Hergé. Trens belgas foram decorados com os desenhos de Hergé, e em julho o mercado das pulgas de Bruxelas vai dedicar um dia inteiro a Tintim. Em maio, na cidade de Louvain-la-Neuve, será realizada a inauguração simbólica das obras de construção do futuro Museu Hergé, projeto do arquiteto francês Christian de Portzamparc.
Na Suíça, entre os dias 6 e 8 de julho, será realizada a segunda edição do Festival Tintim. A Espanha também participa do centenário de Hergé com a mostra "Tintim e os Autos", entre 9 e 17 de junho, no Salão Internacional do Automóvel, em Barcelona.
Na Suécia, entre 26 de maio de 2007 e 2 de março de 2008, o Museu Marítimo de Estocolmo exibe a exposição "Tintim, Haddock e os Barcos".
O Canadá já inaugurou o centenário de Hergé com a mostra "Com Tintim no Peru", no Museu da Civilização do Québec, que vai até 6 de janeiro de 2008. França, Suíça e Bélgica também vão emitir séries especiais de selos de Tintim e Hergé.
Vale ressaltar que Hergé era autodidata. Seus desenhos têm um estilo que ficou conhecido por linha clara, marcado por traços simples e de espessura regular, idênticos para todos os elementos do desenho, e pela quase total ausência de sombras.
O que é que se pode dizer sobre Tintin que ainda não esteja dito?
Muito pouco, na verdade, uma vez que a obra já está dissecada de todas as formas possíveis e imaginárias. Hergé levou consigo para a eternidade a personagem do jovem repórter. Se falta material novo, rebusca-se o antigo, procuram-se novos enquadramentos, compilam-se curiosidades. Tintin sempre será sucesso. Assim, Michael Farr lançou “Tintin – O Sonho e a Realidade” O trabalho de Farr é, a todos os níveis, brilhante. Para cada episódio, o autor enquadra o contexto da aventura, mostra as influências de Hergé; as fotos de pessoas, lugares e edifícios que serviram de base a certas pranchas; as alterações que o desenhista introduziu as versões a preto e branco e a cor de cada álbum, entre muitos outros pormenores. Há ainda espaço para pequenas in-jokes, como o seu auto-retrato no meio de certas cenas (outro gênio, Hitchcock, fazia o mesmo, nos seus filmes...) ou o dos seus colegas desenhistas, como o ainda mais genial E.P. Jacobs. Como tal, multiplicam-se os estudos sobre a mais célebre criação de Hergé. Boa parte delas são exaltações e consagrações do autor, como a imprescindível biografia “Hergé-Fils de Tintin”, de Benoit Peeters (Flammarion) ou o enciclopédico “Le Monde d’Hergé”, do mesmo autor – já na sua segunda versão.
Mas nem tudo são flores. O Musée Royal des Beaux-Arts, em Bruxelas, na Bélgica, cancelou uma grande exposição sobre Hergé. Assim, não haverá um evento marcante na cidade que o viu nascer. No entanto, não deixará de exibir pela primeira vez, trabalhos de artistas como Warhol ou Lichtenstein que integravam a coleção privada de Hergé.
"Decidimos cancelar a exposição depois de um ano de trabalho intenso porque ainda não tínhamos decidido a lista de obras nem os conteúdos do catálogo e já estamos a três meses da inauguração. Nestas condições, não poderíamos dar as garantias necessárias ao nosso patrocinador"
Isso que disse o diretor do museu, Michel Draguet. Porém é essa a verdade?
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Beijus