Tomei conhecimento do
Manifesto Slow Blog através de uma reportagen no
NYTimes '
Blogging at a Snail’s Pace'.
De antemão aviso, quem morre de amores por pageranks, rankings e tals, não vai entender de forma alguma a maneira 'Slow' de blogar.
Interessante constatar que, o que aqui é descartado entre os bloggers que se dizem 'entendidos', lá fora é valorizado. Blogue além de veicular informações da 'matéria', capta sensações sensoriais; blogues em sintonia, blogues como forma de meditar, reformulando ideias, mudando pensamentos, atitudes e tudo isto na 'maré mansa'. Vagarosamente criando raízes. Movimentos sutis. Slow blogging...
Na matéria citada acima, o surgimento do manifesto 'slow blog' se baseou no movimento 'slow food' contra a pressa, o imediatismo, em contrapartida ao 'fast food'; destruidor de tradições e hábitos saudáveis de se alimentar.
Assim como o alimento deve ser local, orgânico e sazonal, os 'slow bloggers' acreditam que os blogues 'news-driven' como
TechCrunch e
Gawker se equivalem a restaurantes 'fast food'. Grandes para o consumo ocasional, mas não o bastante para garantir a subsistência humana por um tempo mais longo.
Retirar o lixo das células é ler blogues que dês estressam, que lhe traga lembranças, que não te acomode o pensamento, que retire o colesterol léxico das palavras e que dê adeus a textos pesados, cheios de barrigas!
Todd Sieling, consultor de tecnologia de Vancôver quem apresentou os princípios do movimento '
Slow blog' - uma rejeição a tudo que é imediato, devendo a escrita amadurecer lentamente e por isso, a reflexão antes do ato de escrever. Esteja quieto um momento antes de se por a escrever e não tendo o que escrever, não se aborreça; escreva a primeira coisa que lhe sai da cabeça ou então, espere, mesmo que isto leve uma semana, um mês...não tenha o compromisso de postar por postar. Você não é problogger. Você não ganha para isso. Abra horizontes.
Aos adeptos do 'food blog' aconselho interagir com o
twitter (postagens rápidas com até 140 caracteres - tweet, como é chamado) ou adicionar/favoritar imagens no
flickr ou mesmo alimentar o
facebook (né,
Erika?).
Resumindo: "
Blogue é para refletir e twitter é para se conectar" - Blogar pode ser uma refutação filosófica e pausada, quanto aos tweets, vale a dinâmica, o imediatismo de interagir - Como disse
@samegui: "
...Twitter é um microblog com posts de 140 caracteres, mas eu uso como um MSN coletivo".
Também dou os meus pitacos lá!
Siga-me, se quiser!
Russell Davies, um 'new media' consultor em Londres foi mais longe. Reverteu o conceito e pegou a pergunta chave do twitter “
What are you doing now?” e pediu a seus leitores que lhe emitissem cartões.
Estava criado o
Dawdlr. Sem pressa, ele escolhe entre os cartões que recebe, aqueles que mais aprecia ou que tem mais a ver com o movimento 'slow blog' e posta, mesmo que seja semestralmente -
Alguém na blogosfera brazuca adora receber cartões, poderia assim, fazer igual. Isto não é copiar ideias, é incentivar o crescimento de uma ideia que deu certo. Aconteceu isto com quase tudo que existe atualmente na internet e as redes sociais estão aí para provar!
Mas se quer fazer diferente, se livre dos maus hábitos blogais! Você não estará sozinho! Este blogue é Slow! Slow Blog!
Update: O Criador do movimento 'slow blog", apesar de não falar o português, traduziu no google e deixou comentário. Leiam.
Manifesto Slow Blog, blogar lentamente
1 - Blogar lentamente é a rejeição ao imediatismo. É uma afirmação de que nem tudo que vale a pena ler é escrito rapidamente, e que muitos pensamentos são servidos melhor depois de completamente assados e redigidos em temperatura constante.
2 - Blogar lentamente é uma maneira de valorizar a matéria, como os pixels que dão formas às suas palavras são preciosos e raros. É uma predisposição a deixar os eventos presentes passarem sem comentar. É deliberado em seu ritmo, não quebrando o seu caminhar sem pressa por nada além da verdadeira emergência. E talvez nem mesmo então, pois a lentidão não é a velocidade da maioria das emergências, e lugares onde a amada e tranquilizadora velocidade governam o dia servirão melhor para nós nestas épocas.
3 - Blogar lentamente é o oposto da desintegração das frases em apenas uma linha, que são freqüentemente a vida primitiva de nossas melhores idéias. É um processo em que a luz irradia do brilho dos pensamentos e então desanuvia para assumir seu lugar no pano de fundo como parte de algo maior. Slow Blogging não escreve pensamentos nos pergaminhos etéricos e eternos antes deles oferecerem um valor persistente na formação de nossas idéias ao longo do tempo.
4 - Blogar lentamente é uma disposição de permanecer em silêncio em meio aos ultrajes e êxtases que preenchem nada mais do que um simples momento no tempo, na alternância entre banalidades, decepções esmagadoras e contentamento psicótico do fim do mundo no mero espaço entre as manchetes. Aquilo que você desejaria ter dito naquela hora na semana passada pode ser dito na próxima semana, mês ou ano, e você somente parecerá mais inteligente.
5 - Blogar lentamente é uma resposta e uma rejeição ao Pagerank. Pagerank, a bela-fera monstruosa que se senta atrás de diversas cortinas dobradas do Google, decidindo a autoridade e relevância das suas buscas. Blogue cedo, blogue com freqüencia, e o Google vai te recompensar. Condicione seu eu criativo a uma freqüencia secreta, e descubra-se adorado pelo Google; você vai aparecer onde todos olham - nas primeiras páginas do resultado. Siga seu próprio ritmo e encontre suas obras nunca encontradas; recuse o Pagerank e seus favores e sua obra será jogada mas profundezas dos resultados indiferenciados. Sua idéia retorcida de bem comum fez do Pagerank um aterrador inimigo de seus iguais, estabelecendo um ritmo que proíbe a reflexão necessária para sair do dia-a-dia cotidiano em direção ao legado.
6 - Blogar lentamente é o re-estabelecimento da máquina como agente da expressão humana, ao invés de seu chicote e de seu recipiente. É a suspensão voluntária da roda de hamster girando à velocidade da luz ditando as regras da blogagem altamente efetiva. É uma imposição de temporalidades assincrônas, onde nós não digitamos mais rápido para alcançar o computador, onde a velocidade de recuperação não necessita do mesmo passo do consumo, onde boas e más obras são criadas em seu devido tempo.
O Manifesto acima é tradução do original de Todd Sieling