Esqueça Paris [update]
Em 68 aconteceu a "sexta-feira sangrenta", uma passeata por verbas para a educação que acabou com repressão e mortos, no Rio. Meus pais estavam lá e por pouco eu não haveria de ter nascido.
Fatos como este eram relatados em casa. Apenas alguns:
Che Guevara sendo condecorado por Jânio e provocando a ira das Forças Armadas.
Carlos Lacerda acusando Jango de tramar golpe de Estado.
Greve organizada pela União Nacional dos Estudantes que paralisou 40 universidades no Brasil por três meses.
A Marcha da Família com Deus pela Liberdade, que reuniu cerca de 500 mil pessoas fazendo passeata contra Jango no centro de São Paulo.
Pasmem! O projeto Suplicy é aprovado pelo congresso, extinguindo a UNE e proibindo as organizações estudantis de realizarem protestos.
A Faculdade de Medicina no Rio é invadida pela Polícia, prendendo 600 estundantes, num episódio conhecido como "massacre da Praia Vermelha"
Abreu Sodré, então governador de São Paulo é apedrejado durante comemorações do Dia do Trabalhador.
Aconteceu a "Passeata dos 100 mil", contra o regime militar.
60 mil pessoas acompanham o enterro de Édson Luis Lima Souto que morreu quando o movimento estudantil preparava um protesto contra as condições do ensino brasileiro. Aconteceram manifestações e protestos em várias cidades do país.
Ninguém se lembra mais de Édson Luis Lima Souto.
A História morre para aqueles que não participam dela. Amanhã comemora-se a luta pelos direitos civis de Martin Luther King e como ele também morreram os incentivos que vinham da revolução cubana, o martírio de Che Guevara, a Canção folk de Bob Dylan e Joan Baez? Sim, não existe mais o Students for Democratic Society e o Black Power. Morreram o rock irreverente dos Beatles e anárquico dos Rolling Stones?
Se alguns fatos ainda não foram esquecidos, 68 não passou e repercute sem solução nos dias de hoje.
Para quem gosta de ler, aconselho a crônica Maio de 68, ainda há quem diga não à revolução e o livro “1968 - O ano que não terminou”, de Zuenir Ventura.
Também no ano de 68, Clark e Hill, eram adversários históricos na Fórmula 1. A Lotus dominava o campeonato em disputa acirrada pelo título entre seus dois pilotos. Sobrou só Hill, porque existiu aquela árvore, naquela pista alemã, naquela tarde, na sétima volta e Jim Clark's morreu. Para ele, 1968 terminou ali.
Boa semana!
Beijus,