Mostrando postagens com marcador eutanásia. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador eutanásia. Mostrar todas as postagens

Quem vai pagar a conta?

Cinco anos atrás, perguntei aqui no blogue:

Quem paga a conta do hospital em que Terri está? O dinheiro está ajudando a prolongar sua vida?

O judiciário americano deu parecer favorável a Michael Schiavo. A Lei americana segue o dispositivo na seguinte lógica; escolhemos com quem nos casamos, esse parente eleito responde por nós, o que não vale para outros parentescos. Essa lei da Flórida foi batizada de "Terri's Law” em função da ocasião. Essa morte em questão é chamada ortotanásia (eutanásia ativa), deixa-se que a doença siga seu curso natural, sem intervenção médica.

Se deixá-la viver é errado e deixar morrer também não é?

Se quiser, leia o restante da postagem que escrevi pela manhã, antes da morte de Terri, para logo ao meio-dia, dar o update:

12:00 - Terri Schiavo morreu agora a pouco, após 15 anos de sofrimento e 13 dias longe dos aparelhos que a mantinham viva.

Terri Schiavo ficou em estado vegetativo persistente depois de uma hipocaliemia que culminou em parada cardíaca. Sem oxigenação, seu córtex cerebral ficou severamente comprometido.

Para quem não sabe, a hipocaliemia é o nome dado ao baixo nível de potássio no sangue, que no caso de Terri, foi consequência do uso abusivo de diuréticos receitados por seu médico ginecologista. [Aqui vai o alerta para que não tomem diuréticos sem a real necessidade]

Todas as vezes que se fala em ortotanásia, o caso de Terri vem à baila.

Enquanto esteve vegetando, independente das questões familiares envolvidas, seu caso era exemplo de certeza moral x certeza jurídica. Quem jogaria no lixo uma vida que o marido, sob tutela da justiça, dizia que estava com prazo de validade vencida? Não sabemos a resposta, nem mesmo os mais céticos, principalmente quando temos envolvimento emocional com alguém neste estado.

Já na mesma data em 2007, a blogosfera perdia uma pessoa muito querida. Morria o Aldemir Silva, depois de uma longa espera por um transplante de fígado. Quem participou de sua companhia, sabia da sua coerência, ética, sensibilidade e inteligência.

Ele precisou de um órgão, estava na fila de espera e enquanto isto, também precisava de sangue para viver; algo que podemos fazer quando a nossa vida passou do prazo de validade. Doar um pedaço de nós é ato de amor, é prova de que somos humanos, é deixar aqui na terra um pedacinho nosso, quando não mais existirmos. Doe vida!

Vivemos na eminência de perder e fazemos tudo na última hora. Batalhamos por um emprego, por um amor ou por um objeto de desejo, quando pressionados. Podemos dispor de nossa saúde e da nossa vida porque temos tempo, mas quanto tempo é esse?

Somos humanos, temos medo de morrer e nojo de matar baratas!

Medo de doar vida, porquê? Medo da morte, medo de sentir dor... Todas essas dores passam! Vivemos para morrer de forma natural, porém o sofrimento dos familiares não passa.

"Sei que amanhã quando eu morrer os meus amigos vão dizer que eu tinha um bom coração. Alguns até hão de chorar e querer me homenagear fazendo de ouro um violão.
Mas depois que o tempo passar sei que ninguém vai se lembrar que eu fui embora
Por isso é que eu penso assim, se alguém quiser fazer por mim que faça agora
Me dê as flores em vida, o carinho, a mão amiga para aliviar meus ais.
Depois que eu me chamar saudade não preciso de vaidade, quero preces e nada mais" (Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito)

Desculpe o post, se te deixou de baixo astral. É um post em que intimamente, enquanto escrevo, agradeço a oportunidade de estar vivendo, de não ter arrependimentos, de ter aproveitado meu tempo e de estar entre pessoas que amo.

Ah, a fotinha acima é do passado, em dias de Sonrisal, numa referência às comemorações de aniversário do blogue "Vidas Linhas - Vamos viajar no tempo?"

Beijus,

"Abomino as vossas ideias, mas deixar-me-ei matar para que tenhais o direito de as exprimir."

vicento byrneQuem paga a conta do hospital em que Terri está? O dinheiro está ajudando a prolongar sua vida?

O judiciário americano deu parecer favorável a Michael Schiavo. A Lei americana segue o dispositivo na seguinte lógica; escolhemos com quem nos casamos, esse parente eleito responde por nós, o que não vale para outros parentescos. Essa lei da Flórida foi batizada de "Terri's Law” em função da ocasião. Essa morte em questão é chamada ortotanásia (eutanásia ativa), deixa-se que a doença siga seu curso natural, sem intervenção médica.

Se deixá-la viver é errado e deixar morrer também não é?

A única pessoa que pode decidir é o marido; ele voltar atrás e deixar Terri viver, pode se divorciar e deixar Terri com os pais. O Divórcio faria com que ele devolvesse US$ 1 milhão ganho na indenização ganha em 1992, pelo não diagnóstico da hipocaliemia causadora da parada cardíaca que deixou a moça assim.

Manter a moça viva deve dar lucro para alguém. Quem? Porque preservar uma vida que, para a ciência está numa zona cinzenta entre a vida e a morte? É óbvio que há muita MERCANTILIZAÇÃO DO FATO JORNALÍSTICO. Elementos novelescos como o direito de decidir sobre a vida e a morte, relações familiares, tribunais, dinheiro e religião. Questões complexas envolvem o caso.

Até onde vai a sabedoria iátrica, seu córtex cerebral ficou severamente comprometido: ela respira sem o auxílio de aparelhos, mas não tem vida relacional, não tem a menor consciência do que se passa à sua volta. Existem alguns casos de recuperação de estado vegetativo persistente, mas isso depende fundamentalmente do tipo de lesão, suas causas e extensão.

No começo Michael chegou a fazer um curso de enfermagem para tratar da mulher, acreditava em sua recuperação. Ele também processou o ginecologista de Terri por não ter diagnosticado a hipocaliemia, baixo nível de potássio no sangue. (Cuidado especial com diuréticos crianças!!!).

Em 1997 ele perdeu as esperanças e apelou à Justiça para que a sonda nasogástrica que faz a alimentação de Terri fosse retirada. Em fevereiro de 2000, o juiz George Greer deu-lhe ganho de causa. Para o magistrado, ficou claramente estabelecido que Terri escolheria não prolongar sua vida artificialmente.

O juiz também aceitou a opinião dos médicos de que a paciente não tem chances de recuperação. Dois anos e meio de apelações se seguiram. Michael acabou vencendo em todos os processos, estaduais e federais. Em 14 de outubro passado, a última apelação dos pais foi rejeitada, Já no dia 21 do mêsmo mês o Legislativo da Flórida cedeu às pressões dos grupos pró-vida e aprovou uma lei que deu ao governador Jeb Bush um prazo de 15 dias para suspender decisões da Justiça e mandar religar aparelhos de suporte de vida em casos como o de Terri.

Os pais de Terri não estão brigando para que ela fique viva, estão brigando para que o hospital continue pagando pra que ela permaneça com seu *ESTADO VEGETATIVO PERSISTENTE*.

Difícil tomar partido, dizer quem está certo ou errado. Michael tem o amparo da lei e é difícil para ele aceitar o estado degradante a que Terri ficou reduzida. O fato de os pais amarem a filha e por isso desejarem que permaneça viva, mesmo que sem nenhuma qualidade de vida, talvez indique que eles não suportando a dor da perda, amem mais a si próprios.

A melhor decisão do caso seria encontrar um ponto intermediário, entre o que dizem os partidários de Michael e os pais de Terri.

O que seria certo moral e juridicamente?

A frase título é de Voltaire.
12:00 - Terri Schiavo morreu agora a pouco, após 15 anos de sofrimento e 13 dias longe dos aparelhos que a mantinham viva.

EUTANÁSIA

Tudo tem sua hora para começar e terminar. Assim organiza-se a vida, e a morte dá para organizar?

Assisti "Menina de Ouro", que concorre ao oscar de melhor filme, detesto movie spoiler, mas fui. Sem ler crítica prévia, o fator surpresa foi essencial para que eu me envolvesse. Bem escrito, imprevisível e atuações memoráveis. Achei que seria apenas uma história sobre o mundo dos boxers. A polêmica do filme gira em torno da eutanásia e familiares mercenários.

"Mar Adentro" é um filme que mostra a luta de um tetraplégico para dar fim a própria vida. Javier Bardem estava entre os eleitos para a indicação de melhor ator. Não foi indicado, vocês sabem porque, Hollywood...mas para mim ele é o melhor!

O Vaticano fez uma declaração sobre a euttanásia dizendo que ; na eminência de uma morte inevitável é lícito tomar a decisão de renunciar a um tratamento apenas que prolongaria uma vida precária e danosa.

Sob esta ótica, o Padre Leocir,capelão do Hospital das Clínicas por anos, escreveu dois livros sobre o assunto. Segundo ele, o cristianismo não prioriza a vida física, mas os cuidados com o sofrimento; "Nem que para evitá-lo seja necessário a abreviação da vida física".

Os evangélicos temem o uso indiscriminado, principalmente de quem tem patrimônios e que pode ser vítima de ganânciosos.

Os budistas alegam que o budismo preserva a vida acima de tudo - O processo de morte é passagem, é crescimento espiritual.

Para o judaísmo, a vida é sagrada e o ser humano não é dono do próprio corpo. Mas uma interpretação das severas leis judaicas poderia justificar a eutanásia. "No código de lei Talmud está escrito, que se uma pena no nariz do doente atrapalha sua morte, deve ser retirada" segundo o rabinoShami Ende.

Juridicamente é um ato deliberado de provocar ou apressar a morte de um doente terminal, sem terapia possível de cura.

A grande maioria dos médicos brasileiros, de uma forma velada costuma interromper a vida de pacientes terminais. Defendem que, insistir para prolongar uma vida que não tem condições de ser salva, muitas vezes implica em causar mais sofrimentos. Isto é distanásia - a morte lenta, com muita dor.

Em todo o mundo a questão assusta a sociedade. Em que momento o esforço por uma vida, passa a ser inútil?

Momento de decisão - entre o prolongamento inútil e degradante de uma vida que vai se perder e a questão de abreviar o sofrimento do paciente e da sua família.

O Território norte da Austrália é o único local no mundo onde a eutanásia é legal desde Julho de l996 - depois de passar por um conselho médico, o próprio paciente pode apertar uma tecla de um sistema controlado por computador, para receber uma injeção letal na veia. Há um momento da evolução da doença em que a morte torna-se o desfecho esperado.

Agora que você recebeu todas essas informções, me dê sua opinião. Assista aos filmes. Se emocione!

Qual a linha divisória entre o direito de viver e de morrer com dignidade?

Beijus,

...em quietude, sem solidão

Leia o luz no seu celular
get click

Algumas coisas não têm preço

finalista the weblog awards 2005finalista the weblog awards 2006
finalista the weblog awards 2007weblogawards 2008

Me leve com você...

facebooktwitter

Copyright  © 2021 Luz de Luma, yes party! Todos os direitos reservados. Imagens de modelo por Luma Rosa. Publicações licenciadas por Creative Commons Atribuição-Uso não-comercial- Vedada a criação de obras derivadas 2.5 Brasil License . Cópia somente com autorização.

Tem sempre alguém que não cita a fonte... fingindo ter aquilo que não é seu.

Leia mais para produzir mais!

Atenção com o que levar daqui. Preserve os direitos autorais do editor