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Sacanagem da Dadá

Com o perdão da palavra, vou explicar o que se passa antes que caiam no crime.

catpraialumix

Eu caio no suingue pra me consolar
É que essa vida não tá mole
E eu faço assim para me segurar
(Caio no suingue de Pedro Luis e a Parede)

Ontem estava me perguntando 'por onde anda o verão?' Os dias correm chuvosos ou no mormaço, enfim, o verão é mesmo nós que o fazemos e tal como o inverno, temos comidas, bebidas, maior vontade de sair e nos reunir com pessoas.

Particularmente acho que no inverno, falta exotismo e inovação, sabor e agitação, cor e estímulos. Mas há quem prefira.

O calor estimula o nosso corpo e dá cor à pele. Expô-la sem excessos, torna-se saudável quando aliada à sensação de leveza e disposição, resultado proporcional aos alimentos que ingerimos.

...Um velho calção de banho, um dia pra vadiar...

Quem não mora na beira da praia e não pode desfrutar da brisa do verão no final da tarde, pode desfrutar dele na piscina, na praça, na contemplação em olhar pessoas e paisagens.

...E numa esteira de vime beber uma água de côco...

Há quem prefira uma rede e uma leitura. Há quem prefira um passeio, um teatro, um cinema ou mesmo um boteco à noite.

...Argumentar com doçura com uma cachaça de rolha...

E quando se fala em drinques da temporada, nos coquetéis que misturam ingredientes exóticos, falamos de coquetelaria. Nosso imaginário logo se aguça e nos apresenta as clássicas taças geladas de Dry Martini, cortejadas pelos bons de copo como Ernest Hemingway e que consta no catalógo da Internacional Bartenders Association (IBA).

barcelona
Bar Dry Martini em Barcelona

Este clássico foi inventado em 1910, por um barman de nome Martini, no bar do hotel novaiorquino Knickerbocker. Ele teria mexido gim e vermute seco a pedido de John D. Rockefeller. A mistura nunca deve ser batida e a taça tem que estar extremamente gelada.

...Bem devagar ir sentindo a terra toda a rodar...

Uma idéia nefasta nos traz à mente e ao fígado uma indispensável confusão, quando as misturas são inconciliáveis. Bombas de efeito imediato ou que você sente somente no outro dia. O sentido da coquetelaria é fazer uma alquimia em que a fórmula seja perfeita; para que ela se perpetue, podendo até ganhar novas combinações de ingredientes.

...Enquanto o mar inaugura um verde novinho em folha...

caipirinhaNo verão brasileiro as coqueteleiras se agitam para aqueles que querem algo além das caipirinhas. Muitos se arriscam, como é o caso da Dadá, quituteira baiana que inventou o "Sacanagem da Dadá" para dar emoção ao apimentado cardápio de seu restaurante.

A bebida foi concebida de uma troca de idéias com maîtres estrangeiros que participavam de um festival gastronômico em São Paulo. O drinque é uma combinação de várias frutas, amassadas e misturadas à vodca ou cachaça.

Sacanagem da Dadá - 2 rodelas de Kiwi, 1/2 caju, 1/4 de limão, 2 fatias de goiaba, 3 morangos, 1 colher de açúcar, 2 gomos de tangerina, 1 fatia de lima da pérsia, 3 umbus, 1/2 maracujá, 1 medida de cachaça. Amasse as frutas e junte ao líquido com bastante gelo picado.

Não foi somente a Dadá que arriscou fazer uma bebida que se tornou célebre no Brasil. Em São Paulo a Sorveteria Stuppendo aproveitou a matéria prima básica da casa e misturou os sorvetes de frutas com vodca ou vinho espumante atraindo uma clientela sempre cativa. Eu indico o Sorbetto de Limão ou o de Lichia.

Sorbetto de Lichia: 100ml de vinho espumante (prosecco ou outro) e duas bolas de sorvete de lichia. Bata no liquidificador e sirva.

Mojito do Bar Exquisito (SP): 10 folhas de hortelã, 2 colheres de açúcar, 1/2 limão em cubos, club soda para completar, 40 ml de rum prata, 40 ml de rum ouro, gelo e copo long drink. Amasse limão, hortelã e açúcar. Acrescente gelo e as doses de rum e complete com club soda.
Toque pessoal: acrescente 1/2 maracujá junto ao limão e hortelã na hora de amassar.

Se eu der mais sugestões vocês aparecem? Pois em Campinas também tem a Caipirinha do Coronel, que mistura saquê com suco de laranja e mel, do Bar Coronel Mostarda. Existem vários bares, bairros cheios de bares, mas nem todos ficam na nossa memória gustativa.

Lembrei que prometi para a Denise uma caipirinha de lima da pérsia e vou cumprir a promessa pessoalmente. Enquanto isto não acontece, sugiro que a Denise prove no Rio, no Caroline Café; o "Acapulco", se é que gosta de rum. Ou no Mizu; o "Summer time" que combina tequila com guaraná Jesus, um refrigerante produzido no Maranhão.

...Depois sentir o arrepio do vento que a noite traz...

Gente eu não bebo, viu? Sou como passarinho, dou algumas bicadas para provar. Como sou boazinha, vou passar a receita de um drink sem álcool que adoro!

drink de morangoAbstêmia Luz de Luma: 3 morangos fatiados, 1 colher de sopa de framboesa (pode ser congelada), 1 colher de sopa de amora (pode ser congelada), 2 colheres de chá de açúcar, club soda para completar e 1 pau de canela ou folhas de hortelã para decorar. Em um copo macere dois morangos fatiados, as framboesas e amoras com o açúcar, acrescente o gelo e club soda. Decore as paredes do copo com fatias do outro morango, arrumando delicadamente entre a mistura e os cubos de gelo. Finalize decorando.

...E nos espaços serenos, sem ontem nem amanhã...

Boas doses de prazer e de pura delícia!
Bom fim de semana!
Beijus,

*Em negrito a música "Tarde em Itapoã" (Toquinho e Vinícius de Moraes)

Doux faire Tous



Subi a serra neste fim de semana para participar do Festival Gastrônomico e levei comigo alguns livros de Elizabeth David. Pelo que podem ver estão todos bem marcados com fitinhas. Estes livros são bastante visitados por mim.

Para quem não sabe, Elizabeth David foi a responsável por mudar os hábitos alimentares da alta classe média britânica. Ela poderia esperar por isso ao publicar Mediterranean Food em 1950, mas não esperava que até os dias atuais seus livros, que misturam receitas culinárias com literatura, fossem tão consultados. Na verdade, além de misturar as receitas com literatura, as receitas são mais pitorescas do que práticas. Veja por exemplo, o Picti, que é um prato grego - um queijo de porco grego (?)

"Ferva uma cabeça de porco por horas em uma água fortemente aromatizada com folhas de louro e grãos de pimenta. Após o cozimento, parta-a em pedações grandes. Esprema 3 ou 4 limões ao caldo peneirado, despeje o caldo sobre o queijo porco, arrumado em grandes vasos de cerâmicas e deixe-o solidificar. Não é elegante, mas costuma ser muito bom"

Eu duvido muito que os leitores deste livro tenham se arriscado a confeccionar o queijo porco, tampouco tenham feito uso das instruções de como esfolar um polvo em uma outra receita.

Mas daí entram os méritos da autora que consegue mandar para bem longe o marasmo da vida inglesa daquela época; os ingredientes eram escassos, estavam em falta ou racionados, era necessário enfrentar filas e a frustração de não conseguir comprar o necessário para se comer durante uma semana. Os ingleses comuns, se não podiam comer como deveriam, comiam as páginas dos livros da Sra. David; receitas cozidas com vinhos, azeite, ovos, manteiga, cremes, aromatizadas com cebolas, alho, ervas e hortaliças meridionais de colorido "brilhante". Eu passo a entender o porque de hoje em dia, a culinária ter tanta platéia.

Com a publicação de seu segundo livro French Provincial Cooking, ela foi aceita como a maior escritora viva na área de culinária. O que se confirma em Omellete and a Glass of Wine, que é uma compilação de artigos publicados em jornal num período de 35 anos.

Para os candidatos a Chefs, como a Ludi, a leitura é prestante, simples, chegando a ser brusca em certas ocasiões. Reconhecemos que todo chef deve saber também da história do prato, da época em que foram criados, o porque do uso de certos ingredientes, além de outros detalhes que fazem do culinarismo uma ciência complexa, que envolve também os sentimentos e emoções humanas; e a poesia contida nos livros evoca uma ambiência exótica que apela para os sentidos da visão, do olfato e do gosto do leitor.

A Sra. David viaja por reminescências de lugares que conheceu, numa verdadeira literatura de viagem e disso também resultou o resgate de antigos folhetos impressos expostos em sua elegante loja de utensílios de cozinha em Londres.

De qualquer modo não é aconselhável ninguém começar a cozinhar por instruções impressas. Aprende-se a cozinhar observando outras pessoas e por tentativas e erro. Um bom livro não dá ao leitor informações sobre técnicas, mas trata de inspirá-los - mas veja que isso também pode não acontecer - as mais belas receitas, nem sempre inspiram o leitor mais receptivo a cozinhar - ou mesmo a comer.

Os livros de receitas que nos tocam o coração são aqueles que nos fazem retroceder no tempo, à cozinha da mamãe, às lembranças infantis ou mesmo à uma época mais antiga ou esplendorosa. O mais antigos dos sentimentos - a nostalgia - um desejo de passado mítico, em que a comida era fresca, não adulterada por conservantes químicos, intocada pela postura e afetação - onde imaginamos, recriamos odores e o recuperamos simbolicamente pelo simples ato de comer.

Mas não se fartem, heim?
Lembrem-se que os excessos (in)fartam.
Boa semana!
Beijus,

...em quietude, sem solidão

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