Hoje no finalzinho da tarde, resolvi sentar em um quiosque com amigos para tomar um chopinho. Nada como uma brisa do mar pra refrescar a alma, as idéias e espantar o calor. Papo vai, papo vem, cai o assunto BBB. Quem vai ficar com o milhão? Me senti como um espectador de partida de ping-pong. Não assisto ao programa e parece que a partir de agora, tenho por obrigação assistir. Senão fico fora da conversa. O Brasil inteiro assisti BBB?
Fiquei a pensar, enquanto ouvia ecos; Jean...Jean...Jean e de vez em quando; Pink...Pink...Pink e que se transformaram em Jean-ping e pink-pong...
Parece que a televisão aboliu de vez o tênue limite entre o real e o virtual. Todos os candidatos abrem mão de sua privacidade e a TV é autorizada a transgredir a privacidade alheia e os espaços físicos e psicológicos são invadidos. Tudo isso quando somado a uma hollywoodização do cenário, dando a ilusão ao telespectador estar tendo acesso ao "mundo real" dos outros como se fosse o "mundo verdadeiro". Qualquer ingênuo sabe que há algo de teatralismo histérico e exibicionismo dos participantes, já que todos sabem que estão sendo filmados, mas um quantum de gozo é obtido em ver. O voyerismo banal e compulsivo do telespectador certamente é maior que qualquer interesse científico ancorado na Psicologia Social, Antropologia ou Sociologia, até porque os personagens são uniformes.
Por sua vez o voyerismo é o oposto do exibicionismo, o indivíduo não interage com o objeto. No caso dos Reality Shows o termo é usado por extensão, não tendo que ter necessariamente contexto sexual como forma particular de prazer. A ação é substituída pelo olhar.
Alguém pode ressuscitar uma hipótese que diz que o reality show está se apropriando das pulsões perversas voyeristas do público que assiste aos programas, há um público faminto de intimidades alheias. Com a "tv realidade", o voyerismo saiu do universo vergonhoso; saiu da psicopatologia social e ganhou um espaço industrializado, publicamente aceitável e lucrativo.
Os programas de realismo show foram inspirado nos experimentos do Psicólogo Social, P. Zimbardo, décadas atrás e filmados primeiro em laboratório e depois reprojetados em uma casa montada, foram filmadas a maior parte das situações e depois levadas pela tv com a autorização dos participantes. Aqui passou no GNT, em 3 partes, com o nome de Zoológico Humano, onde o interesse parecia ser mais científico que comercial.
Mas antes deste experimento, o voyerismo já era um dos instrumentos básicos do cinema. Ainda na época do cinema mudo, Hitchcock e outros diretores afirmavam que quando se filma um close-up do ponto de vista de alguém, vincula-se o público aquela experiência. É a única forma de arte em que se exibe a mesma informação ao espectador e personagem simultaneamente.
Hitchcock com “Janela Indiscreta”, Kiestowsky com “Não Amarás” e Brian de Palma com “Dublê de corpo”, capturavam imagens de uma janela na ânsia do descobrimento de cenas inquietantes.
Por que o cinema e a televisão se utilizam do voyerismo?
“Padrões internos de prazer impõem a masculinidade como ponto de vista” (Mulvey) Isto posto, uma sociedade que se diz tão moderna, os mais velhos achando uma indecência tal conjunto de situações. Regredimos? A sociedade continua machista?
A mulher na cultura ocidental encara o “ser olhada” e por isso sua imagem é constantemente associada, na publicidade, à venda de produtos. A tela escala os homens como detentores do olhar e as mulheres como espetáculo – no caso em questão, a mulher se transforma em um bem de consumo.
UP! DATE! * A foto acima, foi só pra contrariar. O Mundo deixando de ser machista e os meninos, bens de consumo...
Pablo Espósito mostrando bumbum
Dinheiro compra dignidade?
Beijus,