Sobre uma certa teoria da mente e cérebros pandêmicos

Imagem: Alicia Vikander em "Ex Machina"

Teoria da Mente ou mentalização é a capacidade humana de compreender que outras pessoas têm crenças e desejos que podem ser diferentes de nossas próprias crenças e desejos. A visão atualmente predominante é que a ficção literária - muitas vezes descrita como narrativas que se concentram em retratos profundos dos sentimentos e pensamentos internos, podem ser vinculados aos processos da teoria da mente, especialmente aqueles que estão envolvidos na compreensão ou simulação das características afetivas. Vamos à leitura!

O processo mental da leitura nem sempre torna a pessoa emocionalmente envolvida, o que a psicologia explica porque a ficção é um ensaio para que essa capacidade de percepção do outro, como uma pessoa com crenças, ideais, sentimentos, afetos, intenções, ajuda a emocionalmente compreender o que o outro sente e para tanto, ter compaixão (empatia) para assim dialogar, reconhecer a forma de pensar do outro e na troca de informações, chegar a um denominador comum. 

Chegamos ao denominador daquela pessoa que consegue ter uma vida social benéfica para si mesma, ativa e com convivência interessante não somente para ela, mas para os que transitam em sua órbita. 

Pela intuição da nossa própria existência conseguimos através da introspecção que o ato de ler muitas vezes exige, momentos solitários de práticas individuais. Engraçado como viver bem consigo mesmo ajuda também a conviver bem com os demais. Porém o conviver consigo mesmo precisa de excelência e adição de boas práticas, como a oferta de bons momentos rodeados com tudo aquilo que mais gostamos. 

Nossa mente é uma armazenadora de sensações e nosso cérebro não reconhece o que é real do ilusório. 

Tive um choque quando soube dessa informação 👆. Compreender que uma lembrança é maleável e pode vir acrescentada de sentimentos bons ou ruins conforme relembramos, também nos faz entender que temos um limite até mesmo para mexer em nossa biblioteca mental. 

A cada dia construímos lembranças e informações. Selecionamos aquilo que deve ir para nossa biblioteca mental e várias vezes precisamos tirar a poeira com quem dessas lembranças participaram para não correr o perigo dessas lembranças serem enterradas dentro do nosso lixo mental.

Se podemos manipular nossas lembranças, que dirá o que faz uma boa leitura, quais sensações podem provocar, quais partes do nosso cérebro antes adormecidas serão despertadas e então instalar ali vivências, dores, prazeres que não são nossos, assim também acontece com os personagens dos filmes que de tão vivos em nossas retinas podem registrar em nosso cérebro uma vida que não é nossa.  

A pandemia de covid-19 é também um experimento cognitivo-comportamental, talvez o maior da história. Não falo somente pela infecção pelo coronavírus e suas sequelas, mas pelo estresse crônico provocado pela exposição prolongada às informações que remetem que não haverá um fim próximo da pandemia. Isso repetido várias vezes causa um estrago enorme em nossa mente.

A consequência é a liberação excessiva de cortisol, um hormônio que provoca muitos danos, como perda da massa do cérebro, dificultando aprendizado, causando perda da memória,  transtornos de humor e sentimentos de medo, como o de tomar decisões -  A mente desconfia do futuro e passa a usar as mesmas ferramentas quando enfrenta uma infecção. O Cérebro fica inflamado.

O cérebro é estimulado pelo novo, pelo diferente e deixa de prestar atenção quando existe uma rotina. Para alguns de nós, toda essa névoa mental será temporária, mas para outros não. 

Daqui para frente, falar sobre cérebros pandêmicos será um lugar comum, justo porque a melhor forma de combater sua instalação é alertar as pessoas sobre a sua existência. Se observe e observe as pessoas ao redor e, se possível, alerte-as sobre esse evento. 

- Veja quais são os efeitos da pandemia no nosso cérebro 

Procure dormir bem, cuide da sua leitura, do que assiste na TV, por onde anda seu pensamento e com quem convive. O mundo está cheio de palavras zangadas. Se não tivermos cuidado, esse espírito furioso cheio de informações desnecessárias, invadirão nossas mentes.

Somos a soma de tudo o que percebemos ao nosso redor e muito mais.