Mas que puxa!
No final do ano passado, embarcou no Brasil o primeiro volume de Peanuts Completo, contendo as tiras dos quadrinhos de Charles Schulz com a produção do autor entre o período de 1950 a 1952 [leia um trecho]
Nos Estados Unidos, a série foi lançada em 2004 e já publicaram 13 volumes, pela editora Fantagraphics [veja originais]. Ontem comecei a ler o segundo volume, que compreende o período de 1953 e 1954 e foi lançado no Brasil no mês de Março pela editora L&PM. Devorando!! [leia um trecho]
A coleção nos EUA já ganhou dois prêmios Eisner: O primeiro prêmio de Melhor Projeto de Arquivo de Tiras e o outro prêmio de Melhor Design, trabalho realizado pelo quadrinista Seth.
Cada volume da coleção pretende reunir cronologicamente dois anos de tiras e cada um dos volumes, também vem recheado com textos de pessoas que curtiram os quadrinhos, como Whoopi Goldberg, Matt Groeing, e Diana Krall. Pelas minhas contas, somente em 2016 toda a série estará publicada.
Nos Estados Unidos, a série foi lançada em 2004 e já publicaram 13 volumes, pela editora Fantagraphics [veja originais]. Ontem comecei a ler o segundo volume, que compreende o período de 1953 e 1954 e foi lançado no Brasil no mês de Março pela editora L&PM. Devorando!! [leia um trecho]
A coleção nos EUA já ganhou dois prêmios Eisner: O primeiro prêmio de Melhor Projeto de Arquivo de Tiras e o outro prêmio de Melhor Design, trabalho realizado pelo quadrinista Seth.
Cada volume da coleção pretende reunir cronologicamente dois anos de tiras e cada um dos volumes, também vem recheado com textos de pessoas que curtiram os quadrinhos, como Whoopi Goldberg, Matt Groeing, e Diana Krall. Pelas minhas contas, somente em 2016 toda a série estará publicada.
Tirinha traduzida pela Casa do Snoopy
O estrondoso sucesso de "Peanuts", a tirinha estrelada por Charlie Brown e seu cachorro Snoopy, é um enigma. Não tanto pela precariedade do traço - que na estréia, em 02 de Outubro de 1950, era ainda mais sujo e limitado do que hoje, o que se explica facilmente pelo fato de Charles Schulz, o autor, ter tirado diploma de desenhista num curso por correspondência.
O que torna "Peanuts" um fenômeno muito curioso é que todos os seus personagens sejam neuróticos às voltas com sonhos fracassados, numa espécie de negativo da auto-imagem que os americanos cultivam. É como se o público, por algum mecanismo insondável, tivesse dado a Charlie Brown e sua turma - e só a eles - licença para desmascarar todas as suas ilusões.
"Felicidade jamais criou humor: não há nada engraçado em ser feliz"
A frase foi dita certa vez pelo desenhista, tentando explicar o sucesso de Charlie Brown, Lucy, Linus, Schroeder e o beagle Snoopy. A série deveria ter se chamado "Li'I Folks" - algo como "Gente Pequena", mas o poderoso sindicato United Features, ao fechar com Schulz um contrato de distribuição, impôs o título "Peanuts" inspirado em um programa de sucesso na tv.
Quando os personagens de "Peanuts" foram escolhidos como símbolo da expedição espacial Apollo X, no fim dos anos 60, já estavam presentes em peças publicitárias, desenhos animados e toda espécie imaginável de produtos de consumo. No início dos anos 90, as tiras eram traduzidas em duas dúzias de idiomas e reproduzidas em mais de dois mil jornais pelo mundo - uma penetração comparável à dos personagens da Walt Disney.
Alguns críticos acusaram Charlie Brown e seus amigos de serem falsas crianças, na verdade adultos em miniatura, com preocupações e tiradas que não pertencem ao mundo infantil. Faz sentido, mas não consta que Schulz, a essa altura milionário, estivesse muito magoado com tais observações.
Trafegando entre o melancólico, lírico, filosófico e irônico, o tom das tiras de Charlie Brown é o de uma reflexão poética sobre a vida, com seus sonhos sempre mais ambiciosos do que a nossa capacidade de realizá-los.
Uma história real ilustra bem a cabeça de Schulz. Charlie Brown tenta permanentemente organizar com sua turma um time de beisebol que o conduza ao destino de treinador campeão. Seu time perdeu, certa vez, de 40 a 0, placar que deixou indignados muitos leitores americanos, fanáticos pelo esporte. Uma enxurrada de cartas endereçadas a Charles Schulz argumentava que um placar como esse era impossível. O autor respondeu que, lamentavelmente, seu próprio time, no ginásio, fora derrotado por essa contagem. E aproveitou para declarar, à maneira de Gustave Flaubert sobre Madame Bovary, que Charlie Brown era ele mesmo. Ou seja, um adulto.
"Ontem eu era um cão. Hoje eu sou um cão. Amanhã provavelmente ainda vou ser um cão. Puxa! Há tão pouca esperança de evolução" [leia + frases de Charles Schulz]
O que torna "Peanuts" um fenômeno muito curioso é que todos os seus personagens sejam neuróticos às voltas com sonhos fracassados, numa espécie de negativo da auto-imagem que os americanos cultivam. É como se o público, por algum mecanismo insondável, tivesse dado a Charlie Brown e sua turma - e só a eles - licença para desmascarar todas as suas ilusões.
"Felicidade jamais criou humor: não há nada engraçado em ser feliz"
A frase foi dita certa vez pelo desenhista, tentando explicar o sucesso de Charlie Brown, Lucy, Linus, Schroeder e o beagle Snoopy. A série deveria ter se chamado "Li'I Folks" - algo como "Gente Pequena", mas o poderoso sindicato United Features, ao fechar com Schulz um contrato de distribuição, impôs o título "Peanuts" inspirado em um programa de sucesso na tv.
Quando os personagens de "Peanuts" foram escolhidos como símbolo da expedição espacial Apollo X, no fim dos anos 60, já estavam presentes em peças publicitárias, desenhos animados e toda espécie imaginável de produtos de consumo. No início dos anos 90, as tiras eram traduzidas em duas dúzias de idiomas e reproduzidas em mais de dois mil jornais pelo mundo - uma penetração comparável à dos personagens da Walt Disney.
Alguns críticos acusaram Charlie Brown e seus amigos de serem falsas crianças, na verdade adultos em miniatura, com preocupações e tiradas que não pertencem ao mundo infantil. Faz sentido, mas não consta que Schulz, a essa altura milionário, estivesse muito magoado com tais observações.
Trafegando entre o melancólico, lírico, filosófico e irônico, o tom das tiras de Charlie Brown é o de uma reflexão poética sobre a vida, com seus sonhos sempre mais ambiciosos do que a nossa capacidade de realizá-los.
Uma história real ilustra bem a cabeça de Schulz. Charlie Brown tenta permanentemente organizar com sua turma um time de beisebol que o conduza ao destino de treinador campeão. Seu time perdeu, certa vez, de 40 a 0, placar que deixou indignados muitos leitores americanos, fanáticos pelo esporte. Uma enxurrada de cartas endereçadas a Charles Schulz argumentava que um placar como esse era impossível. O autor respondeu que, lamentavelmente, seu próprio time, no ginásio, fora derrotado por essa contagem. E aproveitou para declarar, à maneira de Gustave Flaubert sobre Madame Bovary, que Charlie Brown era ele mesmo. Ou seja, um adulto.
"Ontem eu era um cão. Hoje eu sou um cão. Amanhã provavelmente ainda vou ser um cão. Puxa! Há tão pouca esperança de evolução" [leia + frases de Charles Schulz]
-->Indicação de leitura:
- 10 anos sem o criador do Snoopy e sua turma, matéria de Waldomiro Vergueiro para o site "Omelete";
- Dilemas de gente grande, matéria publicada no Jornal da Paraíba e disponibilizada pelo Renato Felix, do blogue "Boulevard do Crepúsculo";
- Mas que puxa tradução do bordão Oh Good grief repetido sempre por Charlie Brown.
Luma,
ResponderExcluirEstes livros estão em minha lista de desejos. Gosto muito de Peanuts, tanto quanto de Mafalda, só posso dizer que não se faz mais crianças como antigamente.
Grande abraço.
Não muito fã, preferia os Disney, provavelmente porque os desenhos eram bem feitos e mais fáceis de ler.
ResponderExcluirmas sou fã do Woodstock!
bj
Luma,
ResponderExcluirUma brilhante postagem. Gosto muito dos Peanuts, e os livros são excelentes, mas confesso que gostava muito mais do Woodstock também, como bem disse o amigo Milton. Abraços. Roniel.
Foi ótimo saber disso. Adoro Peanuts!
ResponderExcluirBjoo!!
Peanuts foi um dos maiores exercícios de crítica o "american way of life" já escrito. Em plena era da plenitude do estilo de vida americano.
ResponderExcluirE também um protesto denso sobre o sofrimento de ser criança num mundo de combranças e vencedores.
E, meio século depois, ainda continua muito atual.
Shisuii
Oi Luma, minhas tiras favoritas. assim como as de Mafalda. Rica e bela postagem, muitas informações.
ResponderExcluirTô ligado.
Beijo pra vc.
Luma, não sei se só sou eu que não estou conseguindo ler os posts, mas passei para avisar. Consegui encontrar os comentários no 1 cm que aparece do blog, o restante da tela é uma barra cinza enorme. Já faz uma semana que tem aberto assim.
ResponderExcluirBeijo
Desconhecida toda essa polémica em torno desses famosos da banda desenhada, não os meus favoritos, mas nunca deixei de os ver:)
ResponderExcluirPor exemplo comparar "essa turminha" com alguns actuais e japoneses ou chineses...é como da noite para o dia, já que foram desenhos animados que atravessaram gerações e continuam actuais.
"Mas que puxa"!
ResponderExcluirAdoro!!
;))
Nao imaginava que esses personagens pudessem ter tanta penetração quanto Walt Disney. Nunca adorei nao, mas sempre achei o Snoopy o caozinho que eu queria ter.
ResponderExcluirAmei a frase destacada de que felicidade nao faz humor. Puxa que braba essa vida! Hehehehehe
E nem tinhqa idéia que o nome Peanuts foi imposto. Leis do mercado ne? Mas foi legal, por que little alguma coisa ja tem muito por ai.
Beijos da Cam
Hoje uma oração para os meus amigos:
ResponderExcluirSenhor, Olhai pelo meu amigo!
Que as pedras sejam removidas do seu caminho,
Que tenha forças para carregar seus fardos,
Que encontre coragem para resistir ao mal,
Que possa ver o amor em todos os seres,
Que seja abraçado pela lealdade,
Que encontre conforto e saúde se estiver doente,
Que seja próspero e saiba partilhar,
Que tenha paz cobrindo seu espírito,
Que sua mente obtenha os conhecimentos,
Que use sabedoria para aplicá-los,
Que saiba distinguir o Bem do mal,
Que tenha Fé para manter-se forte na dor.
SENHOR, Olhai pelo meu amigo!
Protegei cada passo que ele der,
Que a cada novo dia ele aceite o novo,
Que saiba alegremente comunicar novidade,
Que Vos sinta em todos os momentos
E que tenha o Vosso colo por toda a Eternidade!
Amém.
(desconheço autoria).
beijooo.
sempre achei bacana os personagens "peanuts"
ResponderExcluirmuito legal a sua postagem
abçs
Luma, foi voce quem colocou o selinho para mim? Obrigada querida, eu nao ia te pedir, sei que voce esta atarefada e com tantos sentimentos para colocar arrumadinhos no coração.
ResponderExcluirBeijos e mais uma vez muito obrigada!
Cam
Luma:
ResponderExcluirCada vez que venho comentar aqui, minha lista de desejo aumenta...
Mais uum para minha coleção.
Beijos.
Anny.
Não conheço muito bem, infelizmente.
ResponderExcluirAssim sendo, a convido para viajar lá em casa.
Abraços.
Luma,
ResponderExcluirAcho os personagens adoráveis. Sempre os senti adultos, mas mesmo assim me encantava e ainda encanta, quando releio, o jeitinho peculiar que eles encontram para resolver os problemas. Minduim é sem dúvida um fracasso e já que o autor diz ser ele mesmo, não condiz com o sucesso das tirinhas.
Beijocas
Que coincidencia
ResponderExcluirEsta semana a minha cunhada estava trabalhando na escola sobre tirinhas.
Ela mostrou as da Monica, cebolinha.
E as crianças adoraram.
com carinho Monica
Sempre achei os personagens muito adultos, mesmo. Muito filosóficos, mas entendo que o objetivo era este mesmo, falarem através do autor, adulto.
ResponderExcluirSão impagáveis, deliciosos.
Gosto de quase tudo destinado às crianças, mas que atingem os adultos.
Mafalda, também, nada tem de apenas uma menininha!
Beijos!
Mesmo assim, é um quadrinho massa, mas lembrei de algo, quando seria a diferença da Malfada?
ResponderExcluirPois ela também era um bando de crianças que falam coisa sérias (então seria algo similar ao Charle Brow)...
Fique com Deus, menina Luma.
Um abraço.