"Yoko, por favor, compreenda, eu não estava matando uma pessoa real. Matei uma imagem" Mark David Chapman, assassino de John Lennon, numa entrevista à rede de Televisão Americana ABC, em Dezembro de 1982.
Quando fiquei sabendo da
tragédia que se abateu sobre a família do cartunista
Glauco, logo lembrei da frase acima e resolvi resgatar meu kit Lennon. A música no player acima é pouco conhecida, sendo uma das primeiras da carreira solo de John Lennon. Vale ouvir para ir além de "
Imagine".
Por ocasião da estupidez da semana passada, tentei compreender, além da loucura, o que levam pessoas, de uma maneira geral, a adicionar homeopaticamente em suas psiques, negativismos que lhes deixam sem base para ações positivas, tanto para si como para as pessoas com as quais convive.
Quando vi os olhos do assassino confesso do cartunista, me lembrei de um rapaz da minha cidade natal e de como ambos, possuem semelhanças em suas histórias. A mídia fala do
chá Ayahuasca que evoca o Santo Daime - não vou falar do chá porque, sinceramente, não compreendo o uso do chá e porque ele é usado para aproximação divina. Mas... Falam do chá porque o Glauco estava envolvido e estão esquecendo de usar da oportunidade para questionar assuntos pertinentes a toda a sociedade.
Eu reconheci no rapaz, uma pessoa conhecida e aposto que muitos já reconheceram aquele olhar, desvinculado de sentimentos e desnorteado de ações: pessoas drogadas advindas principalmente de lares desestruturados.
Daí você se pergunta, o que pode fazer em relação a isso? - Você não tem nada com isso - e assim sabemos de fatos reais pelas manchetes dos jornais e nas telas da tv, esperando o próximo capítulo da novela. Você, mero espectador da vida e tem seus palpites.
Eu, superficialmente sinto que o crime foi passional.
A IBM veiculava uma campanha que fazia a seguinte pergunta
"O que faz você especial?" - você sabe, o que te distingue das outras pessoas?
Já me fiz essa pergunta várias vezes e encontro a resposta quando me sinto útil, não no sentido de me escravizar em função disso, mas de ver que algum gesto meu, contribuiu para a melhora de vida de alguém - seja direta ou indiretamente.
Pessoas que não se sentem inseridas dentro da sociedade, padecem de um mal chamado
"Síndrome do Zé Ninguém" - são pessoas anestesiadas mental e moralmente pelo que acontece à sua volta, não possuem ação para nada e muito menos reagem.
A tendência dessas pessoas é não querer se envolver com os acontecimentos negativos, tristes que assolam outras pessoas ou o mundo. Essa pessoa se basta e quando alguém tenta penetrar no mundo do "Zé Ninguém", a resposta invariavelmente é "Não me interesso por este assunto" ou "Não entendo nada disso"... As desculpas são várias. No mundo criado pelo "Zé Ninguém", somente ela sente dor e ninguém mais liga pra ela - um pobre coitado!
O "Zé Ninguém" se questiona quando pressionado: "Sozinho não vou fazer a menor diferença" - fará diferença para quem você convive. Mesmo que não note, suas ações são observadas, pelo pai, mãe, filho, amigos... Se você guarda um papel de bala dentro do bolso quando não encontra uma lixeira, se tenta ajudar alguém em apuro, se você manda um e-mail para um político reclamando de suas ações... Parece que não vai fazer diferença, mas faz!
Quantos pais ausentes ou filhos ausentes se espalham por aí? - Seu filho está ouvindo música alta - aquela música que você não gosta e que não faz esforço nenhum para gostar e o que você faz? - Sua mãe está lá na cozinha, preparando o jantar, cantarolando uma música que você não gosta e que você não faz esforço nenhum para gostar, o que você faz?
Se reagíssemos positivamente ao invés de criticarmos... Se aceitássemos o outro, com seus gostos, desgosto e defeitos, poderíamos achar graça da nossa rotina e quem sabe aproveitar o momento feliz para distribuir um pouquinho de carinho. Os pais se lembrando de como 'eram' seus micos musicais que hoje se envergonham de confessar aos filhos - ah, o que era aquele corte de cabelo horroroso que usou? Confessa que também viveu essa juventude! :=))) Pois tudo faz parte do processo de crescimento e uma crítica mal feita, pode desviar o curso de uma vida ou mesmo destruí-la. Assim, para não destruir o dia: lasca um beijo na mãe desafinada!
Talvez o melhor das ações presentes, não seja querer mudar o curso da vida e sim, não nos arrependermos mais tarde daquilo que não fizemos.