A minha magrela
Poderia ser a companheira de todas as horas, porém, às vezes a mantenho no cárcere. Se pudesse a levaria para todos os lugares comigo e há dias que olho para ela e penso: Poderíamos sair por aí, dar voltas à esmo pela rua, na chuva, na fazenda... Ah, os compromissos que me tiram dessas viagens e, descarto a ideia de sair por aí, sem lenço e sem documento, eu e minha magrela!
Se me chateio se por dias que nem a olho e se não chego nem perto, fico lembrando da brisa que corava o meu rosto no verão e que agora, essa mesma brisa virá fria e congelante, neste inverno. Mesmo assim, quando estamos somente eu e ela, nada importa! Sinto meu corpo aquecer, a circulação correr, o coração bater mais acelerado e meus pensamentos se desligam e divagam, relaxados... anestesiados.
Foram tantos suores compartilhamos e tantas sedes saciadas, eu e minha magrela!!
Por ela já sangrei, quebrei cotovelo e torci tornozelo... quase quebrei nariz e tive a vida por um triz.
Na caixinha da memória, lembro quando fui proibida de olhar pro lado dela, mas lá estava ela, pronta! E quantas vezes te busquei às escondidas? Quantas saídas solitárias pela noite...
Companheira arisca e aventureira, calma e faceira. Com você subi montanhas e desci ladeiras!
Por você faço promessa! Neste fim de semana te encho os pneus e vamos embora!