Estigmatizada por "E Deus criou a mulher" e porque a beleza não é eterna, vale lembrar também, que foi um homem que criou Brigitte Bardot!
Robert Vadim não era bobo. Em 1956 este diretor francês lançou o seu primeiro filme, revelando ao mundo uma jovem atriz com quem se casara. Uma revelação e tanto: em ousadas cenas de nudez para a época, Brigitte Bardot virou estrela do dia para a noite com o filme "
E Deus criou a mulher".
B.B. como ficou conhecida, já tinha 17 filmes no currículo, nenhum deles expressivo, quando fez o papel de Juliette, a moça que tem um caso com o irmão do rapaz com quem acabou de casar.
Vadim a descobrira, quando ela, aos 15 anos, aparecera na capa da revista "
Elle" como uma espécie de debutante do ano - usando da oportunidade de ser filha de um industrial burguês de Paris e ter a mãe, como grande amiga de Helene Lazareff, fundadora da revista. Nesta época ainda usava seu nome de batismo - Camille Javal.
O Futuro cineasta ainda era assistente de produção e soube ali que esta seria a atriz de seu primeiro filme. Casou-se com ela três anos depois e foi planejando a sua obra, enquanto ela ganhava intimidade com a câmara em pequenos papéis.
Quando rodou o filme, B.B. tinha 22 anos e aparentava menos e exalava sensualidade. Com seus lábios carnudos se juntando num beicinho que deixava os homens loucos e as mulheres morrendo de inveja.
B.B. era, em tudo, diferente das estrelas de cinema da época. Hollywood vendia ao mundo atrizes inacessíveis em vestidos vaporosos. Bardot usava sapatilhas baixas e vestidos de xadrezinho vichy, rosa e branco. Era uma "beleza afável", segundo a escritora Marguerite Duras.
Bardot colecionou papéis, maridos e amantes - já durante as filmagens de "E Deus criou a mulher", teve um caso com o ator
Jean-Louis Trintignant, o que a conduziria ao divórcio de Vadim.
Ela lançou muitas modas para depois desprezar sua aparência e tentou suicídio 3 vezes. Na França, celebrizou Saint Tropez, onde se refugiou na sua praia particular, La Mandrague, após deixar o cinema.
No Brasil, onde passou uma temporada no verão de 1964 com o namorado Bob Zagury, fez a fama de Búzios, então uma pacata aldeia de pescadores.
Não chegou a ser uma atriz estupenda, mas a sua presença na tela nunca era menos do que fascinante. Fez muitos filmes descartáveis e uns poucos que sobreviveram, como "
O Desprezo", de Godard e "
Viva Maria", de Louis Malle.
Em 1973, aos 39 anos, demonstrando estar descontente com a humanidade, disse adeus às telas e se lançou de corpo e alma às campanhas pelos direitos dos animais; defendendo causas como, o uso de animais em circos, venda de gatos e cachorros em classificados, fim das brigas de galo, touradas e uso de pele de animais para confecção de artefatos, incluindo os casacos de pele.
Em 1992 casou-se com o político francês de extrema direita,
Bernard d´Ormale e em 2003 publicou o livro "
Um Grito no Silêncio", fazendo uso de uma escrita amarga que provocou polêmica, onde foi acusada de exaltar preconceitos, entre eles, contra imigrantes, homossexuais e negros. Tornou-se uma vergonha para os franceses, por total descalabro.
Os fãs preferem lembrar da jovem loira sexy dos anos 60 e aproveiando-se da data de 28 de Setembro, dia do seu nascimento, o
Museu dos Anos30 em Boulogne-Billancourt na França, apresenta a partir do dia 29, uma exposição em homenagem à B.B.. A proposta é fazer uma viagem pela carreira da atriz, onde serão apresentadas fotografias realizadas por Richard Avedon, Andy Warhol, Pierre Boulat, Sam Levin e também correspondências trocadas com Jean-Paulo Belmondo, Valéry Giscard d’Estaing e Alain Delon.
Henry-Jean Servat, diretor da exposição disse que além de contar a vida de Brigitte Bardot, a exposição trata da história da França, pois B.B. foi uma personalidade que provocou mudanças de comportamento na época, influenciando a sociedade francesa.
B.B. está prestes a ganhar sua própria
cinebiografia. Um dos filmes será lançado pelo quadrinista e agora diretor de cinema Joann Sfar e entitulado "
Vie Heroique" e trará B.B. no auge da fama e beleza, interpretada pela atriz Laetitia Casta.
Neste filme, porém, o personagem central é outro artista: Serge Gainsbourg, que além de músico, cineasta e ator, é um grande "pegador" nas horas vagas e não vagas.
Um
outro filme, que também está a caminho, trata da vida da artista pelas mãos de Kyle Newman, onde Jaime King dará rosto à atriz.
B.B. está em todos os cantos da França - a capa da revista
W Magazine de julho, com
Daria Werbowy, Kate Moss e Lara Stone - aponta Lara Stone (
veja foto) como a nova Brigitte Bardot, título anteriormente dado à Claudia Schiffer.
Já no desfile de inverno,
coleção 2010 da Chanel, este make já havia aparecido e a
W Magazine, aproveitou a 'inspiração'. Karl Lagerfeld também mostrou em sua coleção de 2007 alguma referência à B.B., já que segundo o próprio, usou Amy Winehouse, porque esta teria lhe remetido B.B. - já que considera Amy, o “negativo” de B.B.
A aparência de Lara Stone, muito lembra B.B., porém na atitude, prefiro apostar em Kate Moss ou Siena Miller como musas francesas que possuem um "Q" de Brigitte Bardot.
Vejam este vídeo dirigido por Sofia Coppola, rodado em Paris, do comercial do
Miss Dior Chérie.
Já no Brasil, no último desfile primavera/verão 2009/2010 do Fashion Rio, Helô Rocha da
Têca disse ter se
inspirado nas divas francesas -
Jane Birkin e
Françoise Hardy, com grande destaque para a leveza despojada de Brigitte Bardot em referência à Riviera Francesa, para elaborar a sua coleção.
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Independente da moda, do cinema, interessante o modo como uma personalidade pode influenciar uma época - muitas pessoas não sabem, mas Brigitte Bardot foi o rosto que serviu de modelo para o
busto de Marianne, personificação da República e a guardiã da Constituição Francesa. Brigitte Bardot envelheceu e deixou de ser apenas rosto e corpo, aliás, há quem diga que ela abandonou o próprio corpo.
A ridicularização que fazem em torno de sua degradação física e da opção de vida que fez, esbarra na concepção dos valores sociais, onde apenas a juventude artificial é exaltada, nos leva a acreditar que Brigitte Bardot tem consciência da sua importancia para uma época, em que a indústria cinematográfica se aproveitava da imagem da mulher para se promover e ela também se aproveitou disso, lógico! Principalmente quando divergiu da fórmula americana das divas hollywoodianas que portavam cabelos bem arrumados, roupas ajustadas e maquiagem carregada a la Marilyn Monroe. Vários clones de Marilyn haviam surgido, até que surgiu Brigitte Bardot, não era uma diva, era uma mulher de carne e osso, bem natural, com suas roupas simples e cabelos ao vento, sem laquê.
No texto
Mega tons e sensualidade que escrevi, comparando o biquini à bomba atômica; já que ambos foram lançados em conjunto e 'causando' - o mulheril da época, constrangidas com as duas peças, deram nada para os "quatro triangulos de nada" - e Louis Read, um engenheiro mecânico quase afogou, aquela sua invenção inspirada em "Atol de Biquini", no pacífico sul, onde os americanos faziam testes nucleares.
Brigitte Bardot foi uma das primeiras 'corajosas' a usar um biquini e além desta peça do vestuário, é a responsável pela popularização da camiseta preta, do xadrez vichy, das sapatilhas Repetto, das calças capri e dos vestidinhos leves.
E até o dia 03 de Outubro, acontece a exposição “
Brigitte Bardot e os primeiros paparazzi”, na
Galeria James Hyman, em Londres, onde já estão reunidas 75 fotografias que marcaram “
uma forma diferente de olhar para as celebridades e o início de uma nova cultura” de autoria de alguns dos mais famosos fotógrafos de celebridades nos anos 1950 e 1960.
imagensIndicação de leitura:
O rosto no Cinema do blogue Cinema Europeu por Roberto Acioli de Oliveira - Este blogue é excelente! Um verdadeiro tratado sobre o cinema, para ser lido do fim para o início e acompanhar.
"Eu dei minha beleza e minha juventude aos homens. Agora dou minha sabedoria e minha experiência aos animais."(Brigitte Bardot)Lembrando que, na vida cada um escolhe o seu caminho!
Boa semana!