Café da manhã
pôs o café
na xícara
pôs leite
na xícara com café
pôs açúcar
no café com leite
com uma colherinha
e mexeu
bebeu o café com leite
sem falar comigo
acendeu
um cigarro
fez círculos
com a fumaça
pôs as cinzas
no cinzeiro
sem falar comigo
sem olhar pra mim
levantou-se
pôs
o chapéu na cabeça
vestiu
a capa de chuva
porque chovia
e foi embora
debaixo de chuva
sem uma palavra
sem nem me olhar
e eu
pus a mão na cabeça
e chorei
Jacques prévert (Neuilly-sur-Seine, 1900 - Omonville-la-Petite, 1977) - Um dos poetas mais populares da França, expoente do movimento surrealista, retrata em seus poemas os tons cinzas do cotidiano com colorido sarcasmo e meios-tons de humor. Autor de canções famosas, interpretadas por artistas como Juliette Gréco ou Yves Montand e de roteiros cinematográficos, dirigidos por Jean Renoir e Marcel Carné, entre outros, onde miniaturiza o homem a frente de um século pulverizado pelas engrenagens, motores, máquinas, violência, guerra e morte.
Imagens, Curta-metragem "Amargo Café" (ainda em fase de finalização)
Você pode postar um conto, uma crônica, um poema, foto, pintura ou qualquer coisa que represente o tema "Encontros e Desencontros" - participe!
Seguindo os passos do nosso poetinha! SARAVÁ! Em seu Samba da Bênção (Composição: Vinicius de Moraes / Baden Powell)
A vida comigo é a arte do encontro
Embora haja tanto desencontro pela vida
(...)
Ponha um pouco de amor numa cadência
E vai ver que ninguém no mundo vence
(...)
Saravá!
A bênção, que eu vou partir
Eu vou ter que dizer adeus
Bons encontros e adeus desencontros!
Saravá!
Bom fim de semana!
Beijus,