Antártica, qual seu mistério?

Num momento em que o Brasil lamenta a perda de sua base científica na Antártica no último dia 25 de Fevereiro, atrasando uma série de pesquisas, cientistas de outras partes do mundo lutam para desvendar um dos maiores mistérios do continente. Em um de seus extremos, a cobertura de gelo está minguando - algo previsto em todos os prognósticos traçados pelos climatologistas. No outro lado, porém, o gelo estaria avançando sobre o mar.

É importante entender essa disparidade, considerando que quase 70% da água doce do mundo está armazenada como gelo na Antártica. A maior parte estaria nas camadas que cobrem o continente; há, no entanto, também uma parcela considerável como gelo de mar. Em ambos os casos, a cobertura passa por uma grande expansão no inverno e derrete quase todo no verão. Alguns dos estudos de brasileiros estavam relacionados a mudanças climáticas.


Acompanhando os termômetros globais, a temperatura do ar sobre o continente como um todo, aumentou 0,5 graus celsius nos últimos 50 anos. Ao mesmo tempo, a extensão de mar congelado também aumentou - em cerca de 1% por década desde o início dos registros por satélite, em 1979.

Cientistas que tentam equacionar as duas tendências aparentemente contraditórias sugerem que há mais gelo no mar por causa do buraco na camada de ozônio sobre a Antártica.


Explica-se: esse buraco estaria afetando os padrões climáticos, aumentando o volume de ventos. Por causa disso, o gelo, assim, é espalhado pelo mar e distancia-se do continente, o que poderia induzir a uma medição equivocada da extensão do mar congelado.

Outra teoria é que a quantidade de água doce no oceano no hemisfério sul cresceu, diluindo o teor de sal da água do mar. Isso altera os padrões de circulação do oceano, auxiliando o crescimento do gelo nas águas.

Mas essa dispersão do gelo pelo oceano é apenas uma das incógnitas da história da Antártica. Pesquisadores também usaram observações por satélite da cobertura de gelo para medir se o seu volume sobre a terra está sendo ampliado ou reduzido.


As tentatativas de responder essa questão vieram com estimativas absolutamente opostas. Segundo um estudo, houve um crescimento de 100 bilhões de toneladas de gelo por ano, desde os anos 60. Outro levantamento, porém, avaliou uma perda de 200 bilhões de toneladas anuais no mesmo período.

Os relatórios mais recentes, podem chegam à mesma conclusão: a camada de gelo está perdendo substância. E, além disso, o índice de perda está aumentando. Esse decréscimo não é uniforme em todo o continente. Estima-se que o leste da Antartica seja relativamente estável. A maioria do gelo é perdida no lado oeste, particularmente na Península Antartica - exatamente as regiões em que a temperatura global, como todo o resto do planeta, está aumentando.

• Imagens: Referencial/Internet & Getty Images.
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