Em Busca da epifania perdida
"Ulysses" é a "Odisséia" retomada - não recontada - em termos modernos e com forte incidência humorística. Na epopéia de Homero, o herói viaja dez anos de volta para casa, após o final da guerra de Tróia. No romance de James Joyce esse tempo é compactado em um único dia 16 de junho de 1904 - o dia em que conheceu Nora, sua mulher.
A boa nova para nós brasileiros é que Joyce e Proust ganham novas edições nacionais em 2012 pela Companhia das Letras: "Ulysses" traduzido por Caetano Galindo e "Em Busca do Tempo Perdido", de Marcel Proust que terá edição em sete volumes.
Coloquei James Joyce e Marcel Proust juntos na estante, mas há quem tenha imaginado "Uma Noite no Majestic: Proust, Joyce, Picasso, Stravinsky e Diaghilev no grande jantar modernista de 1922". Richard Davenport-Hines, escreveu este livro cheio de histórias picantes deste jantar milionário no Hotel Majestic, oferecido a 40 artistas daquela época, incluindo Proust e Joyce - justificando que os dois foram convidados, porque juntos destruíram as certezas literárias do século XIX. O diálogo entre os dois que consta no livro, foi monossilábico de parte a parte e pouco cordial.
- Sugestão de leitura: A Última Ceia do Modernismo
A Revolução que em inícios do século XX, homens como Sigmund Freud, Albert Einstein e Pablo Picasso promoveram na psicologia, na física e na pintura, teve seu equivalente literário na ficção de Marcel Proust (Paris, 1871-1922) e James Joyce (Dublin, 1882 - Zurique, 1941).
Desde o primeiro momento ambos foram reconhecidos como inovadores radicais. Com suas obras-primas, os romances "À la recherche du temps perdu" ("Em busca do tempo perdido") e "Ulysses", eles criaram técnicas inusitadas de acesso aos porões dos comportamentos e modos de grande eficácia poética no registro da experiência humana.
Proust e Joyce encontram-se apenas uma vez e segundo a lenda só falaram de usas respectivas doenças. Os dois eram bem diferentes, mas tinham algo em comum. Proust foi superprotegido pelos pais, um médico de renome e uma judia bela e abastada. Asmático, encerrou-se durante anos em um quarto com paredes forradas de cortiça. Alcoólatra, o pai de Joyce levou a família à ruína. O escritor exilou-se no continente, voltando à Irlanda apenas para negócios. Estressado pela precariedade da vida material, perdeu parte da visão e morreu com uma úlcera perfurada.
Ambos vieram ao mundo em momentos de crise - Proust na ressaca da Comuna, Paris ainda cercada pelos alemães vencedores da guerra de 70; Joyce no ano em que os nacionalistas começaram sua prolongada e sangrenta luta pela independência da Irlanda. Ignoraram a política partidária, mas não fecharam os olhos às utopias. Ambos tinham uma aguda percepção da vida social, que se apresenta como um mosaico na "Recherche" e com um quadro pontilhista em "Ulysses".
Proust captava o mundo com a amplitude de uma grande angular e Joyce concentrava-se como um laser no essencial. Ambos acharam tesouros até então desconhecidos.
Se você se interessa pela vida e obra destes dois escritores, continuarei este texto em outro blogue. Assim os preguiçosos em ler e saber, não terão do que reclamar que o texto está enooorme e tals. Aqui no "Luz" ficaremos na superfície e se quiser se aprofundar, venha comigo!
"A verdadeira viagem do descobrimento consiste não em procurar novas paisagens, mas em ter novos olhos. (...) Não podemos mudar as coisas de acordo com nosso desejo, mas gradualmente nosso desejo muda" Marcel Proust.
"Quero fazer um retrato tão completo de Dublin que, se a cidade subitamente desaparecer, poderá ser reconstruída (...) Incluí tantos enígmas e charadas que os estudiosos ficarão ocupados por séculos (...), única maneira de garantir a imortalidade" James Joyce.
Que post maravilhoso. Voce é muito chique Luma. E cheia de informações instigantes. Nao tinha a minima idéia desse Bloomsday. Que coisa mais bacana. E que interessante essa visao dos dois autores, um floresta e outro árvore. Quero ler Ulisses. Jamais passou por minhas maos e meus olhos. Uma falha tecnica e tanto.
ResponderExcluirObrigada por ter recolocado meus links. Foi voce ne? Ou reapareceram feito fantasmas? Nao. A borboletinha passou por camelia...
Beijos amiga!
Cam
Luma,
ResponderExcluirTenho um certo medo de Joyce. A biblioteca daqui, desde que me lembro, possui um exemplar de Ulysses, praticamente intacto. Sempre me disseram que é uma leitura difícil, mas, pelo visto, não tão difícil a ponto de não ter seus fãs - e seu dia especial.
Vou mergulhar um pouco mais.
Beijo.
Eu vou ler lá, Luma! Imagina se perco essa chance... Que texto longo, que preguiça, que nada!
ResponderExcluirBj!
Ulysses preciso reler, mas adorei a ideia do dia em sua homenagem. Estudei sobre ele e quando li, entendi menos do que devia (pela sua estrutura).
ResponderExcluirJa Proust preciso ler ainda por primeira vez.
Ainda confia em mim sabendo que nao li? rss
Bjx
Roy
Luma é cultura!
ResponderExcluirTenho muito que ler e aprender ainda.
Nunca tinha escutado falar no Ulysses.
Desconhecia o Bloomsday.
Que vergonha né?
Preciso me atualizar.
E vir aqui mais vezes.
Parabéns!
Bjokas
Boas informações por aqui, como de costume.
ResponderExcluirDesconhecia esse dia Bloom...
Proust, já notou, é meu velho aliado.
Beijocas
Luma queridíssima, que post portentoso.
ResponderExcluirÉ impressionante como a leitura de Joyce, ou mesmo o próprio Joyce, convoca sempre o grandioso, o intenso, o *luminoso* e o *numinoso*.
Ei queria fazer uma cópia de um parágrafo do seu post mas, com a vista ruim, tive dificuldades de selecionar e copiar. Como é relativamente grande, várias linhas, deixo de mencionar.
Vou já para o draft to draft (que beleza!) mas devo voltar, the narrow is here!
beijos, bless thee, brave chikd!
Meg
P.S - Tomara que vc leia esse comment: seu talento e seu brilho são incontestes.
Perdão, querida:
ResponderExcluironde se lê *narrow* leia-se *marrow*
What a lapsus!
beijão.
M.
Digo e repito: Adoro a frase Luma está de olho em você! Me faz retomar minha felicidade imediatamente! RSSS
ResponderExcluirLuma, eu confeço minha ignorância, e me sinto iluminado aqui! não sabia deste dia! Conheço uma frase de Joyce, e pretendo lê-lo, tbem fui certa vez atrás de Virgínia Wolf, mas o clima depre do livro me fez recuar.. eu estava em uma fase difícil, mas é outra escritora intensa e genial!
Interessante que os gênios sempre acabam pobres em sua maioria, como é o caso de Proust e Joyce... acredito em um Novo Tempo e na cura deste Mito!
Realmente eles encontraram tesouros, eram dois profetas, além de seu tempo! Insubstituíveis, mesmo não tendo lido ainda sinto isso! Mas vou ler em breve! fui ver o outro Blog e lá comento mais!
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Vim te convidar para o aniversário do Versos de Fogo amanhã dia 18, quero muito te ver amanhã, pois vc foi e é uma inspiração pra eu fazer um trabalho cada vez melhor na Blogosfera!
Bjus de Luz!
Emendando-me, se Proust não era pobre era trágico... aquela época dele era muito difícil!
ResponderExcluirEu voltei para dizer que quando for escritor famoso eu vou determinar a reforma da lingua portugesa e confeço será escrito assim não confesso! KKKK
ResponderExcluirQue confusão isso! KKK desculpa ai fazer bagunça no teu blog!
DEixo um beijo e um pouco de mim...
ResponderExcluirAfinal o que é coragem?
Coragem palavra forte
Valente e guerreira
Palavra que
Sentimos no peito
E temos a certeza
Que coragem
É valentia...
Mas muitas vezes
Me interogo
E será que é?
Coragem
É não virar as costas
É seguir em frente
Sem medos
Sem pensar nos obstáculos...
Mas pensando sempre
Que coragem
É Sempre
Sinónimo de Conseguir...
LILI LARANJO
Poxa, gostei imensamente de saber um pouco sobre estes grandes escritores da humanidade por aqui!
ResponderExcluirNa verdade nunca li nada deles, mas ainda pretendo, com certeza.
beijos cariocas
Não me tinha apercebido do dia de Bloom...
ResponderExcluirSempre que te visito fico a saber mais.
Minha querida amiga Luma, tem um bom fim de semana.
Beijos.
Oi Bella!
ResponderExcluirJá li Proust, mas Bloom... Lendo seu texto, senti saudade do meu grupo de estudo e leitura, o último foi o complexo Baba.
Sinto que falta muita valorização e hábito de leitura, fora e dentro das escolas brasileiras.
Gostei da viagem que fiz hoje aqui!
Beijos e um super sábado!
Não fazia a menor idéia...Fiquei até com vergonha agora...rs :)
ResponderExcluirEstou no Rio sim. Até quando algo mudar...rs Flexibilidade é tudo. Mas por hora é em definitivo. E meu baby vai nascer aqui, se Deus quiser
Pois então um bom "Blooms Day" com bombons, sorrisos e flores :)
ResponderExcluirPois é Luma, os dois vieram em momentos críticos da humanidade e passaram por dificuldades. Já reparou como isso, infelizmente, muitas vezes é motivo de serem revelados grandes talentos? Talvez seja este o plano para eles. Gosto de pensar assim. Livros que merecem reedição, mas seu post atiça mais e mais gente a lê-los. Um beijo!
ResponderExcluirConhecimento liberta!
ResponderExcluirMas será que o povo está sendo preparado para usufruir da liberdade?!
Obrigado por compartilhar conosco de assuntos tão instigantes...
Ótima semana!
Oi! Hoje vim te convidar para conhecer uma campanha mega importante!
ResponderExcluirTe espero no Caminhar: http://precisocaminhar.blogspot.com/2011/06/ela-doa-seu-amor-para-as-criancas.html
Bj
Beta
Oi
ResponderExcluirLima
Grata por partilhar seus conhecimentos literários. Boas dicas.