Sábado passado (16/12) as casas de Bingo do Rio de Janeiro, voltaram ao noticiário. A polícia Federal, numa operação chamada "Ouro de Tolo" apreendeu máquinas caça-níqueis. A suspeita é de que donos de bingo estariam contrabadeando o produto, haja visto a legislação brasileira não permitir a importação de caça-níqueis e no país não há fabricação de máquinas e equipamentos usados na exploração do jogo. De onde elas vieram?
Apenas uma casa de Bingo foi lacrada.
Triste constatar que o ex-chefe da polícia Civil do Rio de Janeiro, Álvaro Lins, seja o principal suspeito de proteger os membros da máfia dos caça-níqueis que atuaria no Estado. Além de estar envolvido com o contrabando de equipamentos eletrônicos, recai sobre ele os crimes de formação de quadrilha e lavagem de dinheiro para campanha eleitoral. Lins foi eleito deputado estadual pelo PMDB no Rio de Janeiro e está sob investigação do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do Rio de Janeiro. A Policia federal pediu sua prisão preventiva, a justiça alegou falta de provas.
Álvaro Lins foi diplomado deputado Sexta-feira.
A dúvida: Ele já já tem imunidade parlamentar ou o benefício só começa a vigorar depois que ele tomar posse no dia 1º de fevereiro de 2007?
A situação é tão perigosa no Rio, que até esquemas de assassinatos estavam montados, envolvendo chefes de quadrilhas de alta periculosidade e policiais civis.
A Policia Federal flagrou tudo em escutas telefônicas.Há
quem defenda a regulamentação das casas, por alguns desses motivos:
Pela defesa de mais de 370.000 empregos diretos e indiretos, nos bingos do Brasil!
Pela oportunidade do primeiro emprego aos jovens!
Pela geração de mais de R$ 2,6 bilhões em impostos, anualmente!
Pelo direito ao lazer na terceira idade (estatuto do idoso)!
Pelo incentivo à cultura (eventos, shows, teatro)!
Pelo suporte ao comércio local e segurança, gerados no entorno dos bingos!
Pelo patrocínio ao esporte amador (incluindo esportes paraolímpicos)!
Pelo incentivo ao turismo! (dos 108 países membros da OMT - Organização Mundial do Turismo - apenas Brasil e Cuba não tem regulamentação para jogo.
Pelo direito à cidadania, estabilidade e qualidade de vida das famílias brasileiras!
A verdade é que hoje eu entrei pela primeira vez num Bingo e fiquei pensando no escritor Fiodor Dostoievski, ele estava certo quando formulou a frase:
“O verdadeiro jogador se vicia mesmo em perder”
E também quando escreveu “O jogador”. Nesse livro, ele descreve o delírio autodestrutivo de um homem que joga para resolver sua vida, ganha tudo o que precisa e joga de novo até perder.
O escritor russo foi, ele mesmo, um viciado em jogo por dez anos. Nos Estados Unidos, há avisos nos próprios cassinos para que os jogadores procurem ajuda psicológica caso sintam problemas. Mas ninguém consegue definir direito o que é um viciado ou um “jogador com problemas”. Sim, o mesmo mecanismo cerebral que faz com que uma pessoa vicie em jogo, é o mesmo que faz com que a pessoa se vicie em drogas.
Seria uma tendência natural do indivíduo? Eufemismo preferido em Las Vegas. A única característica comum é o fato de jogarem sempre mais do que têm ou consumirem mais do que podem.
No Brasil, não muito diferente, apesar do jogo não ser regularizado por lei, existem os Bingos. Onde, a maioria senhoras de meia idade para mais idade, passam as tardes jogando ou mesmo vão para tomar um chá no final de tarde como pretexto e se esbaldam com a jogatina. Tudo não passa de distração? Perde-se mais do que tem. Às vezes, perdem a família. A compulsão chega a um ponto de negligenciar, família e amigos em prol de números. A maioria já sabe que vão perder, mas sentem prazer em desafiar a sorte. Segundo a indústria do jogo, a imensa maioria dos jogadores, apostam moderadamente. Mesmo assim, oitenta por cento de tudo o que é perdido na jogatina sai do bolso de apenas vinte por cento do total de jogadores.
Você sabe dos Perigos que enfrenta o jogador compulsivo? E depois não diga que não avisei. É melhor nem começar!
*As imagens são do
Velasco.
*Leia "
Poker Face", crônica do Veríssimo. Muito boa!
*Os bingos começaram a funcionar no país em 1993, amparados pela Lei Zico. Em 24 de março de 1998, esta lei foi substituída pela Lei Pelé que manteve as prerrogativas da Lei Zico e adicionou outros temas relacionados ao esporte.
Em 2001, uma lei de autoria do senador Maguito Vilela revogou a legislação e os colocou na clandestinidade. Até hoje, esses estabelecimentos atuam longe dos olhos da Receita Federal. Em alguns estados, como o Paraná, a prática continua proibida. Em outros, o poder público é mais condescendente e faz vista grossa.
No início de 2004, às vésperas do escândalo envolvendo Waldomiro Diniz, assessor parlamentar do então ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, o governo tinha pronta uma medida provisória regulamentando o jogo. A eclosão das denúncias contra Waldomiro fez o presidente Lula arquivar a idéia.
Isso feito para esfriar vossas idéias, assim como agora fazem os vossos parlamentares...
Beijus,
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