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Na fronteira intelectual

Depois que publiquei a postagem anterior, em que abordei o comportamento de um "borderline", meu plugoo quase explodiu de perguntas - principalmente de mães que queriam saber sobre a criança "limítrofe".

Podem muitos pensar que o assunto não interessa, assim como é fácil empurrar a sujeira para debaixo do tapete. Não vamos fechar os olhos para os comportamentos humanos e simplificar pessoas em grupos de loucos, complicados, difíceis ou chatos. Acho necessário, mesmo que superficialmente saibamos "sintomas" não de doenças, mas de comportamentos que, quem sabe um dia você possa entender quem diz amar.

É assunto sério para quem pretende ter filhos ou convive com crianças.

Burrinha? Nem sempre a culpa é da criança! Você pode aprender com ela.

Para identificar uma criança com desempenho intelectual abaixo de sua faixa etária e com evolução muito lenta, os educadores criaram um termo: limítrofe.

É aquela que não consegue acompanhar a turma, precisa sempre de aulas particulares e, mesmo assim, tira notas baixas, fica em recuperação e perde o ano repetidas vezes.

No começo da vida escolar, freqüentemente o limítrofe é o quietinho da sala, o que apanha dos outros. Mas com o tempo, muitos se destacam pelo mau comportamento e a indisciplina.

Trata-se de um problema sério que aflige um sem número de crianças de todas as classes sociais e econômicas. Já foi pior, mas, ainda hoje, famílias e escolas encontram dificuldades em lidar com aqueles que, por alguma razão, apresentam um limiar de inteligência abaixo do que é considerado normal para sua idade. Os educadores e psicólogos são unânimes ao afirmar que o padrão varia – e muito.

Mas uma coisa é certa: A dificuldade de aprender sempre acontece em função de alguma parada no desenvolvimento emocional ou intelectual. Vale lembrar que a inteligência é construída em degraus que se sobrepõem. Por exemplo, a qualidade do pensamento de uma criança na faixa dos 4-8 anos será a base para a construção do pensamento aos 7-8 anos.

Assim, o limítrofe seria aquele que ficou travado, parou de se desenvolver em alguma etapa do crescimento. A não ser em casos especiais ou por limitações orgânicas – como a síndrome de down -, a paralisação do crescimento intelectual sempre acontece por razões de ordem emocional ou familiar.

É claro que a inteligência depende de uma serie de fatores, inclusive genéticos, mas o principal é mesmo a estimulação e a auto-estima. É como uma bola de neve. A criança que, por alguma razão, teve sua auto-estima prejudicada passa a arriscar pouco, a não experimentar. A partir do momento em que começa a se sentir incompetente, deixa de construir sua inteligência. Ou seja, transforma-se naquele aluno que se convencionou chamar de burro. Na verdade, é aquele que deixou de explorar o mundo ou o explora muito pouco, ficando empobrecido em termos intelectuais.
A criança limítrofe é o emissário, o porta-voz de uma dificuldade familiar. Por isso, o profissional só aceita tratar o problema se a família for incluída. Muito mais que a escola, o aprendizado é algo que se dá na esfera familiar.

Os especialistas lembram que a defasagem intelectual tem que ser encarada de frente – por mais difícil que seja, para os pais, admitirem isso – e quanto antes, assim que se observar algum distúrbio, pois quanto mais a criança permanecer travada, maior será a sua deficiência intelectual, tendendo a se tornar, nesse sentido, um adulto empobrecido e estereotipado, e complicando ainda mais a sua aceitação no mundo.

Além do tratamento, o limítrofe deve ser educado como qualquer criança de sua idade. Nada de escola ou educação especial.

Não existe criança burra, existe criança mal amada.


Clique na imagem e assista a uma animação que ganhou o festival de
melhor clip do cinema infantil, um tempo atrás...

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