Quem mandou ela não lhe dar farinha láctea?
Magrelo!!! Magrelo!!!
Escrevi na postagem do dia 11 próximo: "Queira ou não o Ronaldinho é formador de opinião, principalmente para os manezinhos que não tiveram oportunidade de frequentar um banco escolar" Acho que fui restrita e não fiz me explicar e isso rendeu o seguinte comentário:
Oi Luma, visitei vários blogues onde comentaram sobre esse assunto e achei curioso como o "senso comum virtual" está fechado nesta questão. Será que quem não faz parte da comunidade dos bandalarga alimentados com farinha láctea na primeira infância é mesmo manezinho, sem opinião formada? E desde quando garotos propaganda formadores de opinião tem opinião formada? Mas enfim, acho que o nosso futebol é bastante representativo da forma como as coisas funcionam aqui. Afinal, de que outra forma esses meninos, que na maioria das vezes não puderam "freqüentar os bancos das escolas" teriam visibilidade? Não fosse com o futebol, talvez só com um fuzil na mão! E não é à toa que o estilo de jogo brasileiro é identificado por leigos e especialista em todo o mundo como uma característica típica de brasilidade. Ao lado da música é o maior motivo de orgulho e de identificação com um sentimento de identidade nacional. Não é pouco! Gilberto Freyre dizia já nos anos 60 que nosso estilo é uma “expressão singular de uma formação democrática”. Então um pouco de lógica aristotélica: para governar um país é preciso entendê-lo; como entender de futebol aqui é quase imprescindível para compreender o país, logo, é preciso entender de futebol para governar. Abraços
Makely Homepage
06.12.06 - 12:52 am #
__________________
Estou emburrecendo mas não gosto que coloquem palavras na minha boca. Parti do princípio que todos que frequentam o "Luz" sabem da realidade brasileira. O motivo da postagem era "A engrenagem filosófica do Lullinha" e não imaginava que o termo carinhoso "manezinho" iria virar peça central na postagem. Lógico que Mané pode ter um significado pejorativo, mas no Sul, manezinho é um termo bastante carinhoso. Para tanto ele se tornou popular no Brasil todo por causa do Guga e no passado por Manezinho, um autêntico peão, compositor de vários sucessos pantaneiros. Para o autor do comentário, ele faz pensar que para mim, manezinho é aquele que "não faz parte da comunidade dos bandalarga alimentados com farinha láctea na primeira infância". Não me fiz radical assim, mas se for para radicalizar, esse manezinho no Brasil, que não frequenta o banco escolar na primeira infância, não come farinha láctea, come arroz com feijão e quando muito adiciona uma porção de farinha, que não é láctea. Não tem praticamente infância, começa a trabalhar cedo e quando chega em casa no final do dia, a única diversão que tem é a televisão. Sendo um luxo poder ter tempo de assistir o sagrado futebol de Domingo com os amigos. Ronaldo e os demais jogadores são pessoas altamente influenciáveis. O manezinho a que me refiro, se torna pai de família muito cedo. Tem orgulho de carregar o seu filho para um campo de futebol. É esse manezinho que é maioria no nosso país, é ele que elege um governante.
Pra não dizerem que estou falando besteiras, cito um trecho do livro de João Saldanha em "Os Subterrâneos do Futebol"
(...) o menino brasileiro entra na vida muito cedo. É, antes de tudo, um precoce. O nível de vida de nosso povo faz com que nossa garotada, com sua infância difícil, amadureça e pense como adulto.
No interior, um moleque de oito anos já é considerado meia-enxada. Aos quinze anos, quando fica sendo uma enxada e começa a tratar de sua vida, geralmente sai de casa para poder usufruir, só, de seu trabalho. Aos dezoito, muito comumente, já constituiu sua família. Na Europa, o garoto desta idade, nos países mais desenvolvidos, ainda usa calça-cinta e está na escola. O brasileiro já é um adulto. A vida que leva obriga a que enfrente os problemas como tal.
Na cidade também, desde cedo, o garoto entra na vida. Excluindo os que estudam na escola secundária e que são poucos, os demais não completam a escola primária e ou vão trabalhar numa fábrica e no comércio para ajudar em casa ou, em menor quantidade, mas que é apreciável, perambulam pelas feiras biscateando, brincando e correndo da polícia. Desde muito cedo, portanto, o menino brasileiro, embora seja inculto, ignorante, enfrenta a vida com todo o realismo e os problemas que em países mais adiantados são de adultos.
(...) Não é por acaso que na gíria do futebol se diz comumente quando Pelé e Garrincha faziam uma jogada daquelas:
– Pudera, não é vantagem: o avô deste crioulo, para sair de casa e ir buscar água, tinha que dar drible num leão."
Gente! Como faz tempo que o brasileiro dribla o leão!!
Só espero que, em partidas futuras, não tenhamos que enfrentar os africanos.
Afinal, eles vivem correndo dos tigres! E percebam como eles melhoraram com a bola.
*
Makely, quero que volte aqui pra explicar novamente essa lógica aristotélica, que eu não entendi.
Bom feriado!
Beijus