A Morte lhe caiu bem
Hollywood tinha acabado de estender o tapete vermelho para James Dean, abrindo-lhe um caminho de fama e estrelato, quando um acidente de carro o matou. No dia 30 de Setembro de 1955, exatamente às 17h59 e segundo a detalhista perícia policial, o Porsche Spider prateado de Jimmy chocou-se contra outro carro na estrada de Salinas, perto de Paso Robles, na Califórnia.
James Dean morreu na hora e, de acordo com Humphrey Bogart, um de seus ídolos, “no momento certo”, “Se tivesse vivido não teria feito jus à imagem e à lenda criadas pela publicidade”, disse o astro de “Casablanca”.
Vivo James Dean era um artista promissor. Morto aos 24 anos, virou um mito idolatrado com minúcias mórbidas: Até as ferragens de seu carro foram postas em exibição, enquanto a sua imagem era vendida em uma série de produtos.
Até aquela tarde trágica, o público só o tinha visto brilhar nas telas em “Vidas Amargas”, adaptação do romance de John Steinbeck em que Dean vive um jovem torturado - O Diretor Elia Kazan tinha trazido o ator do Actor’s Studio, escola nova-iorquina de onde saíram, entre outros; Paul Newman e Marlon Brando.
Até então, Dean tinha feito alguns papéis na Broadway e umas poucas pontas no cinema. Mas seu carisma na tela era tão grande que, antes mesmo de “Vidas Amargas” ser lançado, o chefão do estúdio, Jack Warner, já fechava com ele um contrato de 7 anos.
James Dean só teve tempo de cumprir 7 meses, trabalhando em mais dois filmes: “Juventude Transviada” e “Assim caminha a humanidade”.
O primeiro foi lançado um mês após a sua morte e causou comoção, não só pela perda recente, mas pelo papel que lhe cabia: O do adolescente revoltado Jim Stark, que premonitoriamente libera sua frustração em corridas de carros. O papel contribuiu para transformá-lo em símbolo da juventude dos anos 50. Quem assistiu esse filme mais de 50 vezes para aprender os macetes de James Dean foi Elvis Presley, pois ele queria se tornar um ator dramático, além de cantor.
O Segundo, lançado, um ano depois, mostrava no fim o personagem de Dean envellhecido, como o ator jamais seria.
As pessoas mais próximas já tinham previsto isso. “É belo demais para suportar o envelhecimento. Desaparecerá antes”, profetizara Kazan.
Nascido James Byron Dean - Byron foi homenagem da mãe ao poeta romântico inglês, em Marion, pequena cidade de Indiana - ele ficou órfão de mãe aos nove anos e foi educado pelos tios, até que decidiu tentar a sorte em Nova York. Quando criança, Dean foi muito mimado pela sua mãe Milred, que quando o colocava para dormir, pedia-lhe que escrevesse em um papel as coisas que gostaria de ganhar no dia seguinte e no outro dia, pela manhã, seus pedidos eram atendidos.
A morte da mãe o marcou profundamente, a partir disso, Dean passou a sofrer crises de insônia, que lhe valeram as marcantes olheiras. Ao todo o ator conseguia dormir apenas 4 horas diárias.
Reservado e agressivo, vestia-se sempre com jeans e casaco de couro. Bissexual em um tempo em que não existia a idéia de “assumir”, não ligou para o que as pessoas iriam dizer quando fez cena pública de ciúmes no casamento da atriz italiana Píer Angeli, que o abandonara.
Teve um caso com a suéca Ursula Andress e sua grande paixão não correspondida, no entanto, teria sido o ator Marlon Brando, que assediado explicitamente pelo rebelde sem causa, preferiu não cair em tentação. James foi um jovem igual a tantos outros, um mito como poucos.
Como se cria um mito?
Mito é a narrativa de uma criação: conta-nos de que modo algo, que não era, começou a ser.
Na medida em que pretende explicar o mundo e o homem, a complexidade do real, o mito não pode ser lógico: ao revés, é ilógico e irracional. Apresentando-se de uma maneira que esconde uma verdade de outra verdade. A verdade profunda de nossa mente. Criamos ilusões. O nosso inconsciente se prende a ritos, por isso, copiar os trejeitos, penteados, pensamentos da época, o que estiver disponível.
Em resumo, o rito é a praxis do mito. É o mito em ação. O mito rememora, o rito comemora.
Mito vem de mitologia, o homem torna-se apto a repetir o que os deuses e os heróis fizeram "nas origens", porque conhecer os mitos é aprender o segredo da origem das coisas.
Todas as culturas têm seus mitos, alguns dos quais com expressões particulares. O ídolo expandi-se da esfera divina para a esfera humana com adoração não religiosa.
A geração contemporânea, é muito mais suscetível aos apelos visuais. Crescemos em frente ao visual, principalmente da TV e nada poderá apagar essa influência. Atualmente, a criançada continua crescendo com a TV ligada que, em alguns casos, ela vem aliada a outro companheiro ainda mais poderoso: O computador.
Naturalmente, estamos hoje muito mais interessados nas notícias do dia a dia e nos problemas do cotidiano. Valores eternos? Vida espiritual? Quem tem tempo pra isso no frenético mundo em que vivemos? O problema é que tais mistérios fazem falta. O ser humano é preso a rituais e esses se destinam a um mito e quem será o(a) eleito(a) da vez?
E agora vocês querem que eu responda a perguntinha lá de cima? Nananinanão essa perguntinha eu fiz para vocês!
*As imagens acima são do filme "Assim caminha a humanidade" (Giant) - filme que amo de paixão! Vale assistir, relaxar, se deliciar e refletir!
Beijus,
Realmente era um galã! Eu não sabia que ele era bisexual. Lendo teu blog estou sempre aprendendo algo.
ResponderExcluirBeijos.
Oi Luma
ResponderExcluirAmo James Dean e toda aquela sensualidade explícita... discordo de HB (invejoso!!!!), acho que ele seria um astro da grandeza de Paul Newman (p/ex) e, se sua partida precoce o tornou um mito, se pudessem optar, talvez seus fãs preferissem curtir mais sua presença como um "simples" ídolo transgressor de normas...
Adorei sua postagem!!!!!
Beijos, Marcia
Luma,acho que muito mais que mito,um ótimo ator,e sim,um símbolo de beleza masculina,de virilidade doce.Belo post.Abraços.
ResponderExcluirO curioso é eu estar escutando uma baladinha do Elvis ao vir coneçer teu blog, incrivelmente James Dean é descrito em tuas linhas de forma magnanima, deu aqui então completo clima anos 50/60. Claro que não sai dancando um rock and roll na frente do computador (deixo para alguma sexta feira a noite).
ResponderExcluirMas o que me instigou a comentar foi o final da sua postagem, a co-relação entre os mitos e a nossa falta de histórias para seguir de exemplo (falta de mitos).
Sua pertinente pergunta em como se forma um mito e como podemos hoje na geração internet criar tais figuras, simplica o desejo de todos em ter a quem seguir, mas, infelismente chegamos a um ponto onde todos os heróis tem que ser ficticios, ja que os que elegemos (humanos) são humanos demais e consigo trazem falhas.
Acho que importante resaltar que os avanços tecnológicos trazem uma gama enorme para nossas crianças e que a midia hoje, abusa de tanto falar de violência (afinal, é um problema de saúde social que enfrentamos hoje). Mas vejo com bons olhos também, que dentre estas novas gerações que vieram exite uma conciência ecológica muito mais forte que na minha geração por exemplo. E nos mitos, e herois que temos hoje a criançada pode enumerar vários, seja ele o Naruto ou o Spiderman já que eles representam as esperanças de dias melhores e em seus ensinamentos pregam a justiça e a amisade, que são dois pilares para a nossa formção.
Luma, sobre seu comentário nos Pensamentos Urbanos, eu não tenho animais em casa, mas tenho uma pequena criança que tem um sono super leve, eu por outro lado tenho insônia e rojões na madrugada peloamordedeus né!
Obrigado por ter deixado tuas linhas lá e também por casar o elvis que estou escutando com a trajetória do Dean.
Tenha um exelente dia.
Um mito que ainda perdura 54 anos depois da sua morte.
ResponderExcluirExcelente post, querida amiga.
Beijo.
Os mitos são criados pelas crenças do ser humano.
ResponderExcluirE a ideia que tenho de mito é que é algo em que se acredita, e que na realidade não foi ou não é.
O james dean é a metáfora de uma moda sentida na época em que ele viveu, e que tem trespassado o tempo, e que ainda hoje se vai recriando.... faz-me lembrar os meus 17 a 20's anos ;)
Esse ficou para sempre em minha lembrança. Adoro seus trabalhos.
ResponderExcluirLuma tem mimo pra ti lá em casa!
Com carinho!
É como certas bandas e certos ídolos (assim como o astro maior do Pop) morrem para serem imortalizados...
ResponderExcluiressa talvez seja a contradição da arte...