Cabo Frio
Hoje o dia acordou preguiçoso, não é porque é Segunda-feira. Hoje a cidade está em festa! Cabo Frio comemora 391 anos de fundação.
Estamos comemorando desde o dia 11 com a inauguração da Orla Scliar.
Carlos Scliar (Santa Maria, RS - 1920/Rio de Janeira, RJ - 2001), possui acervos expostos em museus e coleções nacionais e estrangeiras e elegeu a cidade de Cabo Frio para montar um dos seus principais ateliês, onde viveu e pintou por mais de 40 anos. Dentro da casa-Ateliê podemos sentir a alma do artista visualizando além de alguns trabalhos, coleções particulares. Eu destaco os bulês, motivo de inspiração de alguns quadros.
Carlos Scliar esteve na guerra. Foi convocado pela FEB em 1943 e seguiu para a Itália em 1944. Nas horas de folga, desenhava tudo que o cercava: paisagens, interiores e retratos que mudarm sua trajetória inicial como pintor. Participou em Paris de movimentos na Defesa da Paz entre os Povos.
O valor das coisas simples...
"Foi na guerra, em contato com a miséria que ela produz, vivendo aqueles instantes com a sensação de últimos, que banha de uma luz especial tudo o que nos cerca, que se iniciou, sem eu ter consciência, uma nova etapa em minha pintura. Eu era, se não um pessimista, quase um cético: me descobri então um lírico, um lírico visceralmente otimista - com um tremendo amor à vida e confiança nos homens que tomavam consciência e buscavam se defender. Comecei a desenhar e pintar naturezas-mortas, pretexto para demonstrar meu amor às coisas simples, cotidianas, feitas pelos homens, úteis a todos os homens. Tentava transformar a carga de amor e vida que percebia em cada objeto. Me vi, lentamente, modificando a minha pintura, não só temática, mas sensorialmente."(in Carlos Scliar, Museu de Arte de São Paulo, 1983)
O valor das amizades...
Vieira da Silva, Arpad Szenes e Carlos Scliar, 1943
*"Meu filho Carlitos:
Predisse sempre que serias um fenómeno estranho.
Estamos casados há quarenta anos e o nosso filho tem cinquenta. Talvez contes a teu favor, em triplo, os anos de guerra, ou, quem sabe, se trata de uma das farsas dignas do teu homónimo, o outro Carlitos.
Em todo o caso, como todos os verdadeiros artistas, tu és e permanecerás jovem, amo-te e acolho-te no tempo-espaço da arte, que é eterno.
Abraço-te".(Arpad Szenes, Fevereiro 1970)
Predisse sempre que serias um fenómeno estranho.
Estamos casados há quarenta anos e o nosso filho tem cinquenta. Talvez contes a teu favor, em triplo, os anos de guerra, ou, quem sabe, se trata de uma das farsas dignas do teu homónimo, o outro Carlitos.
Em todo o caso, como todos os verdadeiros artistas, tu és e permanecerás jovem, amo-te e acolho-te no tempo-espaço da arte, que é eterno.
Abraço-te".(Arpad Szenes, Fevereiro 1970)
*"Ao Carlos Scliar
Ele saberá perdoar-me - não sou escritora... Conheço-o há muito, muito tempo. Arpad e eu amamos o que ele faz, a simplicidade das suas escolhas, mas também a sua seriedade, a sua tenacidade, as suas cores tranquilas, o seu desenho cuidado, as suas composições amplas e concisas, a diversidade dos seus ritmos, a sua obstinação e a sua criatividade pintando o que lhe apraz, da forma como pensa que deve ser: a melhor, a mais generosa, e eu entendo a sua pintura calma, contida, tensa, como uma cantata grave de dias de festa.
Fielmente tua, Maria Helena".(Vieira da Silva, Março de 1990)
Ele saberá perdoar-me - não sou escritora... Conheço-o há muito, muito tempo. Arpad e eu amamos o que ele faz, a simplicidade das suas escolhas, mas também a sua seriedade, a sua tenacidade, as suas cores tranquilas, o seu desenho cuidado, as suas composições amplas e concisas, a diversidade dos seus ritmos, a sua obstinação e a sua criatividade pintando o que lhe apraz, da forma como pensa que deve ser: a melhor, a mais generosa, e eu entendo a sua pintura calma, contida, tensa, como uma cantata grave de dias de festa.
Fielmente tua, Maria Helena".(Vieira da Silva, Março de 1990)
*Textos retirados do catálogo da exposição Carlos Scliar. Pintura 1948-1983 editado pela Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva, Lisboa, 2003, p. 9
Atendendo a pedido de Carlos Scliar, suas cinzas foram lançadas no mar de Cabo Frio.
Capa da Revista interpress desta semana que já nas bancas.
Doca Street diz que Cabo Frio é inesquecível.
Tudo sobre "Mea Culpa", Editora Planeta, o livro em que Doca Street rompe o silêncio 30 anos e dá a sua versão do crime passional de maior repercussão do país.
Cada um com seus motivos pra tornar alguma coisa inesquecível.
Cracatoa! O inferno não e à toa!!
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