O clitóris
Pensei com meus botões: "Se Ronzi pode falar do pênis, por que eu não iria falar do clitóris?"
Pois bem; essa parte minúscula, sensível e querida da anatomia feminina, de tempos para cá, em festas e saraus (rs*) não se fala em outra coisa. O clitóris e suas adjacências foi tema de um caderno inteiro de um jornal paulista e do New York Times, que não admite vida inteligente abaixo do umbigo e atreveu-se a tratar do assunto.
E daí? Desde quando o clitóris esteve fora de moda? E por que esse alarido em torno de um assunto que sempre existiu?
De imediato, digo que o livro: “O Anatomista”, do argentino Frederico Andahazi, tem sua parcela de culpa. Ainda não o li, mas dizem que é bom. Nesse livro é contada a história de como o veneziano Mateo Realdo Colombo descobriu o clitóris em 1559.
A idéia de que o clitóris precisou ser descoberto (no bom sentido) é chocante. Significa que ele sempre existiu e que a primeira mulher já nasceu com ele, assim como nasceu com o baço ou o pâncreas, mas não sabia da sua existência ou não sabia para que servia.
Bem, milhões de mulheres na história não sabiam para que serviam o baço ou o pâncreas e não perderam nada com isso, considerando-se a pouca utilidade desses órgãos para o prazer sexual. Mas é quase inacreditável que, digamos, nos tempos de Sodoma e Gomorra, nenhuma mulher desse conta do próprio clitóris. Das duas, uma: ou as mulheres do passado não tinham a menor curiosidade sobre o próprio corpo ou, ao contrário, já sabiam tudo do clitóris, mas preferiram guardar esse segredo dos homens.
Como terá sido a descoberta do clitóris por Colombo? Uma veneziana mais assanhada lhe terá soprado o segredo? Ou sua façanha cienífica foi resultado de milhares de horas de pesquisa? Pesquisa de campo, é claro.
Fico imaginando o nosso Colombo debruçado sobre mulheres e mais mulheres, olhando daqui, pegando dali e, à falta de lupas e microscópios, quase enfiando o nariz no seu objeto de pesquisa. Como será que as mulheres reagiam a esse exame? Não é possível que na terceira ou quarta mulher, uma delas não tivesse literalmente reagido. Ou então, Colombo fez a pesquisa em cadáveres, mas nesse caso, como poderia saber qual era a reação da mulher?
Seja como for, ao perceber que, pelo manuseio, aquele singelo ponto feminino fazia a moça reagir e emitir sons e revirar os olhinhos, Colombo terá tido consciência da importância de sua descoberta? Teria gritado “eureka!”, dando um susto na mulher e cortando o seu barato? Ou apenas fez anotações e guardou a informação para continuar pesquisando até ter certeza que atingira o alvo? Quero crer, evidentemente, que Colombo fazia as suas pesquisas dentro do maior rigor científico, ou seja: Vestido.
Imagino também que, ao certificar-se de que aquele pontinho dava prazer à mulher, Colombo presumisse que talvez houvesse outros pontos femininos igualmente sensível. E quem sabe dedicou-se a investigar umbigos, axilas, saboneteiras, etc., em busca de reações semelhantes. Ao perceber que, em muito desses pontos, as mulheres só sentiam cócegas, ele deve ter-se concentrado no clitóris e abandonado o resto da mulher. Isto, sim, é que é rigor científico.
Mateo Realdo Colombo não era parente do outro Colombo, o genovês Cristóvão, que, 67 anos, descobrira o novo mundo. E duvido que se impressionasse com a proeza de seu xará. Afinal, ninguém sabia ainda para que servia aquele trambolho no meio do mar. Se assim foi, Mateo podia ser esnobe. O verdadeiro Novo Mundo era o que ele havia descoberto, em mares, nunca dantes navegados, mais perigosos e profundos.
Vocês acham que realmente foi Mateo o descobridor da pérola?
Ah! Quem ainda não descobriu, tem tempo nesse fim de semana...
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