Ô Suzana não chores por mim!
"Querida Susana:
Eu sei que o conselheiro matrimonial disse que não deveria haver contato entre nós, durante o nosso período 'de acalmia', mas eu não consigo aguentar. No dia em que me deixaste, eu jurei que nunca mais te dirigia a palavra. Mas isso era só o rapazinho magoado dentro de mim a falar. Ainda assim, eu nunca quis ser o primeiro a avançar. Na minha fantasia, eras sempre tu que voltavas a rastejar para mim.
Acho que o meu orgulho precisava disso. Mas agora vejo que o meu orgulho me custou uma série de coisas. Estou farto de fingir que não preciso de ti. E já não me importo de fazer má figura. Não me interessa qual de nós dará o primeiro passo, desde que um de nós o dê. Talvez seja altura de deixarmos os nossos corações falarem mais alto do que a nossa dor. E isto é o que o meu coração diz... Não há ninguém como tu, Susana.
Eu procuro-te nos olhos e seios de cada mulher que vejo, mas elas não são tu. Não chegam sequer aos teus pés. Há duas semanas, encontrei uma mulher num bar do Bairro Alto e levei-a para casa comigo. Não digo isto para te magoar, mas apenas para ilustrar a profundidade do meu desespero. Ela era nova, talvez 19, com um daqueles corpos perfeitos que só a juventude e talvez uma infância passada em patinagem podem dar. Quer dizer, um corpo perfeito. Mamas que não dá para acreditar e um rabo tipo carapaça de tartaruga, redondo e rijo. O sonho de qualquer homem, não é?
Mas enquanto estava sentado no sofá a ser devorado por esta jovem deslumbrante, eu pensei, vejam só aquilo que consideramos importante nas nossas vidas. É tudo tão superficial. O que é que um corpo perfeito significa? Será que a torna melhor na cama? Bem, neste caso, sim. Mas estás a ver onde quero chegar? Será que isso a torna uma pessoa melhor? Será que ela tem um coração melhor do que a minha, moderadamente atraente, Susana?
Duvido. E nunca tinha pensado nisso antes. Não sei, talvez esteja a amadurecer um pouco. Mais tarde, depois de lhe ter despejado uns decilitros de iogurte de garganta, dei por mim a pensar, "porque é que me sinto tão esgotado e vazio?" Não era apenas a sua técnica perfeita e a sua fome de sexo e luxúria, mas algo diferente. Um sentimento de perda.
Porque é que me sentia tão incompleto? E então percebi. Não senti a mesma coisa porque tu não estavas lá, Susana, para ver. Percebes o que quero dizer? Nada significa nem tem o mesmo sentido sem ti. Por amor de Deus, Susana, estou a enlouquecer sem ti. E tudo o que faço me lembra de ti.
Lembra da Carolina, aquela mãe solteira que encontramos no ginásio, no ano passado? Bem, ela passou em casa na semana passada, com um tacho de lasanha. Ela disse que imaginava que eu não devia andar a comer nada de jeito sem uma mulher por perto. Só mais tarde é que percebia o que ela queria dizer com aquilo, mas essa não é a verdadeira história. De qualquer maneira, bebemos umas taças de vinho e passado um bocado estávamos a dar-lhe forte e feio no nosso velho quarto. E a devassa é um verdadeiro animal. Ela deu-me tudo, sabes, assim como uma verdadeira mulher faz quando não está preocupada com o peso ou com a sua carreira ou se os filhos nos vão ouvir ou não. E de repente, ela viu aquele velho espelho giratório que está em cima da cômoda que era da tua avó. Então ela agarrou no espelho e colocou-o no chão, de maneira a que nos podíamos observar os dois. E é uma sensação espetacular, mas que me deixou triste também. Porque não consegui deixar de pensar, "Porque é que a Susana nunca pôs o espelho no chão? Temos esta cómoda há 14 anos, ou coisa que o valha, e nunca o usamos como brinquedo sexual."
No sábado, a tua irmã passou com a ordem do tribunal que me proíbe de me aproximar de ti. Quer dizer, a Paula ainda é pequenina, mas tem uma cabeça assente nos ombros e tem sido uma verdadeira amiga para mim durante estes tempos difíceis.
Ela tem-me dado excelentes conselhos acerca de ti e acerca das mulheres em geral. Ela está realmente empenhada em que nós fiquemos juntos novamente, Susana. Está mesmo. Então, numa destas ocasiões, damos por nós a beber uns copos dentro de uma banheira de espuma e a falar de tempos mais felizes. Aqui está uma adolescente que tem o mesmo DNA que tu e eu só consigo pensar no quanto ela me faz lembrar do quanto ela se parece contigo quando tinhas 18 anos. E isso quase me faz chorar. E afinal descubro que a Paula gosta mesmo de toda aquela cena explícita; o que me faz lembrar do número imenso de vezes que te pressionei para experimentares algo diferente e que isso só serviu para alimentar o azedume entre nós. Mas será que consegues ver que, mesmo quando com outras, tudo o que consigo fazer é pensar em ti?
É verdade, Susana. E no fundo do teu coração, tu sabes disso. Não achas que podíamos começar de novo? Acabar com as amarguras, com os ódios e começar tudo do zero? Eu acho que podemos. Se sentes o mesmo, por favor, por favor diz-me. Caso contrário, podes-me dizer onde está o controle remoto da televisão?
Toni."
Desconheço o autor. Mais uma republicação. Pois saibam que estou desde que Max chegou em casa praticamente sem dormir.
Eu sei que o conselheiro matrimonial disse que não deveria haver contato entre nós, durante o nosso período 'de acalmia', mas eu não consigo aguentar. No dia em que me deixaste, eu jurei que nunca mais te dirigia a palavra. Mas isso era só o rapazinho magoado dentro de mim a falar. Ainda assim, eu nunca quis ser o primeiro a avançar. Na minha fantasia, eras sempre tu que voltavas a rastejar para mim.
Acho que o meu orgulho precisava disso. Mas agora vejo que o meu orgulho me custou uma série de coisas. Estou farto de fingir que não preciso de ti. E já não me importo de fazer má figura. Não me interessa qual de nós dará o primeiro passo, desde que um de nós o dê. Talvez seja altura de deixarmos os nossos corações falarem mais alto do que a nossa dor. E isto é o que o meu coração diz... Não há ninguém como tu, Susana.
Eu procuro-te nos olhos e seios de cada mulher que vejo, mas elas não são tu. Não chegam sequer aos teus pés. Há duas semanas, encontrei uma mulher num bar do Bairro Alto e levei-a para casa comigo. Não digo isto para te magoar, mas apenas para ilustrar a profundidade do meu desespero. Ela era nova, talvez 19, com um daqueles corpos perfeitos que só a juventude e talvez uma infância passada em patinagem podem dar. Quer dizer, um corpo perfeito. Mamas que não dá para acreditar e um rabo tipo carapaça de tartaruga, redondo e rijo. O sonho de qualquer homem, não é?
Mas enquanto estava sentado no sofá a ser devorado por esta jovem deslumbrante, eu pensei, vejam só aquilo que consideramos importante nas nossas vidas. É tudo tão superficial. O que é que um corpo perfeito significa? Será que a torna melhor na cama? Bem, neste caso, sim. Mas estás a ver onde quero chegar? Será que isso a torna uma pessoa melhor? Será que ela tem um coração melhor do que a minha, moderadamente atraente, Susana?
Duvido. E nunca tinha pensado nisso antes. Não sei, talvez esteja a amadurecer um pouco. Mais tarde, depois de lhe ter despejado uns decilitros de iogurte de garganta, dei por mim a pensar, "porque é que me sinto tão esgotado e vazio?" Não era apenas a sua técnica perfeita e a sua fome de sexo e luxúria, mas algo diferente. Um sentimento de perda.
Porque é que me sentia tão incompleto? E então percebi. Não senti a mesma coisa porque tu não estavas lá, Susana, para ver. Percebes o que quero dizer? Nada significa nem tem o mesmo sentido sem ti. Por amor de Deus, Susana, estou a enlouquecer sem ti. E tudo o que faço me lembra de ti.
Lembra da Carolina, aquela mãe solteira que encontramos no ginásio, no ano passado? Bem, ela passou em casa na semana passada, com um tacho de lasanha. Ela disse que imaginava que eu não devia andar a comer nada de jeito sem uma mulher por perto. Só mais tarde é que percebia o que ela queria dizer com aquilo, mas essa não é a verdadeira história. De qualquer maneira, bebemos umas taças de vinho e passado um bocado estávamos a dar-lhe forte e feio no nosso velho quarto. E a devassa é um verdadeiro animal. Ela deu-me tudo, sabes, assim como uma verdadeira mulher faz quando não está preocupada com o peso ou com a sua carreira ou se os filhos nos vão ouvir ou não. E de repente, ela viu aquele velho espelho giratório que está em cima da cômoda que era da tua avó. Então ela agarrou no espelho e colocou-o no chão, de maneira a que nos podíamos observar os dois. E é uma sensação espetacular, mas que me deixou triste também. Porque não consegui deixar de pensar, "Porque é que a Susana nunca pôs o espelho no chão? Temos esta cómoda há 14 anos, ou coisa que o valha, e nunca o usamos como brinquedo sexual."
No sábado, a tua irmã passou com a ordem do tribunal que me proíbe de me aproximar de ti. Quer dizer, a Paula ainda é pequenina, mas tem uma cabeça assente nos ombros e tem sido uma verdadeira amiga para mim durante estes tempos difíceis.
Ela tem-me dado excelentes conselhos acerca de ti e acerca das mulheres em geral. Ela está realmente empenhada em que nós fiquemos juntos novamente, Susana. Está mesmo. Então, numa destas ocasiões, damos por nós a beber uns copos dentro de uma banheira de espuma e a falar de tempos mais felizes. Aqui está uma adolescente que tem o mesmo DNA que tu e eu só consigo pensar no quanto ela me faz lembrar do quanto ela se parece contigo quando tinhas 18 anos. E isso quase me faz chorar. E afinal descubro que a Paula gosta mesmo de toda aquela cena explícita; o que me faz lembrar do número imenso de vezes que te pressionei para experimentares algo diferente e que isso só serviu para alimentar o azedume entre nós. Mas será que consegues ver que, mesmo quando com outras, tudo o que consigo fazer é pensar em ti?
É verdade, Susana. E no fundo do teu coração, tu sabes disso. Não achas que podíamos começar de novo? Acabar com as amarguras, com os ódios e começar tudo do zero? Eu acho que podemos. Se sentes o mesmo, por favor, por favor diz-me. Caso contrário, podes-me dizer onde está o controle remoto da televisão?
Toni."
Desconheço o autor. Mais uma republicação. Pois saibam que estou desde que Max chegou em casa praticamente sem dormir.