A minha vida está entre o mar e a montanha, difícil decisão.
E começar o dia com o cheiro do café e da lenha queimando...já sinto saudades! Verdade é que sinto saudades de coisas que normalmente iriam me aborrecer. As conversas das comadres! Como elas são engraçadas e falam aos cochixos, como se as paredes tivessem ouvidos. Das duas tias que primeiro chegaram em casa, soube de tudo que se passava na família. Ô trem bão, que é o interiorrr!
Aprendi uma «Quadrilha» - É folclórica, não sei o autor.
Ando tão apoquentada
com as luas da minha filha
sai sozinha noite dentro
ainda pr'aí cai numa armadilha
Tal a sua tal a minha
andam na sem vergonhice
saem à noite com os moços
e até já houve quem as visse
Ai D. Maria que as nossas gaiatas
andam aos beijos onde toda a gente as vê
eu cá por coisas até vou mais longe
fumam cigarros e mais sei lá o quê
Vinha eu ontem da fonte
estava o sol já deitado
eu bem vi a sua filha
a dar beijos a um mal encarado
Sendo assim também lhe conto
que ontem também vi a sua
levantei-me de manhã cedo
e ela ainda andava na rua
No interior o povo tem tempo para conversar; é na mesa do bar, em torno do fogão, na saída da missa, tudo é motivo de prosa. E como se namora!
Lá a vida é no interior, aqui é interior. Vida interior.
Complicada essa vida interior, acha não?
Beijus,
Luma
*Quem quiser a receita do Biscoito de Polvilho, é só pedir!