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Antes tarde do que nunca!

A lili me chamou para uma brincadeira entitulada "Vale a pena ler de novo", criado pelo HELDÉR.

Tenho que republicar um texto que eu tenha gostado, de minha própria autoria, podendo atualizá-lo, se necessário. A tarefa passará para outros 5 blogueiros. Ei-los: Euza Noronha, Adelaide Amorim, Ismael Benigno, Dilberto Lima Rosa e Maria Elisa Guimarães.

O texto que escolhi não foi publicado no "Luz de Luma" e sim no "Crônicas da Fronteira" - Achei justo integrá-lo agora aqui.

na fronteira
Foto: Grzegorz Adamski

Doce era a ilusão de segurança das rotinas. Prezava-as.
Mas aquele dia era um dia diferente.
O dia estava chuvoso, frio e isso não a impediu que saísse para a rua.
Vagueou sem destino até que entrou naquele mesmo café. Todos os dias era ali que ia almoçar e jantar.
Mal entrava e recebia um sorriso rasgado do garçon, que já nem perguntava, vinha apenas servir-lhe, com meia garrafa de água e meia garrafa de vinho. Levava com ela um livro, fingia ler algumas páginas, mas essencialmente sonhava acordada. Pensava nele, na sua vida, alheia a tudo o que se passava a sua volta.
A chuva teimava em cair, fustigando as vidraças. Lá fora, viu gente que corria de um lado para o outro, tentando protegerem-se.
Não reparou naquele homem, sentado à frente, que a olhava curioso.
Pagou e saiu. Não viu que o homem a seguiu.
Percorreu o caminho até a casa, cabeça baixa e olhar perdido.
Entrou no prédio e subiu as escadas. Não viu o homem....

Novamente saiu de casa e o destino leva-a ao mesmo café.
O garçon trouxe o jantar. A chuva estava suspensa e o negro da noite venceu o negritude daquele dia.
Repara num homem que estava sentado à sua frente. Ele sorri-lhe, ela devolveu o sorriso. Um sorriso triste, de alguém, para quem a vida já nada significava.
Sem uma palavra, ele juntou-se à ela e acariciou-lhe uma das mãos. Mãos frias de um coração vazio....
Sairam juntos do café, e percorreram as ruas da cidade.
E recostada à um carro, ela sonhou a sofreguidão de um grande amor.

Era o seu aniversário de casamento.
Um casamento sem brilho, sem emoções, um fardo para a sua alma.

A partir desse dia, depois de muitos anos, sonha que vive um grande amor. Fantasia sobre a sua vida e revive, ainda que por breves momentos, o sabor da paixão.

Alguma coisa mudou dentro dela, não olha mais os outros no café com olhar de indiferença, olha os outros clientes com uma curiosidade assanhada, como se pudesse beber deles a vida que não tinha; O casal de namorados a beijar-se; as três amigas que vinham desabafar suas mágoas e um casal de gays com ar culpado, que claramente tinham outras famílias em casa, mas que todos os dias se encontravam ali antes de subirem para um quarto do Hotel ao lado.

Todos fantasiando a felicidade. Não se sentia mais só.
Tudo o que via analisava e o que não via imaginava. Completava a realidade de cada um com os seus próprios sonhos e assim vivia feliz.
Saía dali somente quando começava a esvaziar, mas não ia ainda para casa.
Encostava-se em um carro. Rua vazia de vida naquela hora, via os carros que passavam e sentia a impressão que produzia neles. Muitos olhavam para ela como se fosse doida, com a curiosidade natural de ver uma mulher sozinha aquela hora da noite. Muitos homens solitários como ela, abrandavam, olhavam-na demoradamente, tentando percebê-la.
Às vezes, havia um que parava. Confundia-a com uma prostituta, perguntava-lhe o preço. Ela sorria, entrava no carro, fazia-lhe tudo e não levava nada.
O calor de um corpo, a intimidade, mesmo que falsa, para ela não tinha preço.
Separam-se, sem trocar um olhar ou uma palavra.

E com muito prazer,
Luma invadiu o espaço do Edgar [Que agora está grávido! Viva!]

Beijus,
Luma

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Algumas coisas não têm preço

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