petite ballerine
"Chama-me Alícia" e com ar autoritário retorquiu: "Chama-me Alícia, menina! porque todos assim me conhecem, tempos houve em que eu era Mademoiselle Alícia e os salões e chapéus curvavam-se quando eu passava. Os homens acutuvelavam-se para me verem de perto, com exageros de flores e eu nada mais queria da vida do que banhos de espuma, champanhe e solidão".
Madame Alicia passou 75 anos de sua vida em pontas e que seu corpo rodopiava provando que a gravidade não era algo que ainda precisasse superar ou vencer. No repertório clássico interpretava magistralmente Giselle, Odette-Odile, Swanilda, Lisette e tantas outras. Homens e mulheres se comoviam quando se desdobrava e ondulava em movimentos elásticos, como se não existissem ossos.
Alícia foi um belo cisne que voava em direção à liberdade. Todos os bailados pareciam para ela planejados. Viajou o mundo e pairou em Cuba. Diz que antigamente o país não aceitava o Ballet como arte, as ballerines eram rotuladas como meninas da vida. Ou lhe chamavam corista "Oh Mon Dieux, c'est triste. Cuba est triste…très triste!", diz Alícia tragicamente em um excelente francês, como uma diva.
Levou a vida a moldar o corpo, a saltar mais alto, a dobrar-se mais um pouco e sempre com graça, experimentava expressões. Eram sessões de dias inteiros que começaram logo, desde criança.
Madame Alícia irá comemorar 90 anos e desde jovem, teve que lutar contra um problema na vista que não lhe impediu de dançar ou de transmitir seus conhecimentos a inúmeros discípulos. Com tudo que obteve na vida, e do seu corpo outrora grandioso que se dobrou a tanto esforço; seus ombros que suportaram o mundo está com menos 25 centímetros de altura. Porém, permanece ainda o andar gracioso e altivo, apesar das joanetes doerem ao caminhar. Mas disso nada reclama. Acostumou-se também desde cedo com as dores. Enquanto artistas suspiravam por ela, seus olhos vagueavam para a lua a pensar.
Agora a graciosidade de Alícia Alonso, se concentra em suas mãos e boca, que conta seus sonhos de palco, os passos e os aplausos. Cega mas com pose de diva, tem garra para produzir novas coreografias - ouve a música, cria os movimentos, conta para seus assistentes como os quer e durante os ensaios, é com o ouvido aguçado que sente se o andamento está correto - Abraça os assistentes para mostrar os gestos com o seu próprio corpo, o que deseja que os bailarinos façam naquele trecho de música.
Vive só, mas não é triste por isso. E com voz profunda e triunfante diz que foram muitos, foram tantos mas que nenhum mereceu sua companhia. Porque o único e verdadeiro amor de sua vida, foi apenas um, o Ballet.
A vida lhe ofereceu glória e os homens apenas promessas estupidas.
Saiba o que é Ballet Clássico e Ballet Contemporâneo, qual a diferença, afinal? Texto de Sara Gobbi, n'O Pensador Selvagem.
*Agradeço à todos os comentários no post anterior e gestos de carinho, manifestados por ocasião do aniversário do "Luz de Luma" e como não canso de repetir o que deixei escrito na sidebar: "eu serei o corpo e vocês a alma deste blogue". Obrigada!
Luma,
ResponderExcluirque vídeo criativo, lindo, sensível, combinando bem com a história da bailarina.
conhecí seu blog hoje, e estou amando!
fica com DEUS!
bjkas,
Luma, que linda história de vida.
ResponderExcluirO balé é uma arte lindíssima, e ela fez de sua vida uma obra de arte!
beijos
Ah..Luma, que lindo o post que você fêz pelo aniversário do blog!!! Não vou dizer mais nada, pois as manifestações já disseram tudo. Tenho você lá no meu cantinho e embora nem sempre eu comente, estou sempre por aqui.Parabéns pra você e pra todos nós que ganhamos de presente o Luz de Luma.
ResponderExcluirBeijos carinhosos pra você.
Márcia
Ps: Obrigada por nos presentear com o post da Alicia Alonso...ela realmente vale a pena.
O amor pela arte é o único que se aproxima do amor entre dois humanos, e isso explica o fato de que ela vive materialmente sozinha, mas intelectualmente sempre acompanhada pelo ballet.
ResponderExcluirJá ouvi dizer de pessoas que se recuperaram da perda de um ente querido (marido, esposa, filho, mãe, pai) na descoberta do amor por uma arte.
Este é um dos aspectos mais instigantes e ao mesmo tempo mais belos do ser humano: a capacidade de amar o imaterial.
Eu balé. Quando menina sonhava em ser bailarina.
ResponderExcluirMeu programa favorito é ver as ginasticas brasileiras se sairem bem nas Olimpiadas
Com carinho Monica
Uma artista que efetivamente amava sua arte. Ela viveu!
ResponderExcluirUm beijão.
Essas divas do balet jamais morrerão! Alícia, Márcia Haidèe, Margot Fontaine, Pina Baush..são tantas essas musas etéreas e, no entanto, tão humanas..com suas lesões de coluna, dedos dos pés tortos, dores indescritíveis, mas todas, sem exceção, deusas voadoras, deusas de sonhos...que ficarão para sempre na memória de quem um dia as viu dançar.
ResponderExcluirLinda homenagem!
Luma, queria te perguntar se posso colocar no meu blog o banner contra o projeto do senador Azeredo?
Já assinei aqui no seu e gostaria que todos soubessem o que está acontecendo. Vc me permite?
Beijos.
O vídeo está fabuloso e a tua homenagem a Alícia ainda mais.
ResponderExcluirParei a pensar e fiz uma interrogativa: quantas Alícias ou Alícios não existirão por este mundo fora? Tiveram esse mesmo mundo a seus pés mas nada os fez demover do seu rumo/sonho/prazer, neste caso o ballet! Já lá vão 90 anos na vida de Alícia que continua a dar cartas apesar da sua cegueira e dá-me uma coceira desgramada quando vejo muitos jovens emperrados à porta dos sonhos que estão ao alcance da sua tenacidade, força e luta e porque não tiram um pouco de força de histórias como esta e de outras?
Por vezes é preciso haver "algo incrivelmente ruim (falo do Haiti) para abrirem a pestana, sacudirem a poeira, levantarem os braços e vamos trabalhar (porque há) em vez de estar à espera de um emprego. Ganha-se 500? paciência mas mais vale 500 na mão do que 1000 a voar.
Uma geração de "encostados" e aí culpo os da minha geração que deram tudo ao menino e menina menos as ferramentas morais para se desenrascarem e largarem "o bem bom".
Há que estudar porque até para limpar as ruas já vão exigindo "estudos" para não dizer "canudos".
"A vida lhe ofereceu glória e os homens apenas promessas estúpidas"...hum, Alícia terá sido assim mesmo? Não escapou nem umzinho? Fiquei com pena dos homens, puxa vida fazem falta nem que seja para com quem embirrarmos heheheheheh
Luma és o corpo, mas eu faço parte da alma? he pá que responsabilidade principalmente quando contraponho...que não foi agora o caso:)
Gostei muito do post!
Beijos
Oi Luma !!
ResponderExcluirLindo post, delicado e amavel.
Balé é de uma profunda delicadeza, que faz a gente levitar junto...
Fui até no google ver quem era Alicia, muito lindo tudo !
Meu blog tá de cara nova, mudei tudo, ariadne versão 2010. Tô ficando meio rebelde. Aguardo vc por lá, tá?
Bjks
E as ferias ?? acabaram ???
Alicia sempre foi maravilhosa. Tive a oportunidade de vê-la dançar num vídeo, há vários anos. Foi inesquecível, e só aumentou a minha admiração e gosto pelo balé.
ResponderExcluirLuma, gostaria tanto saber dançar, rodar pelos saloes, voar ao som das musicas...mas sou dura como um pau, nao tem jeito...rs
ResponderExcluirbjs
Meiroca
www.meiroca.com
Histórias de vida assim, como as de Alícia, tem o poder de cutucar, além de "encantar". Cutucar, sim, pois é uma vida que desabrochou com paixão e determinação. Se não fosse por ela, a identidade cubana (e latino-americana, tb) ficaria muito empobrecida em matéria de dança clássica. Grande resgate neste post!
ResponderExcluirBeijos!
Luma,
ResponderExcluirImpecavelmente belo e emocionante este seu post.
Invejo também estas pessoas que conseguem dedicar-se a uma arte e nela persistem e permanecem durante toda a vida, em busca da perfeição impossível.
Queria muito sentir este impulso também.
(Obrigada pelo carinho lá. :D)
Beijos
Linda historia e belo video!
ResponderExcluirBjs Luma!!
uau!!!!
ResponderExcluirpalavras com alma e vida.
sinceramente... gostei!!
Luma, minha florzinha! Paris ficaria mais linda com você por aqui, rodopiando e cantando essa música, numa junção tão delicada.
ResponderExcluirFui convidada para postar em um blog mas por enquanto ficarei somente com o twitter. Te vejo lá!
Linda história Luma, não conhecia.
ResponderExcluirAcho tão bonito quem se dedica a arte, dança, música... acho que é uma vida tão mais leve, mesmo com adversidades.
Parabéns atrasado pelo aniversário do seu cantinho.
Beijão Luma
Bom fim de semana =)
Excelente o video de Alicia!
ResponderExcluirBeijocas
Sou uma deslocada...
ResponderExcluirEu queria dizer: excelente o video e a Alicia.
Beijo, outro
E ainda tenho que ouvir pessoas dizendo que é só através do esporte que as coisas mudam nesta vida...
ResponderExcluirAdoro dança, mesmo não sendo nenhum especialista. Danço conforme a música, conforme acredito ser dança, e é uma arte que muita gente não domina, pois acham (ou os fazem achar)mais fácil correr atrás de uma bola!
Linda a história, e mesmo estando parecendo ela estar sozinha no mundo, não vive a solidão por ter esta eterna companheira ao seu lado.
Bj
Ahhh, amei esse video, sensibilidade que transmite a leveza do ballet, meu sonho quando criança era ser uma grande bailarina.
ResponderExcluirBjs
Bom fim de semana
Muito lindo...Bjs e fique com Deus.
ResponderExcluirLindo este video Luma, sensibilidade a flor da pele!
ResponderExcluirBelíssima história, o ballet é lindo demais.
Deixei um coment no post anterior.
Beijos lindinha e tenha um fim de semana regado de muita paz e alegrias...
Grande exemplo, nada mais que isso, um excepcional exemplo...
ResponderExcluirLuma:
ResponderExcluirAdorei a história.
Você sabe como ninguém, contá-la.
Parabéns!
Beijos.
Anny.
Bom fim de semana.
Luma, hoje tive tempo de conhecer melhor o seu blog, dei uma passeada com calma por aqui, e me confesso encantada com tudo que vi e li.
ResponderExcluirInfelizmente não tenho tempo de vir contantemente, mas pelo seu conteúdo, virei poucas vezes, mas dedicarei um tempo para por a leitura daqui em dia.
Muito delicada a forma que você nos a presentou a bailarina.
beijinho e um ótimo final de semana.
Alícia viveu intensamente seu sonho. Fez de sua vida a arte de bailar.
ResponderExcluirO video eh um encanto!
Beijos e parabéns (atrasado), pelo aniversário do blog.
Viver, mopstrando arte, é incomparável.
ResponderExcluirBom fim de semana
bj
Há que se respeitar e admirar um ser humano desta envergadura.
ResponderExcluirValeu Luma.
História fabulosa, como muitas que nossos interesses por vezes não permitem conhecer, e/ou fazer parte. O vídeo mostra também, através talvez do melhor detalhe, como o ballet é gracioso: a dança pode ser do corpo e da alma, mas são os pés quem ditam o ritmo.
ResponderExcluirBeijos!
Otimo texto Luma! E bom conhecer essas pessoas diferentes! Quem e que pode imaginar alguem amar mais a danca do que alguem, um corpo amado? Mas e uma opcao e deve ter sido bom mesmo. Que e lindo, ah, isso e! Beijos! Obrigada pela visita ao Politica...
ResponderExcluirLuma, very beautiful video and text, I enjoyed them very much.
ResponderExcluirAbout your comment, you're right about Vermouth: it was invented in Turin (in the Piazza Castello zone) by Benedetto Carpano in 1786.
Happy Sunday!
É sempre importante persistir naquilo que queremos afinal se não tentarmos ai teremos a certeza que jamais conseguiremos alcançar nossos objetivos.
ResponderExcluirObrigado pela sua visita.
Um grande abraço !!!!
É tão agradável ler sobre a vida de pessoas que fizeram a sua parte e construíram símbolos e significados. A vida é isso e é justamente desses símbolos que nós precisamos não apenas para servir como exemplo, mas sim para que a gente saiba que só é preciso fazer a nossa parte.
ResponderExcluirBeijos carissima
Menina, e depois eles que são os "deficientes" (pois o que nos impede de criar algo como a mesma disposição é só a nossa falta de vontade)...
ResponderExcluirFique com Deus, menina Luma.
Um abraço.