A roupa de baixo chega ao topo

Estou maravilhada com o bom gosto das camisetas das Seleções da Copa. Uma mais linda que a outra. A minha eleita portanto, não é a do Brasil, é a de Portugal.
A camiseta nem sempre foi assim, usada tão descaradamente. A bonitinha tem história pra contar e se passaram mais de 100 anos de sua criação. Foi na virada do século dezenove para o vinte que ela foi retratada pela primeira vez na tela do gênio impressionista Renoir.


A camiseta é um dos maiores fenômenos da moda no século XX. A mais básica das peças do vestuário, permitindo ene variações, é também a mais democrática, participa ativamente em todas as camadas sociais. Mas nem sempre foi assim, antigamente era usada como peça íntima masculina para combater transparências sob camisas sociais, absorvendo o suor no verão e aquecendo no inverno.


Iniciou sua trajetória como roupa de baixo de militares e, ao fim de duas décadas, tinha virado um símbolo do estilo jovem, de peito aberto para acolher slogans ou, simplesmente, produtos de consumo.

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O corte básico em forma de T, com mangas curtas (daí o nome com que foi patenteada, T-type shirt, logo simplificado para T-shirt) e gola fechada no pescoço foi fixada em 1942, ano em que a marinha dos EUA a adotou como parte do seu uniforme, sendo logo imitada pelas demais forças armadas americanas. Antes disso, em 1913, a marinha adotara o modelo semelhante, mas com gola em V, para ser usado debaixo da farda.
Antes desse modelo simplificado, a camiseta era uma espécie de colete fechado com cadarços sobre os ombros, sem mangas. Nessa época só era exibida em público por trabalhadores braçais que fossem mal-educados o bastante para tal. Não era considerada, de forma alguma, uma peça adequada para ser usada fora de casa.
Para que o formato dos anos 40 se popularizasse, a ponto de tornar-se chique exibi-lo nas ruas, contribuiu decisivamente a segunda Guerra Mundial. Usada por 11 milhões de militares americanos ao redor do mundo, logo as T-shirts se viram associadas a ideais de heroísmo, bravura, virilidade. Elas eram, a essa altura, produzidas por empresas, como a Hanes e Union Underwear. Por íncrível que pareça, as marcas estão no mercado até hoje.

Hollywood também fez sua parte no processo de popularização das T-shirts. Marlon Brando, James Dean e o “rei do rock” Elvis Presley exibiram seus músculos nas telas vestindo camisetas e calças jeans, para delírio do publico. Fora das telas, a peça fazia sucesso entre músicos – era raro ver Chet Baker sem uma – e começou a conquistar até mesmo os que a associavam negativamente com a rebeldia e a delinqüência da “juventude transviada”.

A camiseta como veículo de mensagens variadas, ao gosto do freguês, ganhou impulso decisivo em 1954, com o advento da serigrafia. Quando em 1963, surgiu a técnica de impressão à frio, que facilitava ainda mais a personalização dos recados a serem dados, as camisetas já estavam entronizadas definitivamente como ícones da cultura jovem e contestatória. Ganharam cores, formatos e estampas de variedade infinita. A princípio um símbolo anti-consumista – devido ao preço muito baixo – elas acabaram transformadas em outdoor ambulante para diversos produtos. Ma aí já não é culpa da camiseta: como certamente alguém já escreveu em alguma T-shirt, a indústria cultural não poupa nada.

No final da década de 60, os hippies perceberam o poder da peça como veículo para difundir seus ideais de paz e amor e popularizaram o seu uso. A camiseta deixou de ser um símbolo, uma metáfora por si só, para também carregar idéias estampadas sobre o tecido. Nos anos 80, esses hippies viraram yuppies e as mensagens de cunho social cederam lugar ao logo das grandes griffes. As estampas passaram a reforçar o conceito das poderosas marcas de prêt-à-porter. Mais recentemente, as t-shirts serviram de convite para desfiles de alta-costura de maisons, como Nina Ricci e Christian Dior.


Vejam quantos anos se passaram e a camiseta continua jovem, sensual e inconformada. A camiseta, viu gente! As camisetas de banca de camelô que tinham uma piada escrita ou uma figura engraçada subiu às passarelas e virou inspiração para vários estilistas. As camisetas “com conteúdo” foram adotadas por grifes de peso e ganharam a adesão de estrelas do cinema e da televisão. Com palavras de ordem como “fé”, “luta” e “esperança”, escritas em letras garrafais, a Fórum fez seu apelo social no último inverno e reverteu o lucro da venda das camisetas para o projeto Brasil Sem Frio. Esse ano continua.

A Triton, inspirada em Brigitte Bardot, escreveu nas camisetas:“Try Me” (prove-me) ou “Tricky Chick” (algo tipo gatinha complicada). Achei meio bobinha essa moda da Triton, mas a meninada adora. Quem sabe algo como "Faço qualquer coisa para chamar sua atenção”.

E você, também vai fazer? Inicie já a sua campanha e se inspire a escrever alguma frase em camiseta!

Up!Date: Henrique Crespo voltou a blogar! Vamos lá invadir a sua área!!
Beijus

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