A Floresta Sitiada

Nas décadas de 60 e 70, o governo queria a todo custo colonizar a Amazônia. Para convencer moradores de outras regiões a migrar para a vastidão dos estados amazônicoa criou-se slogans como "Uma terra sem homens para homens sem terra" e "integrar para não entregar", marca autêntica da xenofobia dos militares que temiam uma invasão americana nos desabitados confins do país.

Que outro país era esse? Que isolado seria o sexto país do mundo? Sim, a Amazônia legal ocupa 60% do território nacional e estende por 9 estados , dentro dela cabe metade do território europeu ou mais de uma dúzia de países incluindo França e Alemanha.

Atraídos por essa abundância de terras e florestas, fazendeiros, madereiros do sul e sudeste do Brasil começaram a chegar em Rondônia, Mato Grosso e Pará. As florestas eram devastadas e viravam pasto para gado. A mão de obra eram de nordestinos. Assim surgiram cidades hoje esquecidas nos rincões do norte do Brasil.

Os donos da terra viraram legítimos donos de engenho.

Até hoje, do prefeito ao diretor da escola municipal, delegado de polícia, juiz da comarca, nenhum cargo é ocupado sem a benção dos imperadores da violência.

Desde 2003, o governo tem relatório que liga políticos a rede de crimes no Pará. Esse relatório informou o governo federal sobre o crime na Terra do Meio, no Pará, onde foi assassinada a freira Dorothy Stang.

O documento cita nome de 6 empresários da região acusados de exploração ilegal de mogno e tráfico de drogas. O relatório vincula os empresários a um deputado federal do PMDB (Est. de S. Paulo 23/2)

O segundo eixo criminoso é feito por pistolagem, agem na limpeza de áreas a mando do primeiro.
O terceiro eixo criminoso seria integrado por agentes públicos responsáveis pela legislação da grilagem e conceder empréstimos e financiamentos com dinheiro público aos criminosos.

Na carta da sociedade civil endereçada ao Sr. Presidente consta que a morte da freira não foi única. Morreram cerca de 125 pessoas que lideravam e apoiavam os movimentos sociais rurais durante o governo Lula. Números recordes, que mostram o crescimento da violência e impunidade. Assumir a responsabilidade não é fazer apenas discurso televisivo. Um dos supostos assassino da freira já havia sido autuado 2 vezes pelo Ibama.

O relatório da Comissão Pastoral da Terra, intitulado "Assassinatos no Campo" trata de questões agrárias e revelam dados aviltantes para qualquer nação do mundo.

Os habitantes dos municípios do sul e sudeste do Pará estão acostumados com a morte de agricultores, advogados, sem-terra, sindicalistas que enfrentam fazendeiros e madereiros na briga por um pedaço de chão.

Maridos e filhos assassinados, centenas de viúvas em condições mais precárias do que antes da morte do provedor. Ignoradas pelo poder público, vivem em incessante dilema de medo. Por aquelas bandas justiça e lei não passam de palavras mortas.

Guerra invisível que mata duas vezes mais gente que o conflito entre Israel e Palestina. A diferença é que lá o morticínio alarma as autoridades, mobiliza a população e produz manifestações consistentes.

No Brasil, a polícia, justiça e grande parte da comunidade po~em a cabeça entre as pernas e viram as costas para a desgraça alheia.

Em 1998, a Anistia Internacional denunciou o Brasil por desatenção aos assassinatos. ASlguns processos foram desengavetados depois de 15/20 anos parados.

Que vergonha Sr. Presidente! É muito bonito fazer discurso de improviso, agir de improviso não dá! E Quando o Governo Provisório e as tropas sairem de lá, qual será a garantia da população?