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Samba de Gringo

No último dia 15, comemorou-se um ano do ápice da crise financeira de 2008/2009, quando o banco norte-americano de investimentos Lehman Brothers com atuação global, declarou falência e tornou-se o marco zero da principal crise econômica americana desde o crash de 1929.

Ao pedir concordata, a Lehman Brothers Holdings Inc., um banco especializado em complexas operações e grandes investimentos - onde ninguém tinha conta e por isso, não possuíam cheques; mesmo assim, uma "Grande Bolha da Internet" com raízes em 2001, se espalhou pelo mundo afetando milhões de pessoas.

As perdas bilionárias em decorrência da crise, as especulações de que a carteira de ativos do banco valiam menos do que o estimado, fez a confiança da instituição em Wall Street cair. As ações do banco, no período de um ano despencaram 95% fazendo com que o crédito imobiliário para pessoas consideradas com alto risco de inadimplência (sistema de hipotecas subprime - valores de investimentos residenciais e comerciais) - tiveram que ser revisados para baixo, levando o banco a ter o maior prejuízo líquido da sua história.

A crise de crédito, com consequências negativas, para outras companhias e para clientes espalhados no mundo todo, que trabalhavam com o banco - assim como também, aqueles que trabalhavam com outros bancos, com fundos de pensão, fundos hedge, consumidores destas companhias e governos - foram afetados nesta 'marolinha' quando, se aproximaram das aplicações e estremeceram as bolsas, fazendo as ações despencarem vertinosamente em todo o mundo.

Um ano que o mercado se manteve confuso para desatar as complexas relações, entre as várias companhias envolvidas neste colapso embaraçoso, onde várias instituições financeiras ficaram no limbo, correndo o mesmo risco de quebra que acometeu o Lehman Brothers.

Ontem a ONU (Organização das Unidas), alertou para a baixa de oferta de alimentos existente no mundo, no nível mais baixo dos últimos 20 anos. E seu WFP (Programa Mundial de Alimentos), estimou que o número de pessoas famintas, este ano, irá ultrapassar a marca de um bilhão de pessoas. A ONU não tem a verba para a compra e distribuição de alimentos, o que fará a população carente, se tornar mais vulnerável.

No ano passado, Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU, pediu à comunidade internacional que fizesse doação, de pelo menos US$ 2,5 bilhões para enfrentar o problema. Do contrário, as consequências nutricionais e surgimento de distúrbios sociais seriam sem precedentes.

Na ocasião, Robert Zoellick, diretor do Banco Mundial fez a promessa de que a sua entidade, criaria um fundo, destinado a financiar os países mais pobres e ajudar na agricultura.

Alguns países no mundo, limitaram suas exportações para garantir o abastecimento interno e tiraram restrições às exportações. O Brasil foi criticado neste requisito, continuando com as restrições e contribuindo para colocar em risco a oferta mundial de alimentos, aumento de preços e consequentemente, levando prejuízo às pessoas mais pobres do mundo.

Mas o nosso des(governo) não faz o que fala e em um paradoxo, nesta crise alimentar - porque é um grande exportador de alimentos, que anteriormente se mantinha na linha de frente, na liberalização do comércio mundial (Rodada Doha), agora adota medidas protecionistas, fazendo Lullinha dizer: "A crise de alimentos é passageira" - Não é o que Roberto Rodriguês, ex-ministro da Agricultura do governo Lulla acha (leia análise). Se não tivermos uma conduta global, a fome no mundo será generalizada!

Jacques Diouf, diretor-geral da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), pediu que fosse dado aos fazendeiros dos países emergentes, ajuda imediata para ampliar suas lavouras.

"Os fatos são claros. Um, precisamos providenciar dinheiro e alimentos para que as pessoas possam ter o que comer e para reduzir os custos para os pobres, de modo que eles possam ter acesso aos alimentos. Dois, temos de ajudar os agricultores a ter acesso ao que eles precisam para produzir."

O aumento da renda no setor agrícola é a melhor medida interna para se contornar a crise de alimentos, já que 75% dos pobres do mundo trabalham no campo.

E no Brasil acontece o estica e puxa! O governo oferece facilidades e depois as retira.

Flávio de Carvalho Pinto, presidente da Associação Brasileira dos Citricultores (Associtrus), em recente audiência, disse que os pequenos e médios produtores de cítricos do país estão deixando a atividade e que a crise no setor é grave. porque o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), "obriga" os citricultores, mesmo os de pequeno porte, a negociar diretamente com grandes/mega compradores internacionais.

Dizem que esta medida é para evitar dumping (venda a preços menores que os aplicados no mercado interno do país exportador) envolvendo as exportações brasileiras de suco de laranja, porém escutei um produtor, dizer que, estes megas compradores internacionais, ao fazerem suas propostas, oferecem pela caixa de laranja, um valor menor que o custo da produção e estariam subentendendo uma contra-oferta à este pequeno produtor, que no momento, estaria com dívidas até o pescoço.

Assim, de laranja em laranja, território brasileiro é vendido para grandes empresas internacionais de exportação de alimentos. Onde isto vai dar? Sabemos que as plantações de laranjas são bem grandes, principalmente no interior 'rico' do país.

Há quem diga que, a demanda interna diminuiu e por isso o preço também diminuiu, colocando a culpa no aumento do consumo de refrigerantes, isotônicos, bebidas lácteas e derivadas da soja.

Demorou! No boom da soja, onde os analistas de mercado projetam safra recorde este ano e os produtores brasileiros dizem ser uma cultura rentável (?) - os brasileiros aproveitam e consomem fartamente o produto, até exagerando:

tweet

A Milena Castino, que mora na Inglaterra, escreveu um post entitulado "Em tempos de crise", em seu blogue "Samba de Gringo", relatando como é conviver com a crise e seus ingredientes: desemprego, inflação e alto custo de vida no hemisfério norte. Os alimentos são a parte central desta postagem e fiz comentário em sua postagem:

Parece que a situação aqui está melhor! O Brasileiro, apesar das crises que passou ainda não aprendeu a não desperdiçar; joga no lixo coisas que não deveria jogar – tipo cascas e raízes. Enfim, eu não sou vegetariana, mas estou com um certo nojinho de comer carne, sabia? Por causa das coisas que lemos. A soja aí é muito cara? Tenho receita de bifinho de soja e de leite de soja, se quiser, te passo.

Como eu prometi para ela e o "Luz de Luma" é frequentado por pessoas que moram fora do Brasil e porque Lullinha diz que aqui não tem crise - Lullinha não viu o preço do leitinho das crianças - enfim, acho que as receitas serão apreciadas por todos. Ei-las:

Leite de Soja

Modo de fazer: Deixe a soja de molho na água durante a noite. Lave muito bem pela manhã, em várias águas. Para cada medida de soja, use 3 medidas de água. Bata no liquidificador, coe num pano e coloque para ferver.

Opções de sabor:

Tempere com uma pitada de sal e raspinha de limão. Pode-se usar ainda a erva-doce, a hortelã e outras ervas aromáticas para dar ao leite de soja um sabor especial. Para adoçar, um pouquinho de mel.

ou

4 xícaras de leite de soja
1/2 xícara de leite de coco
1/2 xícara de leite de aveia
pitada de sal
mel a gosto
Modo de fazer: Misture e bata no liquidificador.

Você pode adicionar frutas dando o sabor que melhor lhe agradar.

Esta receita foi a Jaqueline Amorim que repassou, do livro Recursos para uma vida Natural, Eliza M.S.Biazzi, ed. Casa Publicadora Brasileira, 1999. através do My Blog Health. Eu fiz para experimentar, gostei e entrou para a minha dieta.

Bifinho de Soja:

Hidrate a soja do mesmo modo como explicado para fazer o leite de soja (não ferva e retire o excesso de água) e coloque em uma bacia com um pouco de sal e amasse. Neste ponto a massa de soja é conhecida por: proteína de soja. Se você sabe preparar hambúrgueres em casa, faça a seu modo ou então, faça do seguinte modo:

Bata no liquidificador os temperos, cebola, alho, cheiro verde, pimentão e cenoura (se desejar) com um pouquinho de água, deixando o resultado não muito espesso. Coloque esta mistura junto com a proteína da soja, reservada. Bata um ovo e adicione à mistura - o ovo serve para colar os ingredientes, um ao outro e nas dietas de restrição à gema, pode-se colocar somente a clara.

Se a massa não ficar no ponto, coloque aos poucos, sovando, farinha de trigo integral ou não. Faça bolinhas grandes e depois achate-as, formando os bifinhos. Veja que a massa também pode ser transformada em almôndegas, substituindo a farinha por pão amanhecido ou farinha de rosca hidratada. Os não naturebas podem acrescentar bacon à massa. Frite em óleo quente ou faça em uma chapa, envolvendo a massa em farinha de rosca. Sirva a seu modo, com ou sem molho ou mesmo em sanduíches. Faça um teste com as crianças! Garanto que elas comem sem saber do que se trata!

No blogue d'As Rainhas do Lar, tem quase um caminhão cheio de receitas elaboradas com soja. Aproveitem o valor nutricional e 'milagroso' da sementinha!

Me conte, o que você faz para ajudar a combater a crise mundial, principalmente a crise de alimentos, a fome no mundo e qual a sua relação com os produtos alimentares industrializados?

Beijus,

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