Não é todo primeiro amor que vale a pena
O primeiro amor do filósofo francês René Descartes foi uma garota vesga, quando ambos ainda eram muito jovens. Por toda a vida ele se inclinou a amar mulheres de olhar incerto. O padrão do primeiro amor pode dar certo. Mas se a fixação leva a pessoas inadequadas, haverá sofrimento. Por isso é importante analisar o que nos atrai no possível parceiro.
O encanto e a música do primeiro amor ocupam corações e mentes de muitas pessoas. Imprimem em sua lembrança um modelo de felicidade ideal difícil de esquecer. Longe de ser apenas primeiro balbucio na educação sentimental, estágio inicial do rico e variado percurso dos desejos e destinos amorosos, o primeiro amor é guardado como objeto digno de veneração.
Não seria problema se fosse apenas uma carinhosa recordação da primeira vez em que nos apaixonamos e tivemos a quente experiência da intimidade amorosa. Muitos, porém, sofrem de fixação pelas primeiras paixões a ponto de não conseguirem estabelecer novos vínculos.
Uma viva imagem dessa lembrança nos vem do filósofo francês René Descartes, citado acima. Ao mirar seus olhos incertos, a imagem deles e a experiência do amor se fundiram de uma tal maneira que, durante sua vida, ele se inclinou a amar mais as pessoas vesgas, sem consciência de que o fazia movido por esse primeiro e ardente amor.
O fascínio de Descartes corresponde ao encanto de cada um de nós por detalhes do primeiro ser amado: o que ele representa. Não apenas o corpo, mas a alma. É provável que o primeiro amor seja, ele próprio, uma lembrança de nosso intenso amor vivido junto aos nossos pais. Espécie de renascimento dos fortes afetos que passa a ser vivenciado com uma pessoa diferente, encontrada ao acaso no mundo, e que nos reconhece como alguém "gostável".
A percepção de algum traço físico ou modo de pensar, um nada qualquer, arranca então emoções primitivas carregadas de ilusão, estimula esperanças e acena com um paraíso messiânico: vem à lembrança os melhores momentos de amores infantis junto aos pais.
Podemos até esquecer o nosso primeiro amor, mas ele não nos esquece jamais. Persegue-nos dentro de nós, como um fantasma. E assim, sem que saibamos, dita novas (novas!) escolhas ou recusa alternativas. E transforma-se em tema de canções, poesias, provérbios, filmes...
O escritor argentino Jorge Luís Borges fez certa vez uma bela afirmativa: "O amor exige provas sobrenaturais". Acho que ele quis dizer o seguinte: o sentimento amoroso é algo que não pode ser descrito em razão de sua natureza, força e beleza. Aos olhos alheios, o objeto de nosso amor não desperta nenhuma emoção. Para o apaixonado, no entanto, ele é único, além do físico, além da razão - sobrenatural.
O próprio Borges viveu sua experiência: "O primeiro amor (ideal, é claro) de minha vida foi uma atriz, a americana Ava Gardner. Via seus filmes duas vezes por dia. Logo que a sessão terminava, desejava a chegada do dia seguinte para voltar a vê-la". Nesse caso extremo, já imaginaram se ele continuasse fixado na atriz?
A presença do primeiro amor, claro, só é problemática quando se tratou de um amor ilusório, ou não deu certo e não tem chances de volta - porque há casos raros em que tem êxito. A psicanálise nos ensina que a fixação em pessoas inadequadas é indício de obstáculo no desenvolvimento amoroso - talvez por rejeição da mãe, do pai ou de violência. Tanto pode ocorrer porque o passado foi muito satisfatório, e a pessoa não o quer perder, ou porque foi traumático - o incrível é que também queremos repetir o ruim.
Quando os fatores que causam a fixação não foram esclarecidos, levam à repetição das escolhas, mesmo que envolvam sofrimento. É possível, então, que a pessoa tenha comportamentos infantis. No limite, pode até se tornar drogada, alcoólica, violenta. De qualquer forma, sua energia disponível sofre limitação por causa do investimento no objeto passado.
É importante termos consciência desses fenômenos. Ao passar nos primórdios do desejo e dos destinos que tiveram, compreendendo-os, empurramos a carruagem da vida. Escapamos assim que fique rodando em círculos, em busca de fantasmas desaparecidos.
Na sua cama, não dorme somente você - pessoa produto - com você dorme sua família. Não adianta, você pode até morar longe da casa dos pais, mas saiba que: Quem se fixa na primeira paixão, teme perder o elo como os pais.
Incrível texto e me fez aqui refletir sobre muitos amores que já tive... na realidade, namorei muito mas amores que realmente me deixaram "mágico" foram poucos... Considero todos os meus namoros decepcionantes, mas aprendo muito com eles e tiro um bocado de lições aprendidas sempre! tenho certeza que os próximos serão assim!
ResponderExcluirabração querida!
Bom dia Luma!
ResponderExcluirPassando só p/ desejar um bom dia!
Vou ler o seu texto á noite (gosto de lê-lo com time). Hoje o dia todo passarei facilitando uma oficina...
Beijooooooooooooooo
Parei aqui para pensar no meu primeiro amor, o rompimento foi tácito, e, apesar de ainda estar por perto, as coisas evoluíram de tal forma que apenas um sorriso cumplíce quando nos cumprimentamos denuncia que algo já aconteceu. Avaliando um pouco mais, não tenho tanta certeza se busquei nos seguintes algo que me encantava no primeiro, mas é preciso ir fundo para saber ao certo. Quanto a gastar tempo com a família, aqui de casa somos muito bons nisso: minha família anda em bando, onde um está sempre está também um outro. É muito bom ter os seus por perto...
ResponderExcluirBeijão :)
Que belo texto!
ResponderExcluirPor isso que gosto de passar aqui, a maioria das vezes não comento, mas estou sempre de olho no blog.
Este texto é tocante, parabéns!
beijo
Ju
Lindo texto, minha querida.Você é sempre deliciosa de ler rsrsr Beijos e ótima semana!
ResponderExcluirO primeiro amor que entra no coração é o último que sai da memória .
ResponderExcluirBeijo meu.
Oi, Luma.
ResponderExcluirBonito texto! Primeiro amor? Bom, tive alguns primeiros amores, mas bem fraquinhos! O primeiro amor mais marcante não deu certo. Se continuássemos, hoje um estaria embaixo da terra, no cemitério, e o outro na cadeia. Não sei exatamente quem e onde, mas seria isso. Mas, o primeiro amor verdadeiro, continuo com ele até hoje, com muito carinho, muito respeito, muita camaradagem, muita amizade, muito romantismo, música predileta, e muitos e muitos predicados e etcéteras. Estamos casados há 42 anos.
Abração.
"Você sabe amar?"
ResponderExcluirNossa, que pergunta dificil!!!
Acho que não sei. ;)
Oi, Luma.
ResponderExcluirO meu primeiro amor, está muito distante, mas você me fez recordar. Valeu!...
Beijos
Luma:
ResponderExcluirMe "vi" descrita, em várias partes do seu texto. E concordo com seu amigo leitor acima: tive alguns namorados (5), mas nem todos foram amores.
Mas, os que foram... ah! Os que foram!...
Só me livro da culpa de procurar repetir o padrão porque, olhando pra trás, vejo que não costumo fazer isso. Geralmente, eu mudo de direção. Só fica (de igual) o básico: fidelidade, química, morenice (que os loiros me perdoem), intensidade.
Bjos e bençãos.
MUITO OBRIGADA POR TER PARTICIPADO DO NOSSO DIA DA FAMÍLIA!
Mirys
www.diariodos3mosqueteiros.blogspot.com
O primeiro amor marca muito nossas vidas, Luma.
ResponderExcluirSeu texto é excelente, e concordo que, todo amor temos que ganhar desde a infância porque senão nunca aprenderemos a amar.
Bjs no coração!
Nilce
Pra amor sou subjetivo e nao compro pre-determinacoes rsrs
ResponderExcluirBeijos
Roy
Que blog lindo e que historia triste a deles.
ResponderExcluirbjx
Roy
Como sempre, seu blog é riquissimo.
ResponderExcluirMeu primeiro amor ainda é meu amor. Só fui ter um primeiro amor aos 27 anos e me sinto muito feliz com isto...rs
Acho que sei amar, mas também acho que ainda estou a aprender; foi com os meus filhos que aprendi o amor altruísta. Acho que eles têm sido o meu "ginásio" do amor.
ResponderExcluirBeijos, Luma.
Oi Querida
ResponderExcluirParabéns pela forma tão clara que descreveu os enganos do amor.
Lá no meu espaço tem um vconvite, será uma alegria tê-la por lá.
bjs
td maravilhosos por aqui..abraços mil!!
ResponderExcluirPor certo o olhar foi o que mais marcou e ele buscou nesse olhar a mulher ideal, a que ele amou primeiro, sempre com essa característica.
ResponderExcluir"Quem não aprendeu a amar na infância, não terá capacidade de amar na vida adulta."
ResponderExcluirTive sérios problemas com meu ex marido por isso.
Ele é um exemplo vivo dessa expressão.
Grande verdade!
Fiquei feliz com sua visita e mais ainda em saber que a história doPato lhe será útil.
Não deixa de ser uma lição de vida, concorda comigo?
Bjokas
EU sempre quis dizer meu primeiro e único amor e hoje, até agora, pelo menos consigo dizê-lo e hoje ele "acende" velinhas. rs
ResponderExcluirbacio
Olha, meus primeiros amores, romanticamente falando, foram um caos. Nada ou pouco guardo de bom, essa é a verdade. Contudo, espiritualmente falando, aprendi a tomar Jesus como primeiro, maior e eterno amor. Já o marido fica com ciúmes kkkk... Brincadeira rs... São amores incomparáveis e completamente distintos, né?
ResponderExcluirVejo o amor romântico como uma forma de expressar o amor e não necessariamente essencial para ser feliz. Amor essencial é o universal, o fraterno, aquele que Deus pede.
PS: Obrigada pelo link. Foi bem da hora.
Acredito que não sei responder as perguntas...aff
ResponderExcluirNão sei se me preocupo ou não...Mas não irei pensar nisto agora.
bjs
Como de costume: texto rico e perfeito. Com amor, informacao e cultura, sentimento e alma. Bjs!
ResponderExcluirComo sempre mais um texto maravilhoso que aborda sentimentos de todos nós, já que o amor é universal, adorei o resgate do primeiro amor tão em pauta no texto e a reflexão que me foi propiciada.
ResponderExcluirQuanto ao Brasil do Bem, já normalizou os comentários.
Bjs
Luma
ResponderExcluirMuito profundo e nos faz pensar!
Um abraço!
:0
Belo post, Luma! Realmente, temos uma tendência a conservar na memória a primeira vez de alguma coisa... e com o amor não poderia ser diferente! :) Será que alguém, realmente, sabe amar? :) Boa semana!
ResponderExcluirLuma, os Três Mosqueiteiros me emocionaram... Postar não dá tempo, mas o ato de amor com certeza terei sempre tempo...
ResponderExcluirSensível texto, mas particularmente o primeiro, segundo, o eterno, sempre valerão a pena!
Beijos e ternurassssssssss
Oi Luma, obrigado pela visitinha e pela dica do que fazer no blog, ainda não li o post mas vou seguir suas dicas. Desculpe a demora em responder e por ter sumido, ultimamente ando com a vida Muito corrida.
ResponderExcluirbjss e
Brigadão :)
Oi Luma, obrigada pela visita! Resolvi aparecer para ler suas entrelinhas e, mulher, parabens pelo excelente blog!
ResponderExcluirTem carteirinha de socio VIP entrada preferencial???
Beijo grande,
T
Ei! Luma!
ResponderExcluirO primeiro amor é sempre lembrado com muito sentimento, mas concordo que pode não ser o que vale a pena> porém é uma experiência marcante e eterna. O post está ótimo.
Se eu sei amar?
Nunca tinha pensado nisso, eu apenas amo. Lembrei-me da MPB: "Quando A Gente Ama"
Oswaldo Montenegro
"Quem vai dizer ao coração,
Que a paixão não é loucura
Mesmo que pareça
Insano acreditar
Me apaixonei por um olhar
Por um gesto de ternura
Mesmo sem palavra
Alguma pra falar
Meu amor,a vida passa num instante
E um instante é muito pouco pra sonhar
Quando a gente ama,
Simplesmente ama
E é impossível explicar
Quando a gente ama
Simplesmente ama!"!!!
Um beijo!
Oi Luma Obrigada por me visitar...
ResponderExcluirAdorei seu texto...e voltei a lembro o meu prieiro amor.. se bem que agnte sempre acha que viveu um grande amor, quando se seguinte consegue ser mais arrebatir né ?? rsrs
Bjs
Debby :)
Eu bem que notei que a gente tem a "tendência" a repetir padrões... Mesmo os ruins. E quando percebi isso, sinceramente, parei. Disse a mim mesma: chega. Isso foi logo depois de meu segundo casamento, com um sujeito idêntico ao primeiro! Quase arranquei meus cabelos quando percebi, acredita? Segundo casamento desfeito, nunca mais caio noutra, rsrssrsrs
ResponderExcluirBeijos, excelente post!
Carla
Caramba Luna, nunca tinha parado pra pensar nisso.
ResponderExcluirMeu primeiro amor foi muito especial e tenho otimas recordações, será que marido tem alguma relação com primeiro amor? Humm...nao sei.
Sempre tive atração por homens que me passassem proteção,vai entender e os 2 tinha isso.
Adorei o post.
Pois é Luma, quanto as despedidas, pelo visto voce passou por muitas e pude sentir a sua tristeza tambem,pois é....a gente acaba tendo que se acostumar mesmo.
Bjs.
Oi Luma. Adorei seu cantinho. Quanto ao texto primeiro amor me fez relembrar muito coisa. Coisas boas e ruins, mais que fazem parte da vida de todos.
ResponderExcluirAh...valeu pela dica nos comentários do meu blog .
Bjos.
O meu primeiro amor foi algo que me empurrou para a frente e fez de mim, um pouco, o que eu sou.
ResponderExcluirGuardo meu primeiro namorado como guardo um perfume que nao quero que nunca acabe. Ele, hoje, casado, tem uma penca de filhos, quando eu chego na cidade em que nascemos, ele vai me visitar...a gente toma café junto, eu converso com a mulher dele, os filhos e ele fala: Grace, vc nao muda, mesmo, nao é? continua tao sonhadora quanto...
A minha infancia teve etapas que abreviaram muita coisa do que minhas criancas viveram, mas eu me sinto privilegiada por, um dia, ter aprendido com a minha mae, como eu devo ser e tratar uma crianca.
Apesar de eu ter sofrido tentativa de abuso, eu nao fruto disso, nao. Sou fruto das coisas boas que eu vivi.
A primeira infancia e o primeiro amor, Luma, sao essenciais na construcao de um ser humano. Nao, perfeiro, porq ue esse nao existe, mas um ser humano consciente.
Se é que eu sou consciente...credito tudo o que eu sou a essas duas etapas da minha vida.
Sim..sou saudosista e sinto saudades.
Muitas vezes, quando eu vou ao Brasil, nao quero ver ninguém, nao....eu quero ver o lugar em que eu nasci, corri, subi em pé de manga...sometne assim, eu volto para casa e percebo o quanto deus foi generoso comigo...
deus - Deus
ResponderExcluirquando eu vou ao Brasil, o fato de ver meu ex-namorado, ver a vida que ele leva, o rumo que ele deu a si mesmo, tao diferente de tudo o quanto nós sonhamos, eu tenho mesmo é vontade de botá-lo no colo e ajudá-lo...
o meu primeiro amor valeu e muito. Aliás, todo amor vale se anslisarmos bem que, nada é por acaso...tudo tem um porquë, porém e portanto.
Meu primeiro amor me livrou de preconceitos, me fez ser quem sou, me empurrou pra vida, não vi mais meu primeiro amor, porém jamais deixou de ser na minha lembrança...
ResponderExcluirLuminha, bateu vontade de visitar seu blog, amo!
beijos de lindo dia
Márcia (clarinha)
Luma,
ResponderExcluirFui lendo seu texto e tentando lembrar sobre meu primeiro amor (ou primeiros amores). Foram tantos (kkkk). Acho que o primeiro quando eu tinha uns 5 anos. Aprendi a escrever para poder mandar uma poesia para ele (ele tinha 13). Depois aprendi a gostar dos garotos que minhas melhores amigas gostavam (estranho né, mas só agora me dei conta disso). Claro que sempre levei a pior. Era a gata borralheira da turma.
Mas o que considero primeiro amor assim de verdade mesmo é o meu ATUAL, que foi primeiro namorado e tornou-se marido.
Muito interessante pensar que a forma que amamos tem a ver co tipo de amor que recebemos na infancia.
mas engraçado, que analisando assim, acho que fui uma criança muito carente, nunca tive / recebi demonstrações de afeto / carinho. Ao menos nao como eu achava que deviam ser. Mas justamente por isso me tornei uma pessoa extremamente carinhosa, afetuosa. Claro que precisei lutar muito contra a insegurança, a baixa estima, etc, mas isso me fez uma pessoa que AMA muito, sem sufocar pela dependencia, ahahah.
Beijoooooos
Olá amiga Luma, concordo com o texto, nem sempre o primeiro amor é o que vai ser para sempre, ou o mais importante, o amor acontece.
ResponderExcluirBeijo.