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Desejo



Queria você profundamente aberta
Num beijapaixonado sem memória e futuro
Queria
prazer desintegrado no infinitamor de nossos corpos desconhecidos

Queria um rio negro
como branco
contando a Vytoria
De uma tragycomedia morta
Queria o maramoroso
De tua pele viva
E a poesia da madrugada
(Desejo - Glauber Rocha)

glauber rochaQuando o baiano Glauber Rocha chegou ao Rio de Janeiro, trazia consigo, além de um modesto currículo como jornalista policial e cineasta provinciano "uma idéia na cabeça e uma câmera na mão".

Com essa escassa munição, conquistou toda uma geração de jovens intelectuais engajados já na estréia de seu primeiro projeto na cidade "Deus e o diabo na terra do sol", deixando extasiada a platéia que superlotou o cinema Ópera, na praia de Botafogo, em 10 de Julho de 1964.

Dois meses antes, estava no Festival de Cannes, juntamente com Nélson Pereira dos Santos, diretor de "Vidas Secas", defendendo a estética da fome em que se baseava o recém-criado Cinema Novo. Como "Pagador de Promessas" (e-book), não havia a menor possibilidade de Glauber Rocha trazer para o Brasil uma nova Palma de Ouro, mas lá seu filme ganhou dimensão internacional e foi alçado à condição de uma das obras-primas da cinematografia mundial, opinião compartilhada pelo espanhol Luís Buñuel e o alemão Fritz Lang.

Parte das virtudes de "Deus e o Diabo" se deve à própria "impossibilidade de fazer um grande western", explicou ele. Antes de mais nada, Glauber sabia que o seu filme tinha um orçamento brasileiro, que o obrigou a aceitar, por exemplo, a queda de Rosa (Yoná Magalhães) na simbólica sequência final, pois precisava devolver naquele dia o helicóptero que a produção conseguira emprestado.


Corisco, personagem de Deus e o diabo na terra sol

É antológico o resultado que ele obteve no duelo entre Antônio das Mortes (Maurício do Valle) e Corisco (Othon Bastos), ao longo do qual travavam diálogos metafóricos em torno de uma guerra de libertação no miserável sertão brasileiro.

No entanto, parte da rica coreografia teve que criada porque Othon Bastos, que substituiu Antônio Lisboa às pressas, era muito menor que Maurício do Valle e os dois não podiam ficar muito próximos. Com uma série de referências filosóficas e cinematográficas, Glauber narrava na tela a história do vaqueiro Manuel (Geraldo Del Rey), que após se revoltar contra a opressão de um coronel, une-se a um grupo de fanáticos e em seguida aos cangaceiros liderados por Corisco.

"Antônio das Mortes, matador profissional, figura sinistra, melancólica e lógica de assassino visionário, o qual imagina que, uma vez eliminados o diabo (Corisco) e Deus (o profeta Santo Sebastião) haverá então a guerra de libertação, ou melhor, a revolução, que redimirá o sertão. Manuel, simbolo do povo brasileiro, escapa, testemunha viva da verdade das teses do filme" (Alberto Moravia, escritor italiano, no jornal L'Espresso, sobre o filme de Glauber)

Algumas pessoas – independentemente da nossa crença, raça e cor – nasceram para ditar ou quebrar as regras, apontar caminhos e desafiar o estar de cada coisa. Isso talvez nos deprima, mexa com o nosso ego quando nos deparamos sendo pessoas comuns, meros mortais.
Incapacidade, sacanagem de Deus? Não! Não creio! Temos as chances e o mundo diante de nós, apenas nos falta a coragem necessária para romper com certos padrões, falta-nos força para nos livrarmos da inércia que o conforto eleva e os prazos das lojas de departamentos proporcionam.

Somos facilmente abatidos feito frangos indefesos que engordam em poucas semanas. Comemos demais, bebemos demais, usamos drogas demais, compramos demais, nos estressamos demais. Estamos pesados demais pra pensar e lutar, não?

Vivemos um mundo ditado pelo consumo, pela economia de mercado. O mundo virou um imenso shopping-center e as pessoas parecem acatar a idéia de se tornarem produtos, descartáveis, passíveis de moda e tendências?

Tráfico de drogas, tráfico de influência, tráfico de gente! Se o mercado dita as regras, ganha mais quem vende o melhor produto, não é?

Ontem à noite tive a sorte de assistir “Glauber o filme, labirinto do Brasil”, um documentário sobre a vida de uma das figuras mais importantes da nossa história.

Qualquer cineasta metido a besta fala de Glauber Rocha com certa prepotência, porém esse documentário talvez eleve Glauber ao lugar que ele merece. Temos a cultura do esquecimento, dificilmente exaltamos nossa história, é raro olharmos para trás com senso de análise e respeito.

glauber rochaSão 98 minutos de depoimentos, entrevistas e imagens, uma verdadeira viagem audiovisual por alguns dos labirintos dessa mente genial, que desafiou o óbvio, rompeu “verdades indiscutíveis” e foi um dos grandes expoentes do “Cinema Novo”, numa das mais emblemáticas verves do cinema mundial.

Com “uma idéia na cabeça e uma câmera na mão” Glauber revolucionou o cinema e o modo como o cinema é pensado. Vá correndo até a locadora mais próxima e não deixe de conferir este documentário. Glauber talvez mude a sua vida
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