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No era dos Jetsons



O Brasil, recentemente, conquistou duas medalhas de ouro em uma modalidade muito pouco conhecida para a maior parte da população. Não. Não foi durante o PAN ou o Parapan. Nem em esportes poucos divulgados por aí, como cricket ou bocha. As medalhas vieram das vitórias nas categorias Lightweight (peso leve) e Middleweight (peso médio), no combate de robôs da Olimpíada Internacional de Robótica - a maior competição mundial do gênero, realizada em São Francisco (EUA).

O brasileiro Touro, compacto e altamente resistente, foi capaz de suportar os enormes impactos de seus adversários e lançá-los a mais de um metro de altura. Com um tambor que gira em altíssima velocidade que causa dano duplo nos adversários; o impacto da pancada e a queda decorrente dela.

E a responsabilidade desta vitória foi da Riobotz, equipe de alunos ligados ao laboratório de robótica da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC - Rio) e coordenados pelo professor Marco Antonio Meggiolaro, que em entrevista nos deu a perspectiva de como essa equipe vem desenvolvendo projetos de robôs desde 2003 e colecionando grandes conquistas ao longo destes anos "A criação dos robôs é importante porque além de ser um profundo estudo de engenharia, é a primeira experiência prática do aluno. Boa parte dos alunos participam do laboratório mesmo sem valer créditos. É um grande estímulo poder estar próximo do que há de mais avançado em tecnologia".

Porém, por mais estranho, barulhento e brutal que possa parecer - a arena onde os combates ocorrem é fechada com vidro à prova de balas pra resistir aos impactos que chegam facilmente a algumas toneladas - a pesquisa e dedicação dos alunos produzem resultados muito mais importantes que um monte de fumaça e estruturas metálicas retorcidas.

Os estudos desenvolvidos para a construção destas máquinas demandam conhecimentos relacionados não só à engenharia robótica, mas a diversas modalidades, com a eletrôncia, a elétrica, a mecânica, além da física e da computação. A "brincadeira" é, na verdade, a concretização do que se testa em laboratório, onde se põe em prática tecnologias como manipuladores robóticos de alta performance: manipuladores elétricos, pneumáticos e hidráulicos; robôs móveis autônomos; controle de tração, estabilidade, auto-localização, mapeamento e planejamento; desenvolvimento de músculos artificiais, etc.

Tanto potencial acabou extrapolando os limites da universidade e das arenas de combate. A equipe hoje está desenvolvendo robôs para realizar inspeções nas instalações da Eletronuclear, em Angra dos Reis, "Estamos projetando dois robôs - Um para inspecionar o interior dos tubos de coleta de água para o resfriamento da usina e outro para inspecionar a tampa do vão do reator. E para isso são usados os mesmos materiais e tecnologia aplicados aos robôs de combate. Ou seja, tecnologias utilizadas na Nasa e materiais de tanques de guerra", nos conta o professor Marco Antônio.

Próximos eventos: RoboGames (12 à 15 de junho) e RoboCore - Winter Challenge 4 (26 e 27 de Julho)

Este é o Brasil que muita gente não vê!

Este texto faz parte do projeto Blogueiro Repórter, idealizado por Edney Souza, contribuindo na categoria Internet/Tecnologia.

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